O ÁBACO COMO INSTRUMENTO EM FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA

  • Autor
  • Zleinda Schultz Kuster
  • Co-autores
  • Sandra Aparecida Fraga da Silva , DIilza Côco
  • Resumo
  •  

    O ÁBACO COMO INSTRUMENTO EM FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA

     

    Zleinda Schultz Kuster[1]

    Instituto Federal do Espírito Santo

    Zleindask@gmail.com

     

    Sandra Aparecida Fraga da Silva

    Instituto Federal do Espírito Santo

    sandrafraga7@gmail.com

     

    Dilza Côco

    Instituto Federal do Espírito Santo

    dilzacoco@gmail.com

     

     

    Introdução

                O presente trabalho visa analisar dados de uma pesquisa de mestrado que teve como campo de investigação a ação de formação continuada com 14 professoras que ensinam Matemática no ciclo de alfabetização, 1° ao 3° ano do Ensino Fundamental, em escolas públicas nos municípios de Vila Velha, Vitória e Serra, no estado do Espírito Santo. A formação se deu na perspectiva  da Teoria Histórico-Cultural, da Teoria da Atividade e da Atividade Orientadora de Ensino em uma formação continuada sobre conhecimentos referentes as operações básicas de adição e subtração e suas relações com a atividade pedagógica. A ação de formação foi iniciada de forma presencial no Laboratório de Ensino de Matemática (Lem) do Ifes campus Vitória, porém com a Pandemia da Covid 19, se fez necessário readequá-la na modalidade virtual por meio de Webconferências. A finalidade é contribuir com a formação continuada de professores que atuam nessa área de ensino, uma formação de professores que é compartilhada (MOURA, 2005), e deve ocorrer desde a formação inicial, buscando alternativas pedagógicas para contribuir com o processo de ensino e aprendizagem.

     

    1. Fundamentação teórica

                Buscamos teóricos que abordem práticas pedagógicas de matemática em diferentes níveis de ensino o que amplia a apropriação de conceitos matemáticos e favorece diferentes aprendizagens da docência, a partir de pressupostos da Teoria Histórico-Cultural (THC), Teoria da Atividade (TA) e Atividade Orientadora de Ensino (AOE). Privilegia diálogos com os pressupostos desenvolvidos por Vigostski (2007), Leontiev (1983) e Moura (2000). Os professores vivem num contínuo movimento, pois estão e continuam no processo de formação, pois enquanto ensinam estão também aprendendo. De acordo com Moura (2000), “[...] O professor deve ser visto e se ver como aquele que aprende continuamente”. Para o estudo de números e operações usamos Dias e Moretti (2012). Para a identificação do movimento lógico-histórico do sistema de numeração utilizamos Moura, Lima, Moura e Moisés (2016) e para as abordagens realizadas por Davidov utilizamos a dissertação de Silveira (2015). Com base nessas fontes compreendemos que a contagem foi o princípio das operações numéricas.

     

    2. Resultados alcançados

    De acordo com a pesquisa realizada por meio do curso intitulado, “Estudo dos conceitos de adição e subtração para os anos iniciais na perspectiva histórico-cultural”, evidenciamos consistente relação com as demandas educacionais e de formação de professores do estado do Espírito Santo. Iniciamos o curso com tarefas disparadoras, com o objetivo de verificar o que as professoras sabiam sobre as diferentes bases e o uso do ábaco, quais conhecimentos prévios elas traziam. Ficou evidente através das falas individuais, questionamentos e discussões coletivas, o que traziam sobre o sistema de bases. Percebemos nessa discussão que havia dificuldades nesses conceitos e que deveríamos ampliar as discussões no grupo sobre o estudo da base e as operações. Vimos a necessidade da reelaboração do planejamento inicial e possíveis desdobramentos para apropriação desse conhecimento, por meio de mediação, durante a ação formativa. As professoras precisaram pensar em outras bases, tirar um pouco o foco da base 10, assim, foram desafiadas a construírem seus ábacos com recursos diferentes, que tinham à disposição em casa. Cada uma à sua maneira conseguiu produzir um instrumento que ajudou a fazer esse tipo de organização do pensamento durante o momento do encontro. Ao serem questionadas sobre o uso do ábaco no local do trabalho com os alunos, verificamos em suas falas que  algumas fazem o uso apenas para representar números e demonstrar o valor posicional dos mesmos. Outras disseram que nunca usaram e a maioria por se sentirem inseguras para o manuseio do ábaco, por não conhecerem como utilizar esse recurso durante as aulas de Matemática. Em alguns casos, a escola não disponibiliza esse tipo de material aos professores e alunos.

