MOVIMENTOS DE PROFESSORES EM UM CURSO DE EXTENSÃO AO RESOLVEREM PROBLEMA SOBRE IDEIA DE FRAÇÃO COMO RAZÃO
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Instituição 1
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Introdução
Este trabalho resulta de um mestrado profissional na linha de formação de professores. Investigamos o movimento formativo de professores dos anos iniciais, na perspectiva Histórico-cultural, sobre diferentes significados de frações e suas relações com o ensino em formação docente. (BRASIL, 1997), aponta que em se tratando do ensino da representação fracionária dos números racionais, as frações são exploradas como metades, terços, quartos por meio de exposição oral e sem representação icônica. Lopes (2008) diz que o ensino de frações solicita dos professores um cuidado específico, porque as frações abrangem diferentes ideias e não possuem definições predefinidas, podendo possuir mais de um significado em um mesmo problema de ensino.
A metodologia se constituiu a partir de aproximações com o materialismo histórico-dialético que segundo Moretti, Martins e Souza (2017) se concentra na análise do contraditório em seu movimento. Na dialética o homem, por meio do trabalho, transforma a realidade e a si mesmo e, esse trabalho é que se faz mediação entre ele e o mundo. O trabalho do professor é o ensino, portanto, a atividade de ensino é uma ação formadora (MOURA, 1996b). Este texto tem a intenção de apresentar resoluções trazidas por professores cursistas quando, no coletivo, buscaram e trouxeram soluções de problemas de ensino envolvendo a ideia de fração como razão. A busca dos dados foi planejada por meio de formação docente em forma de curso de extensão com participação de 23 professoras e 01 professor dos Anos Iniciais de escolas públicas, integrados por meio de edital amplamente divulgado pelo site da Instituição x.
1. Fundamentação teórica
Discutimos no processo formativo conceitos e práticas pedagógicas sobre frações a partir de perspectivas da teoria Histórico-Cultural (VIGOTSKI, 2009), da teoria da atividade (LEONTIV,1978) e, Atividade orientadora de ensino - AOE (Moura, 1996 ,2002) que nos ajuda a compreender ainda melhor a organização do trabalho do professor na organização do ensino.
Vigotski defende que a linguagem é um meio que pode exercer influência sobre outro homem, influência externa, uma influência social e, por meio da linguagem nos desenvolvemos, nos humanizamos e, considerando a interação, ao nos apropriarmos daquilo que o outro tenta nos mostrar, estamos em desenvolvimento social. Leontiev (1978. p. 281) aponta “... é o momento com efeito em que a evolução do homem se liberta totalmente da sua dependência inicial para com as mudanças biológicas inevitavelmente lentas, que se transmitem por hereditariedade. Apenas as leis sócio-históricas regerão doravante a evolução do homem”. Então é o convívio com outros homens, a interação e apropriação dos bens culturais, que permitirão que haja o desenvolvimento do psiquismo humano. Ou seja, não depende da vontade do homem, é o meio onde está inserido que exerce influência sobre ele. Para Leontiev (1983) de modo geral,
O processo de humanização ocorre por meio de atividades principais, marcadas a partir do lugar que o homem ocupa nos sistemas das relações sociais. Ele discrimina o brincar, o estudo e o trabalho como sendo essas atividades pelas quais o homem, em seu desenvolvimento ontogênico se apropria das objetivações próprias do gênero humano (LEONTIEV,1983 p. 25).
Entendemos que a perspectiva histórico-cultural indica direções para a formação de professores quando pensamos na ideia do ser que se forma por meio do trabalho. O trabalho citado é o defendido por Marx e Engels (1998) que trata de como os indivíduos se humanizam pois, segundo eles “ao transformar a natureza, o homem se transforma”. Ações coletivas são necessárias para resolução de problemas, o homem não transforma a si próprio com ações individuais. O coletivo se faz a partir da convergência de necessidade. Moura (2001, p. 82) afirma que “a coletividade só se forma a partir de uma necessidade entendida e assumida como necessidade comum que, assim sendo, cria o motivo da união de esforços para solucionar ou satisfazer a essa necessidade”. Percebemos aqui a importância do papel do coletivo na constituição dos sujeitos, na formação do professor que tem a atividade de ensinar como o seu trabalho. Leontiev (2001, p. 68) “designa por atividade os processos psicologicamente caracterizados por aquilo a que o processo, como um todo, se dirige (seu objeto), coincidindo sempre com o objetivo que estimula o sujeito a executar esta atividade, isto é o motivo”.
