A Doença Trofoblástica Gestacional (DTG) é uma rara complicação da gravidez, que pode ser categorizada em sua forma benigna ou em sua forma maligna Neoplasia Trofoblástica Gestacional (NTG).
Estudos apontam que no Brasil, cerca 19,5% dos casos de DTG são diagnosticados com NTG, sendo que desses, 95,7% alcançam remissão sustentada e 4% vão a óbito. Essa taxa de mortalidade por NTG vem diminuindo significativamente ao longo do tempo e concomitantemente, há um aumento no número de Centros de Referência em todo o país, demonstrando que há uma relação inversa entre a ocorrência de mortes por NTG e o número de serviços especializados disponíveis.
O estadiamento da NTG foi definido pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), associado ao sistema de escore prognóstico modificado da Organização Mundial de Saúde. Os fatores de risco para óbito em NTG de baixo risco são: coriocarcinoma, presença de metástases, quimioresistência e tratamento inicial fora de um centro de referência (CR). Em contrapartida, tumores classificados como alto risco, tem relação com tempo do término da gestação e início de quimioterapia, presença de metástases principalmente em cérebro e fígado, ausência de início de quimioterapia ou início com monoterapia, quimiorresistência e início de tratamento fora de um CR. Tais informações sobre a taxa de mortalidade e fatores de risco em relação a NTG não existem no Amazonas, portanto, fornecer esses dados é o objetivo primordial deste trabalho.
Trata-se de um estudo de coorte ambispectiva, que incluiu pacientes com diagnóstico de NTG atendidas no CR de DTG do Amazonas, sediado na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCECON), entre 2011 e 2022. Os dados foram obtidos por fonte secundária de dados, prontuários físico e digital após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da FCECON (CAAE: 32779020.3.0000.0004) e a por preenchimento de protocolo do estudo e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme aprovação do CEP daquela instituição (CAAE: 16381619.3.0000.0004).
Foram identificadas 29 pacientes com NTG e dessas, 5 evoluíram para óbito, caracterizando 17% dos casos. Em sua maioria tinham em média 35 anos de idade, eram pardas, indigenas, de baixa escolaridade (média de 10 anos) e procedentes do interior do Estado. Ocorreram diferenças significativas desfavoráveis nesse grupo: maior tempo médio entre esvaziamento e início de quimioterapia, maior presença de metástases, maior número de sítios de metástases e mais tumores classificados como alto risco.
Infelizmente a raridade desta doença ainda leva a desinformação e a condução inadequada por muitos profissionais. Este fato leva a acreditar que muitas pacientes no Amazonas, principalmente no interior, nunca foram encaminhadas ao CR, ficando sob a responsabilidade dos médicos nas cidades onde residem ou falecendo com o diagnóstico de causas indeterminadas.
Estes achados demonstram a necessidade de investimentos no diagnóstico e tratamento precoce e a estruturação adequada das instituições visando uma melhora no atendimento dessas pacientes a fim de diminuir a mortalidade desta doença que se encontra muito elevada no Estado do Amazonas quando comparada a taxa de mortalidade Nacional.
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ASSAGO
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023