Este trabalho tem por objetivo analisar os usos de está/ta (como verbo pleno, verbo auxiliar, marcador discursivo etc) na fala soteropolitana. Neste caso, busca-se identificar quais são os contextos de uso em que há variação entre essas duas formas. Serão utilizados os pressupostosteórico – metodológicos do Sociofuncionalismo, ou seja, das contribuições que emergem da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008[1972]) e do Funcionalismo Norte-Americano (HOPPER; TRAUGOTT, 2003 [1993]; MARTELOTTA; VOTRE; CEZARIO, 1996). Nessa perspectiva, seguindo a abordagem da gramaticalização, pretende-se mostrar quais são os usos gramaticalizados - verbo auxiliar, marcador discursivo etc- de está/tá e quais desses usos está mais atrelado à forma reduzida tá. Entende-se aqui a gramaticalização como um processo de mudança linguísticaatravés do qual itens lexicais e construções sintáticas, em determinados contextos, passam a assumir funções gramaticais e,uma vez gramaticalizados, continuam a desenvolver novas funções gramaticais(HOPPER; TRAUGOTT, 2003 [1993];MARTELOTTA; VOTRE; CEZARIO, 1996).A esse respeito,Reis (2010), no “estudo sobre as formas de usos do verbo estar em formação perifrástica”,afirma que algumas palavras(itens lexicais ou gramaticais) passam por mudanças categoriaisno decorrer do tempo e, como os usos dessas formas se fixam na língua, tornando-se expressões de grande frequência, essas palavras acabam sendo empregadas em vários contextos, iniciando um processo conhecido como gramaticalização. Já Beline (1999), em “A gramaticalização de estar + gerúndio no Português Falado”, acrescenta que falantes mais jovens tendem a não usar a forma plena do verbo estare,em contrapartida, os mais velhos evitama forma reduzida.Neste trabalho, para a análise do fenômeno investigado, serão utilizadas, como corpus,oito entrevistas sociolinguísticas, integrantes do banco de dados do Programa de Estudos do Português Popular Falado de Salvador (PEPP). Como variáveis independentes, serão considerados os seguintes grupos de fatores: os usos de está/tá (verbo pleno, verbo auxiliar, marcador discursivo etc); escolaridade (níveis fundamental e médio)e faixa etária I(15 a 24 anos) e IV (acima de 65).Os resultados preliminares demonstram que, na fala dos jovens,há mais ocorrências da formareduzidatá,que vem sendo mais empregada como marcador discursivo (uso mais gramaticalizado); o nível de escolaridade não parece um parâmetrorelevante para a distinção da frequência de uso das formas está/tá, independentemente do seus usos.
SOCIOLINGUÍSTICA:
quebrando tabus e inovando na escola
O Encontro de Sociolinguística é um evento que se iniciou como local e circunscrito à UNEB, mas que gradativamente foi ampliando o seu escopo de participantes e colaboradores, até se transformar, em 2014, em um evento regional itinerante. O propósito inicial do Encontro de Sociolinguística é congregar pesquisadores da área que desenvolvem pesquisa na região da Bahia e Sergipe, uma área dialetal que é tradicionalmente vista como homogênea, mas que apresenta muitas peculiaridades, assim como as instituições nesta região, que são pequenas, com programas de pós-graduação ainda em consolidação e com poucos recursos. Nós diríamos, até, que esse encontro vem ecoando em outros estados da Federação, além da Bahia e Sergipe, como Minas Gerais, Acre, Espírito Santo etc.
Encontros regionais são importantes para a socialização de metodologias de pesquisa e seus resultados, em um cenário pouco propício e pouco explorado pelos grandes centros. A realização de encontros regionais se traduz na oportunidade de contato entre pesquisadores e o desenvolvimento de redes de pesquisa regionais, o desenvolvimento de métodos de pesquisa específicos para esta realidade e o treinamento de recursos humanos em contextos pouco atendidos pelos grandes eventos. É neste contexto que se insere o Encontro de Sociolinguística, que já tem nove edições realizadas.
Desta vez, a Universidade Federal de Ouro Preto se une aos colegas e amigos pesquisadores da UFBA, UNEB, UEFS, UFS e o IFBA e, em uma parceria acadêmica e profissional, responsável e madura, sob a presidência da Comissão Organizadora do Prof. Clézio Roberto Gonçalves, organizam um evento na área da Dialetologia e Sociolinguística.
Considerando-se que o tema diversidade e a forma complexa que este conceito tem se desenvolvido é fruto do contexto no qual ele se encontra inserido, de mudanças constantes e de uma valorização e percepção das grandes diferenças sejam sociais, políticas, culturais, sexuais, étnicas, linguísticas entre outras.
A definição de diversidade pode ser entendida como o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social. Este conceito está intimamente ligado aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes modos de percepção e abordagem, heterogeneidade e variedade.
Afinal, pensar a diversidade, a partir da Diversidade Linguística, é um processo importante para a construção da identidade, isto significa que ela tem um papel crucial na criação de valores e atitudes que permitam uma melhor convivência e respeito entre todos os setores para o pleno desenvolvimento da humanidade.
E esse evento ousa mais, ou seja, “quebrar tabus e inovar na escola”.
Apresentamos, aqui, nestes Anais do IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA, os resumos dos trabalhos apresentados no evento. Foi um evento frutuoso de pessoas, de encontros, de trocas, de aprendizados, de experiências e de reflexões.
Agradecemos por acreditarem e confiarem em nós!
Boas leituras...
Clézio Roberto Gonçalves (UFOP)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
Valter de Carvalho Dias
Clézio Roberto Gonçalves
Gredson dos Santos
Josane Moreira de Oliveira
Marcela Moura Torres Paim
Norma da Silva Lopes
Silvana Soares Costa Ribeiro
Laura Camila Almeida
Cristina dos Santos Carvalho
Valter de Carvalho Dias
Clézio Roberto Gonçalves
Gredson dos Santos
Josane Moreira de Oliveira
Marcela Moura Torres Paim
Norma da Silva Lopes
Laura Camila Almeida
Cristina dos Santos Carvalho
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)