Os saberes docentes se constroem a partir de diversas ações e vivencias desde o início do processo formativo docente e se estendendo ao exercício profissional a partir do qual surgem os saberes experenciais. Deste modo, os professores produzem e interrelacionam conhecimentos sempre visando a uma ação prática (TARDIF, 2012).
É nesse sentido que o professor vive em constante aprendizado e seus saberes docentes são continuamente modificados no decorrer da carreira. (Campos, 2013; Pimenta, 1997; Tardif, 2012).
Dentre os campos de atuação docente e de profissionais ligados à educação, um que vem ganhando relevância nos últimos anos são os espaços não-formais, tais como museus, centros de ciência e de pesquisa. Atuar em tais espaços exige também saberes específicos que tangenciam e amalgamam-se à prática docente.
Ponderando a relevância que o espaço de educação não-formal tem tido para a atuação de profissionais da educação durante o processo de mediação do conhecimento com o público, assume-se que este é um espaço educativo de grande potencial para a formação de professores. Portanto, compreender o processo de atuação de monitores/mediadores em espaços não-formais, fomentando reflexões para a construção de novos saberes.
Nessa perspectiva, o foco deste trabalho está na Usina Ciência, equipamento de extensão da Universidade Federal de Alagoas que realiza ações de divulgação da ciência em todo o Estado, com grande atuação na cidade de Maceió.
Considerando que os monitores/mediadores da Usina Ciência são basicamente estudantes de licenciatura, particularmente em química e física, surgem nossas inquietações: Quais contribuições deste espaço não-formal para o processo formativo docente dos monitores e que estratégias de mediação são utilizadas como os visitantes?
Esse problema surge a partir de uma ótica sobre a necessidade de preparação/formação dos monitores para a mediação das visitas no espaço.
A Usina Ciências é considerada como um espaço não-formal de conhecimento, oferecendo diversidade de exposições e interação com a sociedade de um modo geral, mas sobretudo direcionada a estudantes de educação básica. Para Marandino (2002), os Museus funcionam como espaços que oferecem ao mesmo tempo entretenimento e educação.
Consideramos locais de sedução e provocação onde as diversas interações entre os estudantes e os aparatos presentes nesse tipo de exposição aumentam a curiosidade e estimulam o comportamento investigativo dos visitantes.
Atualmente, os museus de ciência encontram-se em sua terceira geração, caracterizada por serem espaços de discussão e interatividade e não somente de contemplação de objetos. Sendo assim, a atuação dos monitores é fundamental para uma forma mais dinâmica das visitas e interações com o público.
Tais saberes permeiam o conhecimento profissional docente e estão interligados à prática pedagógica. Segundo Jacobucci (2006), os Museus de Ciências têm se transformado em locais não apenas de divulgação científica, mas também de formação de recursos humanos com oferta de estágios, cursos, palestras e outras atividades que contribuem tanto para professores como alunos, dependendo das necessidades.
Com isso, essa pesquisa tem como objetivo amplo identificar quais as contribuições que a Usina Ciência tem para a formação dos monitores de atividades em espaços não-formais de conhecimento científicos.
Nesse entremeio, pretende-se identificar os processos que são gerados para atuação dos monitores de atividades em espaços não-formais, identificar os aspectos mais relevantes durante a atuação dos monitores da Usina Ciência e investigar ações que possam fomentar a formações dos envolvidos.
Como abordagem metodológica, trata-se de um estudo qualitativo e, ao menos inicialmente, de categoria participante, pois envolveria pesquisadores e pesquisados em um processo de análise e reorientação das atividades. Para Brandão (1987, p. 12) “Quando o outro se transforma em uma convivência, a relação obriga a que o pesquisador participe de sua vida, de sua cultura. Relacionando assim quatro eixos importantes para o desenvolvimento da pesquisa no intuito de captar, compreender, interpretar e analisar o fenômeno ali presente.
Segundo Lüdke e André (2004), a investigação supõe-se o contato direto do pesquisador com a realidade a ser investigada, através do trabalho intensivo de campo. Dessa forma, “analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as transcrições de entrevistas, as análises de documentos e as demais informações disponíveis” (LÜDKE; ANDRÉ; 2004, p.45).
Além disso, Godoy (1995, p. 62 - 63) enumera quatro características fundamentais para o procedimento qualitativo em detrimento de outros modos de abordagem, a saber:
1) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental;
(2) a pesquisa qualitativa é descritiva;
(3) o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são preocupação essencial do investigador;
(4) pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na análise de seus dados.
O primeiro momento seria o (re)conhecimento do espaço de investigação e seus atores, com o intuito de compreender o que fazem e como fazem. Assim, pretende-se uma imersão no campo de pesquisa. Como técnicas serão utilizadas observação de campo e grupos focais.
Em um segundo momento, a partir dos interesses dos envolvidos, seriam estruturadas e implementadas ações conjuntas que possam fomentar as atividades de mediação dos monitores, bem como o processo de formação.
Por fim, os envolvidos participariam da discussão de todo o processo, buscando uma análise crítica das ações e novas formas de organização. Para tanto, também seria utilizada a técnica de grupos focais. O material de pesquisa será então analisado na perspectiva dos saberes docentes e espaços não-formais de educação.
As expectativas para os resultados desta pesquisa, atenta-se para a evolução perceptiva da atuação dos monitores mediante as formações que os mesmos tenham participado, além disso, detectar a interação mais autentica entre os visitantes e os monitores deixando claro propostas de mudanças para diversificar o formato das atividades executadas.
