A dengue é um relevante problema de saúde pública, especialmente em áreas tropicais e subtropicais. É uma doença viral transmitida por mosquitos do gênero Aedes sp, e tem impactos significativos na saúde reprodutiva da mulher, ainda não esclarecidos totalmente pela literatura. Durante a gravidez, a doença aumenta o risco de complicações, como parto prematuro, aborto espontâneo e restrição de crescimento fetal. Assim, gestantes com sintomas suspeitos de dengue, principalmente em locais endêmicos, devem ser observadas cuidadosamente, a fim de evitar possíveis complicações que acarretem riscos à mãe e ao feto. Desse modo, é fundamental conhecer e entender o impacto da dengue nessa população. Esse trabalho teve por objetivo esclarecer, por meio da síntese dos resultados de estudos científicos, o impacto da dengue na saúde reprodutiva da mulher. Trata-se de uma revisão sistemática realizada no Pubmed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os descritores utilizados na pesquisa foram “Dengue” AND “Saúde Reprodutiva”; e “dengue fever” AND “reproductive health”. Os critérios de exclusão englobam estudos que abordam principalmente outras arboviroses sem ser a dengue, estudos que não estejam relacionados com reprodução feminina, pesquisas que não se concentram em saúde reprodutiva feminina e relatos de casos. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos últimos 10 anos, em inglês e em português. Foram encontrados 131 artigos. Após a filtragem metodológica através de critérios de exclusão e inclusão complementada com a aplicação do sistema GRADE para verificar qualidade de evidência científica, juntamente com a ferramenta AMSTAR-2, foram selecionados 7 artigos para análise. A literatura não traz os efeitos da dengue sobre a saúde reprodutiva da mulher de forma clara e concisa. Os dados obtidos mostraram que a transmissão vertical do vírus, principalmente durante a organogênese, embora rara, pode resultar na dengue congênita, visto que não ocorreria a transferência dos anticorpos maternos. Além disso, a gravidez pode tornar a mulher propensa a se infectar, porque é caracterizada como um estado de relativa “imunossupressão”. Os aspectos clínicos da doença podem ser agravados durante a gravidez, a existência de manifestações relacionadas a sangramentos podem causar prejuízo na circulação placentária, além do vírus da dengue possivelmente inflamar os tecidos placentários. Dessa forma, a literatura correlaciona a dengue com um risco de morte materna através da febre hemorrágica, e com o nascimento prematuro e baixo peso ao nascer do feto. Outro fator relacionado com a evolução clínica seria o erro de diagnóstico por sintomas similares aos de outras infecções, como a de COVID-19, e consequente atraso no tratamento. Os resultados analisados deixam claro a lacuna existente nas pesquisas científicas voltadas ao tema. A abordagem em mulheres grávidas foi o mais estudado até o presente momento, porém, com dados ainda limitados. Esses dados demonstram a associação entre a infecção por dengue durante a gravidez e as complicações à mãe e ao feto. Ademais, enfatiza-se que a semelhança de sintomas com outras doenças, como a COVID-19, torna a capacitação dos profissionais de saúde pública ainda mais relevante, de modo a alcançar uma vigilância aprimorada dessa arbovirose em mulheres, principalmente gestantes.
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