O câncer de colo de útero é considerado evitável devido à sua principal causa ser a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), que pode ser altamente prevenida por meio da vacinação. Além disso, a detecção precoce e o tratamento de lesões precursoras, identificadas através do exame de citologia oncótica, podem interromper a progressão do câncer. No entanto, apesar dessas medidas preventivas, o câncer de colo de útero ainda apresenta altas incidências no Brasil e no estado do Amazonas. Estimativas para 2023 revelam que o Brasil pode esperar cerca de 17.010 novos casos, com uma taxa de incidência de 13,25 por 100 mil habitantes, enquanto o Amazonas enfrentará aproximadamente 610 novos casos. Para além do rastreamento e tratamento de lesões precursoras, a cirurgia de alta frequência (CAF) também é uma opção terapêutica utilizada no tratamento de lesões cervicais de alto grau. A CAF é um procedimento minimamente invasivo que utiliza corrente elétrica de alta frequência para destruir as células anormais no colo do útero, contribuindo para a prevenção da progressão do câncer cervical. Dessa forma, tem-se como objetivo descrever o perfil epidemiológico das pacientes submetidas à cirurgia de alta frequência na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCECON) durante o ano de 2021. Tratou-se de um estudo transversal descritivo, retrospectivo, epidemiológico e analítico. Foram analisados 135 prontuários físicos e eletrônicos, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de inclusão foram mulheres maiores de 18 anos que realizaram cirurgia de alta frequência do colo uterino no ano de 2021 na FCECON. Foram excluídos da amostra os participantes que não possuírem os prontuários físicos e/ou eletrônicos com todas as informações necessárias ao estudo. Para coleta de dados, foi utilizado um formulário contendo variáveis sociodemográficas (faixa etária, escolaridade, raça/cor, estado civil e ocupação). O perfil epidemiológico demonstrado foi: predomínio de mulheres pardas (86,46%), na faixa etária de 30 a 44 anos (55,56%), casadas/união estável (47,76%) ou solteiras (47,01%), com ensino médio completo (51,11%) e do lar (52,60%). Os dados acerca da idade e da raça são concordantes com a literatura. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a idade mais acometida é de 20 a 40 anos. E, ainda, segundo a Pesquisa Nacional da Saúde, realizada em 2019, a raça parda é a mais acometida. Porém, a escolaridade é discordante com a Pesquisa Nacional da Saúde, em que afirma que a maioria das pacientes possui ensino fundamental incompleto. Conclui-se que esses dados apontam para uma correlação entre fatores epidemiológicos e acesso aos serviços de saúde, principalmente primários e secundários. Além disso, ratificam a importância de direcionar estratégias de saúde preventiva e intervenções específicas para a realidade do Estado do Amazonas, compreendendo os diferentes contextos de cada população.
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023