Tais mudanças precisam ficar claras para os monitores com propostas de leituras atualizadas sobre a discussão da temática presente, elementos teóricos que melhore as práticas dos monitores ao atendimento do público ali inserido, os mediadores precisam de cursos de formação com fins de melhorar a relação do público com o espaço não-formal e dinamizar a atuação diante das atividades propostas.
PREFÁCIO
O IX Encontro de Pesquisa em Educação de Alagoas (EPEAL) vem se constituindo ao longo dos anos em um espaço privilegiado de apresentação, discussão e reflexão em torno de investigações e práticas educativas no âmbito do programa de Mestrado e Doutorado em Educação no Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas.
Esta edição reconhecendo que a Pós-Graduação no Brasil, nos últimos anos, atravessa momentos de rumores e turbulências no que diz respeito ao fomento de investigações científicas, sobretudo na área de Educação, constitui-se também enquanto forma de resistência.
O intuito de alargamos as fronteiras, o IX EPEAL uniu-se ao V Encontro Alagoano de Ensino de Ciências e Matemática e ao Encontro Regional da ANPAE/Seccional de Alagoas. Nessa parceria, esforços foram alinhados para enfrentar as restrições orçamentárias que a pesquisa no Brasil vem enfrentando nos últimos anos. Desta forma, ampliaram-se as discussões e o aprofundamento das temáticas problematizadas nos eventos.
Nesta edição, O IX EPEAL proporcionou debates significativos entre investigadores, representantes institucionais, educadores e estudantes da graduação e pós-graduação, afirmando-se como um evento de referência na divulgação de pesquisas na área educacional.
O objetivo prioritário do EPEAL implica em permitir, em suas sucessivas edições, a discussão das pesquisas em educação em território alagoano. Assim, propósito fundamental do evento consiste em fomentar narrativas e discussões locais sobre as problemáticas educativas em Alagoas.
A perspectiva de fundo consiste em pensar outras gramáticas e linguagens que povoam o universo das pesquisas em educação e suas implicações semânticas, políticas, culturais e econômicas para o âmbito das transformações das subjetividades e dos cenários educativos na contemporaneidade.
Em últimas palavras, fazendo nossas as palavras do autor Jorge Luis Borges, no poema: "O leitor", ao afirmar "que outros se vangloriem das páginas que escreveram: eu me orgulho das que já li", convidamos-vos à leitura dos trabalhos completos que compõem os Anais que ora prefaciamos.
Comissão Organizadora
Comissão Organizadora
Elton Casado Fireman
William Carlos Marinho Ferreira
Comissão Científica
Adriana Cavalcanti dos Santos - UFAL
Amauri da Silva Barros - UFAL
Ana Carolina Faria Coutinho Gléria - UFAL
Anderson de Alencar Menezes - UFAL
Andréa Giordanna Araujo Da Silva - UFAL
Carloney Alves de Oliveira - UFAL
Carolina Nozella Gama - UFAL
Cláudia de Oliveira Lozada - UFAL
Cleide Jane de Sá Araújo Costa - UFAL
Daniela Mendonça Ribeiro - UFAL
Edna Cristina do Prado - UFAL
Edna Telma Fonseca E Silva Vilar - UFBA
Eduardo Calil de Oliveira - UFAL
Elias André Da Silva - UFAL
Elione Maria Nogueira Diógenes - UFAL
Elisangela Leal De Oliveira Mercado - UFAL
Elton Casado Fireman - UFAL
Eudes da Silva Santos - UFPE
Fernando Antônio Mesquita de Medeiros - UFAL
Fernando Silvio Cavalcante Pimentel - UFAL
Givaldo Oliveira dos Santos - IFAL
Givanildo Da Silva - UFAL
Hilda Helena Sovierzoski - UFAL
Iracema Campos Cusati - UPE
Ivanderson Pereira da Silva - UFAL
Jailton de Souza Lira - UFAL
Jakeline Alencar Andrade - UFC
Janaila dos Santos Silva - UFAL
Janayna Paula Lima de Souza Santos - UFAL
Jenner Barretto Bastos Filho - UFAL
Jorge Eduardo de Oliveira - UFAL
Junot Cornélio Matos - UFAL
Jusciney Carvalho Santana - UFAL
Kátia Maria Silva De Melo - UFAL
Kleber Cavalcanti Serra - UFAL
Laura Cristina Vieira Pizzi - UFAL
Lenira Haddad - UFAL
Leonardo Brandão Marques - UFAL
Lucas Pereira da Silva - UFAL
Luis Paulo Leopoldo Mercado - UFAL
Maria Aparecida Pereira Viana - UFAL
Maria Auxiliadora da Silva Cavalcante - UFAL
Maria Das Graças Gonçalves Vieira Guerra - UFPB
Maria do Socorro Aguiar de Oliveira Cavalcante - UFAL
Maria Dolores Fortes Alves - UFAL
Marinaide Lima de Queiroz Freitas – UFAL
Marlécio Maknamara da Silva Cunha - UFAL
Marta Maria Minervino dos Santos – UFAL
Mônica Patrícia Da Silva Sales - UFAL
Monique Angelo - UFAL
Paulo Manuel Teixeira Marino - UFAL
Regina Maria de Oliveira Brasileiro - IFAL
Rosângela Oliveira Cruz Pimenta - UFAL
Silvana Paulina de Souza - UFAL
Silvio Sánchez Gamboa - UNICAMP
Soraya Dayanna Guimarães Santos - UFV
Valéria Campos Cavalcante - UFAL
Walter Matias Lima - UFAL
Wandearley da Silva Dias - UFAL
Wilmo Ernesto Francisco Junior - UFAL
Yana Liss Soares Gomes – UFAL