Introdução: Nas últimas décadas, foi perceptível a expansão da assistência em saúde aos povos indígenas, ainda assim, observa-se a persistência de desigualdades étnico-raciais que dificultam o acesso aos cuidados de saúde materna e infantil. Nesse cenário, a oferta de atenção pré-natal qualificada é prioridade para aperfeiçoar ações direcionadas às mulheres indígenas, através de monitoramento periódico que identifique as especificidades dessa parte da população. Objetivos: Analisar o perfil e a adequação do pré-natal de mulheres indígenas da Região Norte do Brasil no período de 2018 a 2022. Métodos: Estudo descritivo de método quantitativo, baseando-se nos dados do Departamento de Informa?tica do Sistema U?nico de Sau?de (DataSus) entre 2018 e 2022 na região Norte do Brasil. Os dados são relacionados ao número de nascidos vivos, foi definida a raça indígena, e as variáveis analisadas foram: idade da mãe, instrução da mãe, adequação do pré-natal (que considera o início do pré-natal no primeiro trimestre e um mínimo de 6 consultas) e tipo de parto. Para essa pesquisa não foi necessária a avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa, pois tratam-se de informações de domínio público. Resultados: No período de 2018 a 2022, registraram-se 74.806 nascidos vivos de mulheres indígenas na região Norte do Brasil. Os estados com maior número de registros foram Amazonas (54,3%) e Roraima (21,7%). A maioria das mães era da faixa etária entre 20 e 24 anos (26,9%), seguida da faixa etária de 15 a 19 anos (26,2%). Com relação ao grau de instrução, 48,5% possuía de 8 a 11 anos de estudo, 24,8% possuía de 4 a 7 anos de estudo e 14,06% possuía nenhum grau de instrução. Conforme os dados obtidos, 42,5% realizou pré-natal de forma inadequada; 24,5% de maneira mais que adequada; 13,7% intermediário e 9,2% adequado, enquanto 6,4% não compareceu a nenhuma consulta de pré-natal. De todos os registros, 84,7% foram gestações com desfecho por parto via vaginal. Conclusão: A realização do pré-natal tem a sua importância indiscutível, com o objetivo de garantir o desenvolvimento fetal apropriado e a redução das complicações maternas e fetais. No período estudado, a maioria das indígenas foi mãe com idade inferior a 25 anos, o que pode ser explicado por fatores socioculturais, como início da vida reprodutiva relativamente cedo, quando comparado às não-indígenas, e intervalo intergenésico reduzido. Além disso, mais de 40% do pré-natal das mulheres indígenas foi considerado inadequado. Esses dados refletem uma precária rede assistencial para essa parte da população, e reafirmam desigualdades e barreiras de acesso ao pré-natal que priorize a saúde, o bem-estar e as necessidades específicas das mães indígenas.
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023