EXPLORANDO A COMBINATÓRIA NA INFÂNCIA
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Frequentemente os pequenos deparam com a matemática presente no dia a dia, quando contam, ordenam, quantificam, comparam, entre outros, o que incita a curiosidade deles. Por esse motivo, a Base Nacional Comum Curricular [BNCC] (BRASIL, 2017) reconhece a criança como um ser que observa, questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos, assimila valores, constrói conhecimentos e se apropria daqueles já sistematizados por meio da ação e da interação dela com o mundo físico e social.
Assim, as aprendizagens não se devem restringir a um processo de desenvolvimento natural ou espontâneo, mas “[...] impõe[m] a necessidade de imprimir intencionalidade educativa às práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche quanto na pré-escola” (BRASIL, 2017, p. 38), para que o conhecimento seja construído para além da espontaneidade. Desse modo, a instituição escolar precisa criar oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos (BRASIL, 2017).
Nesse cenário, apresenta-se aqui, uma proposta de intervenção pedagógica na qual descreve-se uma sequência didática que pode auxiliar professores no trabalho com o desenvolvimento do raciocínio combinatório na infância. Focaliza-se na brincadeira de roda Adoletá, pois ela permite que conhecimentos matemáticos sejam trabalhados desde o início do processo educativo formal.
Cada criança possui um ritmo e uma maneira de se relacionar e interagir conforme presencia situações que exigem novas respostas e experimenta sensações diante de aspectos novos que estabelecem necessidades e desejos. A criança procura conferir significado às suas vivências e amplia gradativamente suas curiosidades e inquietações à medida que conhece o mundo material e vivencia situações de aprendizagem por meio de explicações e significados aos quais ela tem acesso. Silva (2019) relata que as crianças usam do raciocínio combinatório para solucionar problemas cotidianos, como por exemplo, organizar as brincadeiras de roda utilizando combinações, estratégia de contagem de saída, entre outras. Desse modo, o brincar proporciona oportunidade de reproduzir o que é conhecido e idealizar algo novo à medida que os cenários necessários à fantasia se aproximam ou se distanciam da realidade (BRASIL, 2013).
As brincadeiras infantis estão repletas de possibilidades de aprendizagem e, quando se trata de brincadeiras de roda, Biggs (1979) afirma que o método usado para definir a criança que deverá sair da roda é o mesmo apresentado em “Josephus Problem” e é nomeado pelo autor como “mergulho”, “contagem de saída” ou “contagem para fora”. Dessa forma, entendemos que a cantiga de roda Adoletá proporciona um processo semelhante de contagem de saída e buscamos viabilizar momentos que possibilitem observação, investigação e levantamento de hipóteses pelas crianças por meio da combinatória, ao realizarem a contagem de saída e criarem estratégias para vencer a brincadeira.
Se tratando da capacidade que crianças de 5 anos tem para resolver problemas combinatórios, Matias, Santos e Pessoa (2011), esclarecem que apesar da dificuldade em esgotar as possibilidades, as crianças da educação infantil possuem um raciocínio combinatório que pode ser melhor desenvolvido, dependendo do estímulo recebido. Silva e Santos-Wagner (2018) ao defenderem a necessidade de explorar a combinatória com crianças pequenas, esclarecem que cabe ao professor deixar as crianças curiosas e com vontade de aprender, utilizando de questionamentos e diálogos que os façam pensar em alguma brincadeira. Dessa forma, como Pessoa e Borba (2009), acreditamos que para que haja aproveitamento, é importante que o professor conheça os diferentes tipos de problemas combinatórios e os saberes já possuídos por seus alunos, bem como os erros que eles podem cometer.
Para que todos aprendam e progridam em suas aprendizagens, leva-se em conta, na sequência de aulas (ver Quadro 1) aqui apresentada, que elas ocorrem entre as crianças, de formas diferentes. Propõe-se que os conteúdos sejam abordados de forma não simplificada, da mesma forma que aparecem no dia a dia, e, embora isso implique um trabalho com temáticas um pouco mais complexas, por outro lado “[...] traz implícita a ideia de que a criança vai construir seu conhecimento matemático por meio de sucessivas reorganizações ao longo da sua vida” (BRASIL, 1998, p. 217).
