“A língua é o nosso sangue”: contribuições do professor de português na construção da identidade linguística de estudantes secundaristas

  • Autor
  • Ingrid Cruz do Nascimento
  • Resumo
  •  

     

    A escola, em conjunto com o ambiente familiar, é um importante espaço de socialização do ser humano enquanto cidadão. No ambiente escolar, o educando pode, além de aprender e aprofundar conteúdos, se compreender enquanto sujeito ativo na sociedade e (re)construir sua(s) identidade(s) – a exemplo das identidades profissional, de gênero, de grupos e linguística – a partir das mais diversas relações estabelecidas com os amigos e os professores. Nesse sentido, o professor tem um importante papel, pois, por estar em uma posição de “poder”, sua palavra pode ter influência, positiva ou não, na construção dessa(s) identidade(s). Com o professor de Língua Portuguesa não seria diferente. Este trabalho, portanto, se trata de um recorte de uma dissertação de mestrado em andamento e objetiva compreender e discutir de que modo o professor de língua portuguesa pode contribuir com a construção da identidade linguística de estudantes. Assim, baseada majoritariamente nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, ([1966; 1972] 2008)), da Sociolinguística Educacional (BORTONI-RICARDO, 2004) e nos estudos sobre identidade (BAUMAN, 2005), foi realizada uma entrevista semiestruturada com uma professora de ensino médio da rede pública do Estado da Paraíba. Foi possível, por meio desse instrumento de geração de dados, obter informações acerca do perfil sociocultural e da formação acadêmica da colaboradora, levando-nos a entender como ocorre a sua identificação com o falar de João Pessoa e como se dá a sua atuação no contexto escolar no que diz respeito à variação linguística. A partir disso, verificamos que a relação afetiva que o docente tem com a língua e com a(s) variante(s) que ele utiliza nos mais diversos contextos reflete diretamente na sua identidade com a língua portuguesa e com o falar pessoense, influenciando diretamente na forma como tal docente a(s) compreende e a(s) ensina. Além disso, pudemos constatar que a atenção do professor às sutilezas linguísticas existentes em sua sala de aula – como a presença de alunos de regiões diferentes da que ele comumente trabalha e comentários de juízo de valor depreciativo a respeito de determinada variante feitos pelos estudantes – é imprescindível para que ele possa realizar um trabalho mais aprofundado de reconhecimento e de conscientização a respeito das diferenças linguísticas, contribuindo positivamente com o processo de construção da identidade linguística de seus alunos e, assim, emancipando-os e empoderando-os acerca de seu próprio modo de falar.

  • Palavras-chave
  • Sociolinguística Educacional, Identidade Linguística, Comunidade de Fala Pessoense
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Sociolinguística e interfaces
Voltar

SOCIOLINGUÍSTICA:
quebrando tabus e inovando na escola

 

O Encontro de Sociolinguística é um evento que se iniciou como local e circunscrito à UNEB, mas que gradativamente foi ampliando o seu escopo de participantes e colaboradores, até se transformar, em 2014, em um evento regional itinerante. O propósito inicial do Encontro de Sociolinguística é congregar pesquisadores da área que desenvolvem pesquisa na região da Bahia e Sergipe, uma área dialetal que é tradicionalmente vista como homogênea, mas que apresenta muitas peculiaridades, assim como as instituições nesta região, que são pequenas, com programas de pós-graduação ainda em consolidação e com poucos recursos. Nós diríamos, até, que esse encontro vem ecoando em outros estados da Federação, além da Bahia e Sergipe, como Minas Gerais, Acre, Espírito Santo etc.

 

Encontros regionais são importantes para a socialização de metodologias de pesquisa e seus resultados, em um cenário pouco propício e pouco explorado pelos grandes centros. A realização de encontros regionais se traduz na oportunidade de contato entre pesquisadores e o desenvolvimento de redes de pesquisa regionais, o desenvolvimento de métodos de pesquisa específicos para esta realidade e o treinamento de recursos humanos em contextos pouco atendidos pelos grandes eventos. É neste contexto que se insere o Encontro de Sociolinguística, que já tem nove edições realizadas.

 

Desta vez, a Universidade Federal de Ouro Preto se une aos colegas e amigos pesquisadores da UFBA, UNEB, UEFS, UFS e o IFBA e, em uma parceria acadêmica e profissional, responsável e madura, sob a presidência da Comissão Organizadora do Prof. Clézio Roberto Gonçalves, organizam um evento na área da Dialetologia e Sociolinguística.

 

Considerando-se que o tema diversidade e a forma complexa que este conceito tem se desenvolvido é fruto do contexto no qual ele se encontra inserido, de mudanças constantes e de uma valorização e percepção das grandes diferenças sejam sociais, políticas, culturais, sexuais, étnicas, linguísticas entre outras.

 

A definição de diversidade pode ser entendida como o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social. Este conceito está intimamente ligado aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes modos de percepção e abordagem, heterogeneidade e variedade.

 

Afinal, pensar a diversidade, a partir da Diversidade Linguística, é um processo importante para a construção da identidade, isto significa que ela tem um papel crucial na criação de valores e atitudes que permitam uma melhor convivência e respeito entre todos os setores para o pleno desenvolvimento da humanidade.

 

E esse evento ousa mais, ou seja, “quebrar tabus e inovar na escola”.

 

Apresentamos, aqui, nestes Anais do IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA, os resumos dos trabalhos apresentados no evento. Foi um evento frutuoso de pessoas, de encontros, de trocas, de aprendizados, de experiências e de reflexões.

 

Agradecemos por acreditarem e confiarem em nós!

 

Boas leituras...

Clézio Roberto Gonçalves (UFOP)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)

Comissão Organizadora

Valter de Carvalho Dias
Clézio Roberto Gonçalves
Gredson dos Santos
Josane Moreira de Oliveira
Marcela Moura Torres Paim
Norma da Silva Lopes
Silvana Soares Costa Ribeiro
Laura Camila Almeida
Cristina dos Santos Carvalho

 

Comissão Científica

Valter de Carvalho Dias
Clézio Roberto Gonçalves
Gredson dos Santos
Josane Moreira de Oliveira
Marcela Moura Torres Paim
Norma da Silva Lopes
Laura Camila Almeida
Cristina dos Santos Carvalho

I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)

 

II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)

 

VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)

 

VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)