Introdução: A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST), causada pelo Treponema pallidum, propagada horizontalmente e verticalmente. Essa última corresponde a transmissão transplacentária, podendo levar a sífilis congênita e diversas consequências caso não haja tratamento precoce da gestante. O método mais utilizado no país para diagnóstico é o teste rápido. O rastreamento em gestantes é obrigatório e de notificação compulsória. Apesar disso, a subnotificação ainda é elevada e o acompanhamento pré-natal inadequado se configura como um fator negativo, evidenciando a relevância desse estudo para saúde pública. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico de gestantes e correlacionar com o diagnóstico para sífilis no Amazonas entre 2013 a 2022. Métodos: Estudo epidemiológico descritivo de base populacional através da análise de dados do Sistema de Notificação de Doenças e Agravos de Notificação, de 2013 a 2022; variáveis utilizadas: idade, escolaridade, raça, fase clínica do diagnóstico e diagnóstico por municípios do estado do Amazonas. Resultado: Entre 2013 a 2022, houve constante ascensão do número de diagnósticos de Sífilis nas gestantes. É possível estabelecer relação para esse aumento através do aumento das notificações devido às políticas públicas de saúde que são disponibilizadas e o absenteísmo, por parte dos casais, do uso de métodos de barreira nas relações sexuais. Esse absenteísmo é, muitas das vezes, justificado para que haja uma melhora do desempenho e prazer sexual – o que diretamente, aumenta o risco de contaminação por parte da gestante. O maior número de casos observados reside entre as idades de 20 a 39 anos (68% do total da amostra). A essa faixa etária se relaciona o maior período de desempenho da vida sexual. Logo em seguida, com 27%, está a faixa dos 15 a 19 anos. Essa, com a justificativa do início precoce da vida sexual, associada à baixa escolaridade. Quanto à escolaridade o predomínio está da 5ª a 8ª série do ensino fundamental incompleto (21,64%), seguida pelo ensino médio incompleto (16,18%). É mister identificar que a baixa escolaridade precipita a ingenuidade acerca das inúmeras ISTs que podem ser propagadas durante o ato sexual. O levantamento racial mostrou que a raça parda se destacou entre as demais, fato observado em diversas literaturas que apontam grande relação entre o status socioeconômico e a raça parda, essa que muitas das vezes é linkada às regiões menos favorecidas de infraestrutura e qualidade de vida. Quanto à fase clínica, destaca-se a primária (43,60%), seguida pela latente (31,08%). Essa é a variável que se demonstrou mais discordante em todas as literaturas utilizadas. Em algumas, é identificada como principal a fase terciária e, em outras, a classificação ignorada. A justificativa dessa discordância é o equívoco diagnóstico durante a avaliação médica. Conclusão: Os resultados obtidos permitiram compreender que o aumento dos casos pode se relacionar ao melhoramento do sistema de vigilância e notificação, a maior procura das mulheres gestantes por serviços de pré-natal, além de definir grupos mais suscetíveis. Somado a isso, vale ressaltar a importância da manutenção de um pré-natal adequado afim de evitar diagnósticos tardios e o tratamento precoce.
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023