    Para uma discussão mais ampla e conforme a necessidade das cursistas propusemos o uso de materiais como copinhos, feijões, argolas e o ábaco sem identificação das ordens. Fizemos a demonstração e as professoras cursistas foram desafiadas a nos acompanharem de forma virtual, fazendo questionamentos, tirando possíveis dúvidas e fazendo suas tentativas com a represeentação em seus ábacos que haviam confecionado anteriormente.

     

     

    Conclusões

    De acordo com o estudo realizado foi possível entender que é preciso cada vez mais formações continuadas para professores sobre conceitos matemáticos e o uso das ferramentas, como importante material didático. Assim, passarão a utilizar com apropriação e segurança ao ensinar as operações, fazer representações numéricas e demais cálculos necessários na vida acadêmica e social do indivíduo. A avaliação realizada no final do curso, por meio de questionário, evidenciou a satisfação das participantes em relação ao desenvolvimento e da oportunidade em viver experiências que proporcionaram um olhar mais atento e observador no fazer pedagógico.

    Destacamos que o curso possibilitou a apropriação de conhecimentos e conceitos sobre o ensino da matemática na perspectiva da Teoria Histórico-Cultural. Concluímos que a participação das professoras neste movimento formativo desperta um novo processo de estudos e aprendizagens da docência, que podem ser evidenciados em seus relatos, no qual mencionam o desejo de  mudanças em suas práticas de ensino. As tarefas realizadas nos encontros estimularam a discussão e participação, ampliando as possibilidades de aprendizagem com o outro de forma coletiva. Por meio do questionário final, dos relatos de experiência e das narrativas dos encontros, percebemos que o curso foi promissor atendendo os objetivos iniciais. A oferta de mais cursos dessa natureza por parte do Ifes se faz necessário para que estes sujeitos estejam em contato com a instituição e usufruindo dos resultados das pesquisas da Pós-Graduação do Ifes (Educimat). Ainda como fruto dessa pesquisa será produzido um livro que comporá uma coletânea sobre o ensino da matemática nos anos iniciais, voltado para a formação docente, contendo a proposta realizada no curso de extensão. A coletânea terá como objetivo, auxiliar futuras ações de formação continuada de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental sobre o ensino de matemática, na perspectiva histórico-cultural. Há também expectativa de elaborarmos artigos científicos a serem publicados em eventos futuros.

     

    Principais referências bibliográficas

               

    Dias, M. S., & Moretti, V. D. (2012). Números e operações: elementos lógicos para atividade de ensino. 1 ed. Curitiba: InterSaberes.

    Lanner de Moura, A. R., Lima, L. C., Moura, M. O., & Moisés, R. P. (2016). Educar com a matemática: fundamentos. 1 ed. São Paulo: Cortez.

    Moura, M. O. O educador matemático na coletividade de formação: uma experiência com a escola pública. 2000. Tese (Livre Docência) – Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo. São Paulo. SP. 2000.

    Silveira, G. M. (2015). Unidade entre lógico e histórico no movimento conceitual do sistema de numeração proposta por Davýdov e colaboradores para o ensino das operações da adição e subtração. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão.

    VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

     

    [1] Instituto Federal do Espírito Santo - IFES; Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática; Mestrado Profissional em Educação em Ciências e Matemática; zleindask@gmail.com; Orientadora: Sandra Aparecida Fraga da Silva. Coorientadora: Dilza Côco.

     

     

  • Palavras-chave
  • FORMAÇÃO CONTINUADA, MATEMÁTICA, ANOS INICIAIS, ÁBACO, TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Educação Matemática
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