Parentéticos epistêmicos expressam o grau de (des)comprometimento, crença, (in)certeza do falante quanto à informação veiculada. Quando diminuem a responsabilidade do falante em relação ao enunciado, são categorizados como quase-asseverativos (CASTILHO; CASTILHO, 1996). Nesse uso, nos termos de Schneider (2007), têm a função pragmática de atenuar (parte d)a asserção. As línguas humanas têm diversas estratégias para marcar essa atenuação e, por conseguinte, diferentes tipos de parentéticos. Neste trabalho, pretendemos analisar, nas variedades angolana e moçambicana do português, os parentéticos epistêmicos quase-asseverativos de base clausal verbal, instanciados, no contexto de primeira pessoa do singular, por microconstruções como (EU) ACHO QUE, (EU) CREIO QUE, (EU) SUPONHO QUE, (EU) ACHO, (EU CREIO, (EU) SUPONHO etc. Do ponto de vista teórico-metodológico, fundamentamo-nos nos pressupostos da sociolinguística variacionista (LABOV, 1983) e do funcionalismo linguístico norte-americano, na sua versão mais atual, na linha da abordagem construcional da gramática e mudança linguística (BYBEE, 2010; MARTELOTTA, 2011, TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013, dentre outros). Para a análise, procedemos ao exame de dados reais da língua portuguesa contemporânea do século XXI: utilizamos, então, textos das modalidades falada e escrita do português angolano e moçambicano, integrantes de banco de dados do Corpus do Português e extraídos de sites da internet. Ao optarmos pela análise de dados do português angolano e moçambicano, consideramos a importância de realizar uma abordagem contrastiva não só entre o português europeu e o português brasileiro, conforme defendido por Batoréo (2010), mas também entre variedades africanas dessa língua. Partindo da premissa de que a construção (entendida como pareamento entre forma e função) é a unidade básica da língua (concebida como uma rede de construções interconectadas), buscamos verificar convergências e divergências na configuração da rede construcional dos parentéticos epistêmicos no português angolano e moçambicano. Observamos essas convergências/divergências com base em parâmetros relacionados à propriedade esquematicidade (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013): (i) os subesquemas construcionais - [(SUJP1) VEpist Compl] Parent (EU ACHO/CREIO QUE) e [(SUJP1) VEpist] Parent (EU ACHO/CREIO) – através dos quais os parentéticos de base clausal verbal se atualizam (CARVALHO, 2017); (ii) as posições sintáticas - intercalada e final - desses subesquemas na sentença; (iii) as microcontruções licenciadas por cada subesquema. Como resultados preliminares, mostramos que: (i) os dois subesquemas são produtivos no português angolano e moçambicano; (ii) ora eles se distinguem, ora se aproximam quanto à sua posição sintática; (iii) microconstruções com os verbos ACHAR e CRER são bastante frequentes nas duas variedades.
SOCIOLINGUÍSTICA:
quebrando tabus e inovando na escola
O Encontro de Sociolinguística é um evento que se iniciou como local e circunscrito à UNEB, mas que gradativamente foi ampliando o seu escopo de participantes e colaboradores, até se transformar, em 2014, em um evento regional itinerante. O propósito inicial do Encontro de Sociolinguística é congregar pesquisadores da área que desenvolvem pesquisa na região da Bahia e Sergipe, uma área dialetal que é tradicionalmente vista como homogênea, mas que apresenta muitas peculiaridades, assim como as instituições nesta região, que são pequenas, com programas de pós-graduação ainda em consolidação e com poucos recursos. Nós diríamos, até, que esse encontro vem ecoando em outros estados da Federação, além da Bahia e Sergipe, como Minas Gerais, Acre, Espírito Santo etc.
Encontros regionais são importantes para a socialização de metodologias de pesquisa e seus resultados, em um cenário pouco propício e pouco explorado pelos grandes centros. A realização de encontros regionais se traduz na oportunidade de contato entre pesquisadores e o desenvolvimento de redes de pesquisa regionais, o desenvolvimento de métodos de pesquisa específicos para esta realidade e o treinamento de recursos humanos em contextos pouco atendidos pelos grandes eventos. É neste contexto que se insere o Encontro de Sociolinguística, que já tem nove edições realizadas.
Desta vez, a Universidade Federal de Ouro Preto se une aos colegas e amigos pesquisadores da UFBA, UNEB, UEFS, UFS e o IFBA e, em uma parceria acadêmica e profissional, responsável e madura, sob a presidência da Comissão Organizadora do Prof. Clézio Roberto Gonçalves, organizam um evento na área da Dialetologia e Sociolinguística.
Considerando-se que o tema diversidade e a forma complexa que este conceito tem se desenvolvido é fruto do contexto no qual ele se encontra inserido, de mudanças constantes e de uma valorização e percepção das grandes diferenças sejam sociais, políticas, culturais, sexuais, étnicas, linguísticas entre outras.
A definição de diversidade pode ser entendida como o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social. Este conceito está intimamente ligado aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes modos de percepção e abordagem, heterogeneidade e variedade.
Afinal, pensar a diversidade, a partir da Diversidade Linguística, é um processo importante para a construção da identidade, isto significa que ela tem um papel crucial na criação de valores e atitudes que permitam uma melhor convivência e respeito entre todos os setores para o pleno desenvolvimento da humanidade.
E esse evento ousa mais, ou seja, “quebrar tabus e inovar na escola”.
Apresentamos, aqui, nestes Anais do IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA, os resumos dos trabalhos apresentados no evento. Foi um evento frutuoso de pessoas, de encontros, de trocas, de aprendizados, de experiências e de reflexões.
Agradecemos por acreditarem e confiarem em nós!
Boas leituras...
Clézio Roberto Gonçalves (UFOP)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
Valter de Carvalho Dias
Clézio Roberto Gonçalves
Gredson dos Santos
Josane Moreira de Oliveira
Marcela Moura Torres Paim
Norma da Silva Lopes
Silvana Soares Costa Ribeiro
Laura Camila Almeida
Cristina dos Santos Carvalho
Valter de Carvalho Dias
Clézio Roberto Gonçalves
Gredson dos Santos
Josane Moreira de Oliveira
Marcela Moura Torres Paim
Norma da Silva Lopes
Laura Camila Almeida
Cristina dos Santos Carvalho
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)