A NEGAÇÃO NAS MESORREGIÕES DO INTERIOR BAIANO

  • Autor
  • Norma da Silva Lopes
  • Co-autores
  • Ravel Costa Pereira
  • Resumo
  • Esta comunicação apresenta resultados de uma pesquisa que alia a Sociolinguística à Dialetologia, discutindo a variação na expressão da negação em duas mesorregiões baianas, através da observação de dados de uma cidade das seguintes mesorregiões do Estado: Centro-sul baiano (Vitória da Conquista) e Sul Baiano (Ilhéus). Em seguida faz um paralelo entre os resultados encontrados nessas mesorregiões e as outras quatro do interior baiano (Extremo-Oeste Baiano, Vale São-Franciscano, Centro Norte Baiano, Nordeste Baiano), com o propósito de contribuir para mapear a variação desse fenômeno no interior da Bahia. No português, são três as formas de negação: negação pré-verbal, dupla negação e negação pós-verbal. A fim de propor um envelope de variação para a negação no português falado em São Paulo, Rocha (2012) busca delimitar a variação da negação paulistana, a partir do modelo de análise apresentado por Schwenter (2005). Rocha considera que as estruturas com negação dupla (pré e pós verbal) e com negação pós verbal não são possíveis de serem utilizadas quando a proposição negada traz informação nova no discurso, mas que a dupla é possível de ser utilizada se a proposição que está sendo negada foi inferida (ativada no discurso anterior de forma direta ou indireta). Já a estrutura pós verbal, por sua vez, poderia ocorrer apenas quando a proposição que está sendo negada já foi diretamente ativada no discurso, não poderia ocorrer com informação nova. Diante dos baixíssimos usos da negativa pós verbal (1%), o Rocha sugere que essa estrutura não é característica da variedade paulistana, mas da fala nordestina. Marroquim (2008[1945], 141) considera que “o povo [nordestino] não sente a negativa antes do verbo e a acentua repetindo o advérbio no final”.  Yacovenco e Nascimento (2016) relatam observações de que as variantes não padrão (a dupla e a pós verbal) são mais presentes no nordeste brasileiro. Os primeiros resultados indicam uma diferença interessante nos resultados da negativa dupla e da pós-verbal entre as mesorregiões Extremo-Norte e Nordeste (31% e 21,8, respectivamente) de um lado e as regiões Centro-sul e Sul Baiano (16,9% e 6,6%, respectivamente), de outro. Percebe-se que quanto mais próximo dos estados nordestinos, mais uso da negação dupla e da pós verbal; e quanto mais próximo da região sudeste, mais os resultados se distanciam dessas características atribuídas ao falar nordestino (ROCHA, 2012), MARROQUIM, 2008[1945] e YACOVENCO e NASCIMENTO, 2016).

  • Palavras-chave
  • Estratégias de Negação, Mesorregiões baianas, Sociolinguística e Dialectologia, Interior baiano.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Geossociolinguística
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SOCIOLINGUÍSTICA:
quebrando tabus e inovando na escola

 

O Encontro de Sociolinguística é um evento que se iniciou como local e circunscrito à UNEB, mas que gradativamente foi ampliando o seu escopo de participantes e colaboradores, até se transformar, em 2014, em um evento regional itinerante. O propósito inicial do Encontro de Sociolinguística é congregar pesquisadores da área que desenvolvem pesquisa na região da Bahia e Sergipe, uma área dialetal que é tradicionalmente vista como homogênea, mas que apresenta muitas peculiaridades, assim como as instituições nesta região, que são pequenas, com programas de pós-graduação ainda em consolidação e com poucos recursos. Nós diríamos, até, que esse encontro vem ecoando em outros estados da Federação, além da Bahia e Sergipe, como Minas Gerais, Acre, Espírito Santo etc.

 

Encontros regionais são importantes para a socialização de metodologias de pesquisa e seus resultados, em um cenário pouco propício e pouco explorado pelos grandes centros. A realização de encontros regionais se traduz na oportunidade de contato entre pesquisadores e o desenvolvimento de redes de pesquisa regionais, o desenvolvimento de métodos de pesquisa específicos para esta realidade e o treinamento de recursos humanos em contextos pouco atendidos pelos grandes eventos. É neste contexto que se insere o Encontro de Sociolinguística, que já tem nove edições realizadas.

 

Desta vez, a Universidade Federal de Ouro Preto se une aos colegas e amigos pesquisadores da UFBA, UNEB, UEFS, UFS e o IFBA e, em uma parceria acadêmica e profissional, responsável e madura, sob a presidência da Comissão Organizadora do Prof. Clézio Roberto Gonçalves, organizam um evento na área da Dialetologia e Sociolinguística.

 

Considerando-se que o tema diversidade e a forma complexa que este conceito tem se desenvolvido é fruto do contexto no qual ele se encontra inserido, de mudanças constantes e de uma valorização e percepção das grandes diferenças sejam sociais, políticas, culturais, sexuais, étnicas, linguísticas entre outras.

 

A definição de diversidade pode ser entendida como o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social. Este conceito está intimamente ligado aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes modos de percepção e abordagem, heterogeneidade e variedade.

 

Afinal, pensar a diversidade, a partir da Diversidade Linguística, é um processo importante para a construção da identidade, isto significa que ela tem um papel crucial na criação de valores e atitudes que permitam uma melhor convivência e respeito entre todos os setores para o pleno desenvolvimento da humanidade.

 

E esse evento ousa mais, ou seja, “quebrar tabus e inovar na escola”.

 

Apresentamos, aqui, nestes Anais do IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA, os resumos dos trabalhos apresentados no evento. Foi um evento frutuoso de pessoas, de encontros, de trocas, de aprendizados, de experiências e de reflexões.

 

Agradecemos por acreditarem e confiarem em nós!

 

Boas leituras...

Clézio Roberto Gonçalves (UFOP)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)

Comissão Organizadora

Valter de Carvalho Dias
Clézio Roberto Gonçalves
Gredson dos Santos
Josane Moreira de Oliveira
Marcela Moura Torres Paim
Norma da Silva Lopes
Silvana Soares Costa Ribeiro
Laura Camila Almeida
Cristina dos Santos Carvalho

 

Comissão Científica

Valter de Carvalho Dias
Clézio Roberto Gonçalves
Gredson dos Santos
Josane Moreira de Oliveira
Marcela Moura Torres Paim
Norma da Silva Lopes
Laura Camila Almeida
Cristina dos Santos Carvalho

I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)

 

II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)

 

VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)

 

VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)