Introdução: Doença Trofoblástica Gestacional (DTG) corresponde a um grupo de desordens resultantes de anomalias no tecido placentário formado durante a gestação. Podem ser divididas em Mola Hidatiforme (MH) e Neoplasia Trofoblástica Gestacional (NTG), indicando malignização no segundo grupo supracitado. Apesar dos avanços em relação ao diagnóstico precoce e da baixa taxa de recidiva ou evolução para neoplasia, a DTG pode culminar em desfechos desfavoráveis, incluindo o óbito, portanto torna-se indispensável o conhecimento acerca dos espectros da doença por profissionais. ?Quanto à epidemiologia, a DTG varia de 1 a 2 casos a cada mil gestações na Europa, Estados Unidos e outros países desenvolvidos, e é cerca de 2 a 3 vezes mais frequente em países orientais, africanos e sul-americanos. No Brasil, estima-se que ocorra um caso de gravidez molar em cada 200-400 gestações. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) não dispõe de informações acerca do coriocarcinoma no Amazonas, dificultando a epidemiologia regional. O coriocarcinoma é um dos tumores compreendidos dentro das neoplasias trofoblásticas, e os sintomas podem incluir sangramento vaginal anormal, aumento do tamanho uterino, dor abdominal ou pélvica, sintomas respiratórios, entre outros Entretanto, por ser uma neoplasia rara, o entendimento sobre é restrito, tornando o diagnóstico difícil. Objetivos: Este trabalho visa documentar um relato de caso de paciente indígena com diagnóstico tardio de coriocarcinoma metastático. Métodos: Trata-se de um estudo observacional descritivo retrospectivo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o parecer 4.108.062 e CAAE 32779020.3.000.004, desenvolvido pela equipe de DTG coordenada pelo médico ginecologista Dr. Bruno Paolino. Resultados: M.S., 48 anos, procedente de comunidade indígena próxima do Município de Parintins, Amazonas, de etnia Hixkaryana, com barreira linguística para língua portuguesa estabelecida, deu entrada em Maternidade de referência de Manaus, com histórico de sangramento vaginal importante durante 2 meses, além de lesão vegetante exteriorizada em intróito vaginal, de odor fétido e sangrante, desprendida da pele de forma espontânea e encaminhada ao estudo anatomopatológico. Durante a internação, apresentou dispneia, febre e dessaturação, iniciando tratamento para pneumonia nosocomial e permaneceu internada por 30 dias sem diagnóstico ginecológico estabelecido. Diversos pareceres médicos foram solicitados visando definir diagnóstico, porém em vigência da piora clínica abordagens invasivas foram contraindicadas. Estudo histopatológico confirmou o Coriocarcinoma, e a paciente foi encaminhada ao Hospital Referência em tratamento oncológico 1 semana depois do diagnóstico, vindo à óbito após transferência. Conclusão: O coriocarcinoma é um tumor raro, pouco visto na prática médica e com um quadro clínico similar a outras neoplasias do trato genital como o câncer de colo uterino, e é desconhecido por muitos profissionais de saúde, dificultando o diagnóstico, como destacado no caso descrito, em que paciente recebeu seu diagnóstico apenas por meio do anatomopatológico da lesão vegetante exteriorizada, em vigência de metástase vaginal.Também deve-se destacar fatores regionais importantes que dificultaram o seguimento, como a barreira linguística imposta e a dificuldade de acesso à saúde da comunidade indígena. Dado o exposto, reintera-se a importância da implementação de um fluxo de atendimento para a Doença Trofoblástica Gestacional no Amazonas e a promoção de educação acerca da temática.
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023