A formação continuada dos professores que ensinam matemática e a educação inclusiva: intercessões possíveis

  • Autor
  • Maria Clara Sales de Carvalho
  • Co-autores
  • Elda Alvarenga
  • Resumo
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    A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: INTERCESSÕES POSSÍVEIS

     

    Maria Clara Sales de Carvalho

    Instituto Federal do Espírito Santo

    salesdecarvalhom@gmail.com

     

    Elda Alvarenga

    Professora do Instituto Federal do Espírito Santo/Campus Cachoeiro de Itamemirim, coordenação colegiada do Núcleo Interinstitucional de Pesquisa em Gènero e Sexualidade e membro do Núcleo Capixaba de Pesquisa em História da Educação (Nucaphe/PPGE/Ufes.

    elda.alvarenga@ifes.edu.br

     

    Introdução

    O presente trabalho teve como motivação a viência de sua autora principal no estágio não obrigatório realizado no ensino fundamental em escolas públicas e privadas, nos anos de 2018 a 2020. Na ocasião atuei como cuidadora estágiaria e como estágiaria da área de matemática. Além disso, a atuação como monitora de um aluno com deficiência auditiva[1], no curso de Sistemas de Informação do Ifes – Campus Cachoeiro de Itapemirim – despertou o interesse acerca da relação entre os professores e os alunos com necessidades especiais. Essa experiência me possibilitou perceber o quanto é importante ter um conhecimento prévio em relação a essa temática e como os futuros professores e os docentes já atuantes na educação básica carecem de formação para lidar com os alunos com deficiencia.

    A partir dessas perspectivas sobre a formação do futuro docente e o contexto da educação inclusiva, percebemos que nem sempre a formação inicial do professor, em específico, o de matemática, é suficiente para a atuação com alunos com determinadas deficiências. A partir dessas indagações, propomos o seguinte problema de pesquisa: como se dá a formação continuada dos professores de matemática dos anos finais do Ensino Fundamental de Cachoeiro de Itapemirim, em relação à educação inclusiva? A metodologia utilizada na pesquisa caracteriza-se como qualitativa, exploratória do tipo estudo de caso. A respeito da coleta de dados, foi utilizado um questionário online com seis professores (quatro da rede estadual e dois da rede municipal de de ensino Cachoeiro de Itapemirim).

    1. Fundamentação teórica

     Muitos pesquisadores (NÓVOA, 1999; FIORENTINI; NACARATO, 2005) estudam os processos formatativos de professores e defendem que estes contribuam para o desenvolvimento docente de forma que aperfeiçoem/desenvolvam competências e habilidades capazes de exercer as atividades docentes. Além da formação inicial nos cursos de graduação, é necessário que se pense em processos de formação continuada. Esse tipo de formação vem se tornando uma importante alternativa para melhorar o processo de ensino e aprendizagem de Matemática nas escolas. Fiorentini (2005) defende um processo de formação que valorize o saber dos professores e que promova a reflexão sobre o ensino e a aprendizagem de matemática e que habilite o docente a ser pesquisador de sua própria prática e busque novas e diferentes formas de conhecimento.

    A respeito da formação de professores em relação a Educação Especial, a Resolução do CNE/CEB nº 02/2001, institui as diretrizes curriculares nacionais para a educação especial na educação básica e enfatiza a necessidade da formação tanto dos professores do ensino regular como dos que atuam na educação especializada. Nesse aspecto, a formação dos professores, em especial os de matemática, com conteúdos relacionados à educação inclusiva, potencializa os processos ensino aprendizagem. Em relação às  necessidades e especificidades dos alunos com deficiência, o professor precisa buscar meios para mediar e auxiliar no acesso ao conhecimento, contribuindo para a potencialização das suas habilidades e não na sua deficiência.

     

    2. Resultados alcançados

    A partir da análise dos dados coletados, observa-se, quanto ao tempo que atuam como professores de matemática nos anos finais do Ensino Fundamental. Todos atuam a mais de 5 anos como docentes, é possível, portanto, perceber que todos os professores possuem um tempo considerável de experiência na área da educação e principalmente atuando em sala de aula.

    Em relação a formação desses docentes, 66,66% possuem Pós-Graduação em matemática como maior formação acadêmica e 33,33% com Pós-Graduação em educação inclusiva.. Sobre o processo de sua formação inicial foi perguntado se havia conteúdos relacionados à inclusão de alunos com necessidades especiais. Foi observado que 66,64% não possuíram instrução alguma a respeito da inclusão de alunos com necessidades especiais. Levando em consideração as questões levantadas anteriormente, questiona-se a respeito da participação dos professores em alguma formação continuada depois da graduação. Todos os participantes disseram que já participaram de uma formação continuada.

    Observando as respostas dos docentes, a respeito da contribuição dessas formações para sua prática pedagógica em relação aos alunos com NEE, 66,64% disseram que obtiveram uma formação que contribuísse para a atuação com os alunos especiais, já 33,36% dizem que não obtiveram essa formação adequada, por não terem essa abordagem nas formações ou nunca fizeram uma formação que relacionasse esse tema.

    Também questionamos aos professores se já trabalharam ou trabalham com alunos que apresentam Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Vimos que, 83,3% dos entrevistados disseram que já trabalharam com alunos especiais e apenas 16,7% disse que não trabalharam. E em sequência, 66,64% diz ter dificuldade de trabalhar com esses alunos sendo um dos motivos a falta de uma formação adequada.  

     

    Conclusões

    Nessa perspectiva, foi observado que o processo de inclusão dos alunos com NEE nas escolas desses professores entrevistados está longe do que deveria ser, uma vez que nenhum dos entrevistados diz ser um dos protagonistas desse processo de ensino e aprendizado dos alunos que apresentam NEE. Ao longo da pesquisa, observamos dificuldades, inseguranças e alguns receios daqueles que já estão recebendo (ou já receberam) alunos com alguma necessidade educacional especial. Além do fundamental papel dos docentes no ensino e aprendizagem desses alunos, cabe aos órgãos responsáveis garantir uma aprendizagem significativa a esses alunos, uma maneira que mostramos nesse trabalho é a formação continuada dos docentes e a maneira de como é essa formação, uma vez que, com uma melhor qualificação e maior conhecimento, essa inclusão poderá se tornar mais significativa, assim como o ensino-aprendizagem.

     

    Principais referências bibliográficas

    FIORENTINI, Dario; NACARATO, Adair Mendes (Orgs.). Cultura, formação e desenvolvimento profissional de professores que ensinam matemática: investigando e teorizando a partir da prática. São Paulo: Musa Editora: GEPFPM-PRAPEM-FE/UNICAMP, 2005.

     

    BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 9, 8 de maio de 2001 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. (2001a). Brasília: Diário Oficial da União, 18 jan. 2002, Seção 1, p. 31. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf. Acesso em: 12 nov. 2020.

    [1] O aluno identifica como deficiente auditivo uma vez que não faz o uso de Libras e não necessita de intérprete.

     

     

     

     

  • Palavras-chave
  • Formação de professores, Educação inclusiva. Matemática.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Educação Matemática
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João Lucas De Oliveira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
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Marcela Aguiar Barbosa - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
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