2. Resultados alcançados
O curso de extensão foi realizado em 7 encontros presenciais intercalados com fóruns de discussão no Ambiente Virtual de aprendizagem-AVA _ plataforma moodle. No 5º encontro foram desenvolvidos problemas com intenção de identificar e, explorar o significado de frações como Razão. Além de algumas saídas encontradas como solução trazemos também algumas avaliações que fez eco entre os demais cursistas. Foi um conteúdo que encontraram mais dificuldades e que, segundo eles precisariam de mais tempo para melhor compreensão. A seguir trouxemos o problema e duas soluções: o primeiro item não observamos dificuldades na resolução. Mas Para solucionar o item a todos os professores encontraram 3 como sendo a razão procurada. Na letra b, a maioria apresentou dificuldade em compreender e resolver essa ideia de fração conforme apresentado na figura seguinte e relatado na maioria das avaliações desse encontro.
Fig 1: Registros de soluções do problema proposto sobre a ideia de fração como razão
a) Uma fotografia 3 x 4 foi ampliada para 9 x 12. Qual foi a razão de ampliação?
b) Para fazer um pôster 9 x 12, foi preciso ampliá-la por uma razão 7/9.
Quais as dimensões da nova foto no pôster? Explique com suas palavras como pensou para resolver o problema.
Fonte: dados da pesquisa
Quadro 1: Avaliação de alguns cursistas sobre a ideia de fração como razão
__ “Senti muitas dificuldades no encontro de hoje.”
__ “O encontro foi muito gratificante, porém, hoje foi muito complicado e puxado (muitas atividades para pouco tempo)”.
__ “Hoje, pela primeira vez não consegui realizar todas as atividades propostas, não entendi o que estava sendo pedido. Conceito muito complexo”
__ “Hoje, foi confuso demais, estou saindo com a sensação que não entendi direito. Gostaria muito que houvesse mais tempo para continuar a tirar dúvidas”
Fonte: Dados da pesquisa
Conclusões
Percebemos que nesse movimento formativo e especialmente nesse encontro que discutiu essa ideia de frações alguns professores evidenciaram dúvidas conforme exposto na avaliação mas , que após o curso passaram a notar a existência de diferenças quanto às ideias que possuíam sobre frações em comparação com as que foram trabalhadas na formação. Concluímos que nesse movimento formativo para aqueles sujeitos, ocorreram mudanças de qualidade em modos de pensar e agir, desencadeando novas relações com o ensino desse conceito e que mesmo contribuindo para outras relações do ensino de frações, ele demanda mais formações continuada.
Principais referências bibliográficas
LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Editora Moraes Ltda, 1978.
MORETTI, Vanessa Dias. CEDRO, Wellington Lima (Orgs.). Educação Matemática e a teoria histórico-cultural: Um olhar sobre as pesquisas. Campinas, SP, 2017.
MOURA, M. O. de [et al]. A atividade Pedagógica na teoria histórico cultural. Brasília, DF: Autores associados, 2016.
VIGOTSKI, L.S. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução de Paulo Bezerra. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
Comissão Organizadora
Sociedade Brasileira de Educação Matemática - ES
Instituto Federal do Espírito Santo - campus Cacho
Comissão Científica
Alcelio Monteiro - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Alex Jordane de Oliveira - Ifes campus Vitória
André Nunes Dezan - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Andréia Weiss - UFES campus de Alegre
Anny Resende Negreiros - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Aparecida Ferreira Lopes - PMVV/PMV
Elcio Pasolini Milli - SEDU – ES
Elda Alvarenga - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Elemilson Barbosa Caçandre - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Ellen Kênia Fraga Coelho - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Fulvia Ventura Leandro Amorim - Pólo UAB – Cachoeiro de Itapemirim
João Lucas De Oliveira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Jorge Henrique Gualandi - IFES – campus Cachoeiro de Itapemirim (Presidente da comissão)
Júlia Schaetzle Wrobel - UFES – campus Vitória
Marcela Aguiar Barbosa - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Maria Laucinéia Carari - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Organdi Mongin Rovetta - SEDU-ES
Ronei Sandro Vieira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Rubia Carla Pereira - Ifes campus Viana
Simoni Cristina Arcanjo - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Thiarla Xavier Dal-Cin Zanon - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Wanielle Silva Volpato - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Weverthon Lobo de Oliveira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim