Introdução: A Fasceíte Necrotizante (FN) é uma variedade das Infecções Necrotizantes
dos Tecidos Moles (NSTIs), caracterizada pelo acometimento rápido e progressivo da
fáscia muscular e do tecido subcutâneo adjacente. A prevalência de FN nas mamas é
excepcional, cujos raros relatos na literatura revelam um predomínio de causas primárias
com fatores desencadeantes obscuros, seguidos de complicações pós-cirúrgicas. Em
razão à baixa suspeita pela raridade dos casos, associado à barreira anatômica, justificada
pela presença do parênquima mamário interposto entre a fáscia acometida e a pele
sobrejacente, o diagnóstico tende a ser tardio, acarretando um aumento nas taxas de
morbimortalidade do doente. Objetivo: Relatar e discutir o caso de uma paciente com
Fasceíte Necrotizante em mama direita. Método: Relato de caso de característica
observacional e descritiva através da análise e registro de prontuário e imagens fotográficas
de uma paciente com Fasceíte Necrotizante em mama, admitida na emergência da
Fundação e Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas, FCECON/AM, com
diagnóstico de Carcinoma Colorretal prévio, em tratamento. Relato de caso: L.F.O, sexo
feminino, 54 anos, natural e residente do estado do Amazonas. Última sessão
quimioterápica para Neoplasia Colorretal em dezembro de 2022.Deu entrada no dia
25/04/2023 no setor de emergência da FCECON, referindo mastalgia, aumento importante
e sinais flogísticos em mama direita, em exame físico foi observado: flictenas de conteúdo
serossanguinolento, com odor fétido e presença de tecido necrosado em quase toda a
mama. A paciente foi admitida para internação, onde também foi diagnosticada Gangrena
de Fournier. Assim, abriu-se um questionamento válido quanto a possibilidade de
metástase mamária ao invés de FN, como diagnóstico diferencial. Resultados: A evolução
clínica da paciente em função da gravidade da extensão da FN em mama direita,
possivelmente advinda de FN perineal/anorretal (Gangrena de Fournier), inviabilizou a
espera de conduta para investigação de diagnóstico diferencial por biópsia prévia para
possível neoplasia mamária. Foi realizada antibioticoterapia (Vancomicina + Meropenem +
Clindamicina) e o tratamento cirúrgico foi agendado. Desse modo, foi destinada ao
procedimento cirúrgico para devido desbridamento/biópsia a céu aberto. Em congruência,
durante a cirurgia com amplo desbridamento cirúrgico, fasciotomia e retirada de tecido
necrótico, percebeu-se a extensão real do quadro, fazendo necessária a mastectomia
simples à direita, em virtude do grande comprometimento de tecido muscular profundo. A
paciente evoluiu para óbito devido as complicações da doença. Conclusões: Existem
poucos casos documentados e registrados de FN em mama, mais ainda em pacientes com
comorbidades oncológicas, tornando extremamente necessário mais estudos quanto a sua
patogênese, ao seu diagnóstico e ao seu tratamento para o melhor manejo clínico nos mais
diversos aspectos em que a FN de mama pode ser encontrada.
Comissão Organizadora
ASSAGO
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Sigrid Maria Loureiro de Queiroz Cardoso
Patricia Brito
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023