Introdução: A cultura do machismo historicamente afeta as condições de saúde das mulheres independente de raça, classe e idade, com impacto na redução da autoestima, tendo sido o autocuidado um desafio para elas. As práticas de cuidado baseado em concepções de saúde e doença advindas dos conhecimentos populares sempre foram uma alternativa de autocuidado. Como exemplo, o uso de ervas medicinais e “rezas” para prevenir e tratar doenças, incluindo sintomas relacionados a saúde feminina, prática comum de cuidado entre alguns povos indígenas e ribeirinhos tendo como exemplo o uso de cascas das madeiras carapanaúba ou castanheira na água para o tratamento de corrimento vaginal através de banho de assento. No entanto, a resistência biomédica em reconhecer a eficácia desses cuidados contribuiu para a invisibilização das formas de fazer saúde desses povos. Objetivos: Avaliar a influência da medicina indígena na saúde feminina no Amazonas. Metodologias: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura que visou analisar descritivamente o que estava disponível sobre a temática. Foram utilizados a ferramenta Google Academic e os descritores “Medicina Indígena”, “Saúde da Mulher”, “Saúde sexual e Reprodutiva” e “Mulheres Indígenas” alternados pelo operador booleano AND. A pesquisa foi feita em 27/04/2024 considerando os anos de 2020 a 2024. Obteve-se 2940 resultados, dos quais foram incluídos 2, pois constavam em páginas em português e falavam sobre medicina indígena, cuidados tradicionais e saúde feminina no geral. Resultados: As mulheres das zonas rurais e ribeirinhas lidam com barreiras geográficas que dificultam o seu acesso ao serviço público de saúde do Brasil, e por isso são as que mais praticam cuidados em saúde com base nos conhecimentos ancestrais originados a partir dos povos indígenas. Tal relação se deve ao fato de ambas, assim como os povos indígenas, viverem e conviverem com a floresta e com a dinâmica dos rios. Além disso, a epidemiologia local sugere alta prevalência de doenças infecciosas e parasitárias, além de doenças crônicas típicas do contexto como HAS e DM. Seus saberes culturais repassados por gerações, como o uso de plantas medicinais para o tratamento de enfermidades integram o saber popular, cultura, religiosidades, mitos e conhecimento, e no que tange às mulheres indígenas, eles representam também consciência ecológica e uma tradição familiar além do cuidado. Entretanto, diversas lacunas existem em relação a concepções culturais como, por exemplo: corpo, fluidos corporais, reprodução e planejamento familiar, o que mostra a necessidade de ampliação do conhecimento transcultural, sendo necessário então a implementação de maiores conhecimento pelas equipes de saúde de maneira que os cuidados sejam realizados de forma equitativa e culturalmente sensível, havendo sobretudo respeito a suas culturas e tradições. Conclusão: A maioria das mulheres associa os cuidados biomédicos aos cuidados ancestrais herdados dos povos indígenas. Observou-se a escassez de artigos que tratem especificamente da temática de cuidados ancestrais indígenas por mulheres não indígenas. Por fim, fazem-se necessários novos estudos acerca da temática que auxiliem a criação de políticas públicas que respaldem a associação dos cuidados tradicionais aos biomédicos no serviço público de saúde do país.
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023