O câncer de colo de útero é a terceira neoplasia mais prevalente e a quarta causa de mortalidade por neoplasia nas mulheres do Brasil, 99% dos casos tem como principal agente causador o papilomavírus humano (HPV) tornando-se um grave problema de saúde pública. No Brasil o Amazonas ocupa a primeira posição por esta neoplasia, com uma incidência de 31,71/100 mil mulheres, representando a principal causa de óbito por câncer nessa região. A pandemia pelo novo coronavírus (COVID-19) ocasionou em toda a rede de atenção à saúde da mulher uma redução drástica das atividades, o que certamente provocou uma quebra da cadeia assistencial. Trata-se de um estudo descritivo observacional tendo como local de pesquisa a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas , FCECON, todas as informações foram coletadas no sistema de agendamento da FCECON, o I-Doctor, e as variáveis coletadas foram: data em que a mulher chegou na FCECON, data do agendamento da primeira consulta, data em que a mulher recebeu o primeiro tratamento oncológico, dados do estadiamento FIGO, a UBS/ policlínica de origem que referenciou a mulher para o tratamento na FCECON. Ao longo dos anos de 2020, 2021 e 2022, um total de 617 mulheres foram atendidas na FCECON para tratamento de câncer de colo de útero. Em 2020, houve uma entrada significativamente menor, com cerca de 124 mulheres, devido à suspensão de atendimentos durante a pandemia e ao medo dessas mulheres em prosseguir com o tratamento durante esse período. No entanto, os números aumentaram nos anos seguintes, com 205 mulheres em 2021 e 288 mulheres em 2022. Quanto ao encaminhamento dessas mulheres nesses três anos foi observado que o particular se manteve quase constante enquanto que encaminhamentos do SUS sofreram um aumento progressivo de 2020 para 2022 podendo ser explicado pela sobrecarga no sistema público com a parada dos serviços na pandemia enquanto que no particular o atendimento continuou.O estudo realizado na FCECON revelou o tempo médio de início do tratamento para os anos de 2020, 2021 e 2022, sendo de 93 dias, 98 dias e 92 dias, respectivamente. No entanto, nos três primeiros meses de 2023, foi observada uma redução significativa nessa média para 82 dias, indicando uma diminuição da sobrecarga na rede durante a pandemia e uma melhora no tempo de início do tratamento no pós-pandemia, já quanto ao estadiamento as maiores incidências foram o estágio 3 com 34,3% e em seguida o estágio 2 com 26,3%. Em conclusão, as trajetórias das mulheres em tratamento de câncer de colo de útero na unidade de referência oncológica no Amazonas foram impactadas pela pandemia de COVID-19, sendo então necessárias ações que mitiguem esse efeito.
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023