ENSINO DA GEOMETRIA: A INFLUÊNCIA HISTÓRICA SOBRE A DEFASAGEM DA GEOMETRIA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Introdução
O ensino da geometria enquanto conteúdo curricular na disciplina de matemática, pode promover uma associação dos conhecimentos ministrados e aprendidos em sala de aula com o mundo físico, partindo da premissa de que a vivência em sociedade se articula a todo instante com os conceitos de área, volume, comprimento, simetria, paralelismo, semelhança, formas geométricas e entre outros.
Ainda que o ensino da geometria esteja nos currículos e nos livros didáticos, autores como Pavanello (1993) e Lorenzato (1995) ressaltam que é visível o abandono no ensino do mesmo, mencionando assim alguns fatores que contribuíram para defasagem do ensino da geometria. Pavanello (1993) associa essa essa problemática ao contexto histórico-político agravada após aprovação da Lei 5692/71(BRASIL,1971), já Lorenzato (1995) dialoga que há duas justificativas para omissão do ensino da geometria, a má formação de professores e a falta de conhecimento referente a práticas pedagógicas no ensino da geometria na educação básica.
A presente pesquisa é de cunho bibliográfico com a metodologia de estudo caracteriza-se por qualitativa, uma vez que, o objetivo do estudo é analisar a defasagem do ensino da geometria e o contexto histórico na educação matemática.
1. Fundamentação teórica
Ao fim do século XX, houve grande movimentação em prol da reforma do currículo da Educação Básica. No que tange a Educação Matemática, alguns educadores defendem que a escola deveria apresentar a matemática moderna, a qual possibilitaria a integração entre os conhecimentos matemáticos. Conforme Chaves (2013), durante o movimento foi levantado o questionamento de uma drástica redução no que deveria ensinar de geometria, ou até mesmo a abolição do mesmo na educação básica.
Os estudos de Pavanello (1993) e Chaves (2013) trazem um panorama do que estava em ênfase nas discussões que ocorriam em torno da reforma do ensino da Matemática na Educação Básica. Os autores apontam que em 1971 foi sancionada a Lei 5.692, a qual ocasionou uma mudança na estrutura da educação básica do Brasil, proporcionando que cada região, estado, instituição se organizem perante as prerrogativas da lei, estabelecendo a flexibilização do currículo e a autonomia de escolha do educador no que tange aos conteúdos ministrado a qual preconiza a não-obrigatoriedade do ensino da geometria, permitindo que professores de matemática decidissem sobre o desenvolvimento de atividades.
Após a acessão da lei, a geometria que já não era tão valorizada no contexto educacional foi deixada de lado, tanto na educação básica como nos cursos de formação de professores. O pesquisador Lorenzato (1995) ressalta que uma das causas da desvalorização da geometria, comparada com outros conteúdos, se dá devido à ineficiência dos processos formativos dos professores que ministram os conhecimentos matemáticos, pois “[...] para esses professores, o dilema é tentar ensinar Geometria sem conhecê-la ou então não ensiná-la (1995, p.3).”
No bojo dessa discussão, orientando aos professores sobre o ensino da geometria, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (1998) enfatizam que:
Os conceitos geométricos constituem parte importante do currículo de Matemática no ensino fundamental, porque, por meio deles, o aluno desenvolve um tipo especial de pensamento que lhe permite compreender, descrever e representar, de forma organizada, o mundo em que vive.(BRASIL,1998, p.51).
Conforme é trazido pelo PCN, a geometria é fundamental para o processo de ensino, o que a coloca como conteúdo de grande relevância na educação básica. Porém, ao longo dos anos, tal conteúdo foi deixado de lado pelos professores que ensinam matemática.
2. Resultados alcançados
Ao longo da trajetória da educação matemática no Brasil, é visto o alcance na influência de um contexto histórico, no desenvolvimento do ensino da geometria, uma vez que a reforma no currículo e o movimento da matemática moderna, possibilitaram a desvalorização do conteúdo em sala de aula. Gerando assim, uma repercussão histórica sendo levada da educação básica até a formação de professores (CHAVES, 2013).
A má formação de professores pode comprometer o papel da geometria ao longo das gerações, pois conforme Marschall e Fioreze (2015), a matemática possibilita o professor a trabalhar situações-problemas as quais estão interligadas a geometria ao cotidiano contribuindo para uma perspectiva de ensino significativo. Na mesma linha de raciocínio Rabaiolli (2013) afirma que o educador é fundamental no processo de ensino, sendo este o mediador do pensamento geométrico, partindo do concreto para o simbólico “[...] tornado evidente que o ensino da geometria deve fazer parte do planejamento didático do professor” (RABAIOLLI, 2013, p.25).
Mesmo com a evolução do planejamento e os recursos didáticos da estrutura educacional ao longo dos anos, educadores ainda optam por deixar o ensino da geometria de lado, sendo este realocado para o fim do ano letivo, partindo do pressuposto de que o tempo dedicado ao ensino da matemática em sala de aula não seria o suficiente para prestigiar os conhecimentos geométricos (MARSCHALL; FIOREZE,2015).
Conclusões
Ao andamento da pesquisa, é observado como os pensamentos geométricos vem sofrendo uma desvalorização no que se tange a educação matemática, uma vez que, essa problemática apresenta raízes histórico-político apresentadas nos movimentos da educação brasileira na década de 70, dessa forma o ensino da geometria, vem sendo deixado de lado, pois o contexto histórico vem afetando o ensino na educação básica, e na formação de professores, bem como nas formações complementares de práticas pedagógicas para o ensino da geometria.
Principais referências bibliográficas
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 5692/71. Brasília, 1971.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais - Matemática. Brasília, 1998.
CHAVES, Juliana de Oliveira. Geometria espacial no ensino fundamental: uma reflexão sobre as propostas metodológicas. 2013. 78 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Programa de Pós-Graduação em Matemática, Departamento de Matemática, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2013.
LORENZATO, S. Porque não ensinar Geometria? Educação Matemática em Revista. v. 3, n. 4, p. 3-13, 1995.
MARSCHALL, J.; FIOREZE, L. A. Geogebra no ensino das transformações geométricas: uma investigação baseada na teoria da negociação de significados. Porto Alegre: UFRGS, 2015
PAVANELLO, R. M. O abandono do ensino da Geometria no Brasil: causas e consequências. Zetetiké. v. 1, n. 1, p. 7-17, 1993.
RABAIOLLI, Leonice. Geometria nos anos iniciais: uma proposta de formação de professores em cenários para investigação. 2013. 134 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Exatas, Centro Universitário Univates, Lajeado, 2013.
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