Quadro 1 – A sequência didática
Atividades | Descrições | Cargas horárias[1] |
Rotina | Tempo dedicado à rotina da turma. | 20 min |
Etapa 1 | Apresentação da cantiga Adoletá aos alunos. | 15 min |
Etapa 2 | Ensinando a brincar de Adoletá. | 45 min |
Etapa 3 | Momento para as crianças brincarem sozinhas. | 30 min |
Etapa 4 | Contando os intervalos da cantiga. | 30 min |
Etapa 5 | Reflexões sobre a contagem de saída e ideias sobre como o professor poderá interpretar o raciocínio combinatório da criança. | 75 min |
Etapa 6 | Brincando de Adoletá sob a orientação do professor e utilizando alguma técnica de contagem. | 35 min |
Carga horária total | 250 min |
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2021.
Esta é apenas uma amostra de como o professor pode explorar o raciocínio combinatório na infância por meio da cantiga de roda como atividade específica (COAUTOR 2) de resolução de problemas.
Embora reconheçamos que o processo de desenvolvimento do raciocínio combinatório é longo e pode perpassar as ações propostas na sequência didática (ver Quadro 1) aqui proposta, entendemos que, quanto antes ele começar, mais chances os alunos terão de criar os próprios métodos e, com o tempo, sistematizá-los. Quando se tem a oportunidade de se familiarizar com um conteúdo matemático ainda na educação infantil, maiores são as chances de compreendê-lo e saber aplicá-lo apropriadamente nos demais anos da educação básica.
Esperamos que este trabalho incentive professores da educação infantil a explorar os mais diversos conteúdos matemáticos e, em especial, a análise combinatória, pois muitas são as possibilidades de incentivar o pensamento combinatório na infância. Ademais, desejamos que outros pesquisadores sejam instigados a explorar o assunto e se dediquem à produção de material que auxilie os professores na fascinante jornada que é a educação infantil.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em: www.basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 21 jun. 2020.
MATIAS, Patricia Carvalho; SANTOS, Missilane Michelle de Sousa; PESSOA, Cristiane Azevêdo dos Santos. Crianças de educação infantil resolvendo problemas de arranjo. In: 13ª Conferência Interamericana de Educação Matemática – XIII CIAEM. Recife. Anais... [S.l.]: Comitê Interamericano de Educação Matemática, 2011. p. 1-12. Disponível em: https://xiii.ciaem-redumate.org/index.php/xiii_ciaem/xiii_ciaem/paper/viewFile/474/82. Acesso em: 24 de nov. 2020.
PESSOA, Cristiane; BORBA, Rute. Quem dança com quem: o desenvolvimento do raciocínio combinatório de crianças de 1ª a 4ª série. Zetetiké, Campinas, SP, v. 17, n. 31, p. 105-150, jan./jun. 2009. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/zetetike/article/view/8646726. Acesso em: 22 fev. 2021.
SILVA, José Carlos Thompson da. Um estudo de combinatória com alunos de 5º ano do ensino fundamental. 2019. 345 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória. Disponível em: https://repositorio.ufes.br/handle/10/11215. Acesso em: 22 fev. 2021.
COAUTOR 2.
[1] Tempo estimado.
Comissão Organizadora
Sociedade Brasileira de Educação Matemática - ES
Instituto Federal do Espírito Santo - campus Cacho
Comissão Científica
Alcelio Monteiro - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Alex Jordane de Oliveira - Ifes campus Vitória
André Nunes Dezan - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Andréia Weiss - UFES campus de Alegre
Anny Resende Negreiros - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Aparecida Ferreira Lopes - PMVV/PMV
Elcio Pasolini Milli - SEDU – ES
Elda Alvarenga - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Elemilson Barbosa Caçandre - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Ellen Kênia Fraga Coelho - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Fulvia Ventura Leandro Amorim - Pólo UAB – Cachoeiro de Itapemirim
João Lucas De Oliveira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Jorge Henrique Gualandi - IFES – campus Cachoeiro de Itapemirim (Presidente da comissão)
Júlia Schaetzle Wrobel - UFES – campus Vitória
Marcela Aguiar Barbosa - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Maria Laucinéia Carari - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Organdi Mongin Rovetta - SEDU-ES
Ronei Sandro Vieira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Rubia Carla Pereira - Ifes campus Viana
Simoni Cristina Arcanjo - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Thiarla Xavier Dal-Cin Zanon - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Wanielle Silva Volpato - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim
Weverthon Lobo de Oliveira - Ifes campus Cachoeiro de Itapemirim