A migrânea sem aura é o tipo de cefaleia mais comum que acomete pacientes grávidas e na maioria dos casos ocorre uma melhora com o passar da gestação em até 87% no terceiro trimestre, mas pode se tornar refratária e assim um desafio para o seu controle pelas característica de segurança do uso dos medicamentos para o feto. Dessa forma, os bloqueios de nervos occipitais são procedimentos minimamente invasivos que utilizam medicações seguras tanto para mãe quanto para o feto e são uma opção de tratamento para esse grupo de pacientes. Esse relato de caso tem o objetivo de apresentar uma abordagem diferente para o tratamento dessas pacientes para promover mais evidências sobre o tema e incentivar o tratamento interdisciplinar com um médico especialista em intervenção para a melhoria da qualidade de vida da paciente. O presente relato de caso trata-se de uma mulher de 24 anos, com 12 semanas de gestação de feto único, primagesta e sem comorbidades. Apresentava cefaleia que teve início na nona semana de gestação, tendo em média 7 crises semanais, unilaterais, pulsáteis, com fotofobia, moderada a fortes, com nível de dor de 6 de 10, com consequência incapacitação para atividades diárias, e assim preenchendo os critérios diagnósticos para migrânea sem aura pelo ICHD-3 de 2018 (International Classification of Headache Disorders), sendo então instituído tratamento com metoclopramida e paracetamol associados. Mesmo a paciente tendo boa adesão e fazendo uso correto, não apresentou melhora significativa e então após a falha do do tratamento farmacológico inicial, foi realizado o bloqueio dos nervos occipitais com anestésico local e corticoide guiado por ultrassom. Procedimento não teve complicações e apresentou ótima resposta logo após a sua realização, com a paciente relatando ausência de dor e até mesmo suspendendo o uso de medicações que estavam sendo feitas desde o início do quadro clínico. Concluímos então que o bloqueio de nervos occipitais utilizando ultrassonografia aparenta ser uma opção terapêutica eficaz e segura para o tratamento de migrânea sem aura refratárias aos tratamentos clássicos, tanto para a mãe quanto para o feto, com alívio das dores e melhora na qualidade de vida das pacientes. Entretanto há a necessidade de mais estudos para estabelecer uma boa evidência científica.
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