Introdução: O parto cesáreo, quando bem indicado clinicamente, salva vidas, porém, quando realizado sem indicação pode aumentar o risco de morbimortalidade materna e fetal. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a taxa de partos cesáreos em relação ao número total de partos realizados em um serviço de saúde seja de 15%. No entando, nas últimas décadas, as taxas de cesariana aumentaram substancialmente em diversos países do mundo, sendo um deles o Brasil. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico de mulheres submetidas a partos cesáreos na região Norte do Brasil, no período de 2013 a 2022. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo e epidemiológico obtido através da análise de dados sobre os partos cesáreos que ocorreram na região Norte do Brasil, no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2022, utilizando a base de dados DATASUS. Foi avaliado o número de partos cesáreos por nascidos vivos, ano do nascimento, unidade federativa, adequação do pré-natal, dados da mãe (idade, estado civil e instrução) e cor/raça da criança. Como os dados são secundários e de domínio público, a pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética. Resultados: Foram registrados 1.468.712 partos cesáreos na região Norte do Brasil no período de 2013 a 2022, correspondendo a 47,3% do número total de partos. Observou-se aumento na proporção de cesáreas, que partiu de 45,9% em 2013 para 51% em 2022, um acréscimo absoluto de 5,1%. O estado com o maior número proporcional de partos cesáreos foi Rondônia (66,9%), seguido de Tocantins (54,2%); já os estados com menor proporção de cesáreas foram: Roraima (35,06%), Amapá (35,2%) e Amazonas (38,3%). O percentual de cesáreas em mulheres sem pré-natal, com pré-natal inadequado, intermediário, adequado e mais que adequado foram, respectivamente: 19%, 36%, 41,7%, 48,6% e 58,1%. Com relação a faixa etária, de 35 a 39 anos houve a maior proporção de cesarianas (59,1%), seguida das faixas etárias de 30 a 34 anos e de 40 a 44 anos, ambas com a mesma proporção (57,2%). O estado civil casada teve a maior proporção de cesáreas (64,4%). Quanto ao grau de instrução da mãe, o maior número proporcional de cesáreas foi nas mães com 12 anos ou mais de escolaridade (73,1%) e o menor nas sem escolaridade (17,2%). Os recém-nascidos brancos tiveram o maior percentual de nascimentos por parto cesáreo (66,8%), enquanto indígenas (13,6%) tiveram o menor. Conclusão: No período avaliado, houve aumento proporcional de partos por cesárea na região Norte do Brasil. O perfil epidemiológico das mulheres com maiores taxas de cesáreas inclui idade maior que 30 anos, estado civil casada, alto grau de instrução, pré-natal adequado ou mais que adequado e mães de recém-nascidos brancos. Esse estudo mostra dados que podem ser relevantes na busca por estratégias para reduzir o número de cesarianas, direcionando esforços e orientações adequadas às mulheres com o perfil epidemiológico descrito.
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