As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são adquiridas por meio do contato sexual, por fluidos ou contato com a pele durante o ato sexual, devido à transmissão de bactérias, vírus ou parasitas. A incidência das ISTs relaciona-se com variáveis socioeconômicas e demográficas, além da abordagem dos órgãos de saúde pública da região. A área amazônica é vulnerável devido ao escasso acesso a consultas médicas e ao direcionamento correto para prática sexual, provocados pelo difícil ingresso e contato com comunidades tradicionais geograficamente isoladas. Assim, essa região é vítima das consequências da disseminação das IST’s, entre elas a infertilidade, a transmissão vertical (materna para o filho), abortos espontâneos e doenças congênitas. Dessa forma, para compreender tal mazela social, é necessário evidenciar a epidemiologia de doenças transmitidas de forma sexual na região amazônica. Identificar os determinantes e a incidência das ISTs na região amazônica, a fim de corroborar para o estudo de estratégias de educação, prevenção e tratamento da população amazônica. Trata-se de uma revisão sistemática realizada no PubMed, Scielo e na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), com os descritores "infecções sexualmente transmissíveis" e "Amazônia" na Scielo e BVS, e "Sexually transmitted infections" e "Amazon" no PubMed, combinados com o descritor booleano AND. Os critérios de inclusão estabelecidos foram artigos em inglês e português, publicados nos últimos 30 anos. Os critérios de exclusão adotados foram estudos sobre ISTs fora da região amazônica e relatos de casos. A partir do cruzamento dos descritores, foram encontrados 67 resultados para posterior filtragem metodológica. Foram analisados 20 artigos relacionados à presença de ISTs na região Amazônica, cujos estados abordados foram Rondônia, Mato Grosso, Pará, Amapá e Amazonas. Os trabalhos demonstraram a maior prevalência de estudos sobre HIV (com ou sem coinfecção por HPV) e Hepatites, nas quais a B apresentou uma das maiores incidências do mundo, seguida pela C e D, enquanto que a clamídia, herpes e sífilis estiveram presentes em menor número. Durante o período de 2007 a 2020 a região Amazônica apresentou 32,264 casos de infecção por HIV-1, sendo os estados do Amazonas e Pará os representantes dos maiores números de casos no país. Dentre os fatores de risco, considera-se a presença de renda baixa e de uma parceiro sexual, fixo ou não, com atividade sexual desprotegida. Além disso, nota-se uma relação com a magnitude da Amazônia, tanto pela carência de atenção primária à saúde, o que torna a população suscetível a enfermidades, quanto pela alta prevalência de infecções por HPV na Amazônia brasileira, sendo apontada como uma característica hereditária de povos tradicionais da região. A população da Amazônia representa uma parcela significativa da incidência por ISTs, devido à dificuldade no acesso à atenção primária e pela presença de características que tornam esse grupo suscetível às infecções. São importantes estudos epidemiológicos sobre o tema na região Norte do país, para a elaboração de estratégias de saúde pública e garantia de recursos para prevenção e tratamento.
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023