Introdução: A endometriose é uma doença ginecológica inflamatória crônica que acomete cerca de 5% a 10% de mulheres brasileiras na idade reprodutiva, é caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial fora da cavidade uterina. Por sua progressão estar associada ao hormônio estrogênio, grande parte do tratamento está relacionado a terapia hormonal, que visa mitigar sintomas álgicos, bem como minimizar as chances de reincidência de endometriomas. Diante do considerável número de casos de endometriose, é fundamental compreender as dificuldades e progressos no tratamento com hormonioterapias para essa doença, visando promover uma melhor qualidade de vida para as mulheres afetadas por essa condição. Objetivos: Identificar estudos que analisem a utilização de terapias hormonais no tratamento da endometriose e as evoluções e obstáculos associados a essas abordagens, a fim de compilar materiais que auxiliem na promoção de desfechos positivos às pacientes. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática com artigos obtidos nas bases de dados PUBmed e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Os descritores em ciência da saúde utilizados foram: “Endometriose” e “terapia hormonal”, “ endometriosis” AND “ hormone therapy”(PUBmed). Enquanto que no PubMed, de 135 artigos, foram selecionados após filtragem 8. Os critérios de exclusão foram: estudos que não se concentram na terapia hormonal e que não tem foco na endometriose, revisões sistemáticas e relatos de casos, foram descartados e os critérios de inclusão foram: artigos publicados nos últimos 10 anos que abranjam terapia hormonal no tratamento da endometriose, artigos em inglês e português. O sistema GRADE foi utilizado para avaliar o nível de evidência científica dos trabalhos selecionados. Resultados: Os 23 estudos analisados sobre pacientes submetidos a terapias hormonais mostraram-se complexos e multifacetados. Isso porque, essa prática requer uma avaliação de riscos e benefícios de forma relativa em cada mulher. Esse tratamento apresentou-se como uma alternativa ao uso da intervenção cirúrgica. No contexto, de recorrência da endometriose pós cirurgia, tanto os ensaios randomizados quanto estudos de coorte mostraram que a terapia hormonal reduz o risco de recorrência, especialmente contraceptivos orais e progestina. De maneira negativa, um malefício do uso da terapia hormonal em mulheres com endometriose, é o potencial de aumento do risco de câncer de mama quando os hormônios possuem combinações e de uso dependente da dosagem, especialmente em mulheres que passam por histerectomia parcial. Além disso, a terapia hormonal pode estar associada a um aumento de anemia e depressão. Esses impactos adversos dependem de múltiplos fatores relacionados à gravidade dos sintomas, presença de condições clínicas paralelas à endometriose e histórico médico pessoal. Conclusão: Portanto, observa-se que o uso de terapias hormonais no tratamento de endometriose é complexo, mostrando-se eficaz ao evitar sua recorrência, mas aumentando risco de câncer de mama, anemia e depressão. Logo, é necessária a realização de mais estudos sobre o tema, além de avaliações de risco para as mulheres.
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