INTRODUÇÃO: O Brasil apresenta o segundo maior número de cesáreas no mundo, fator que parece contribuir com as taxas de morbimortalidade materna e perinatal. Ampliar o acesso à anestesia epidural (AE) durante o trabalho de parto (TP) representa uma estratégia de redução desses índices. Fases expulsivas prolongadas e exaustão da parturiente estão entre as recomendações de uso da AE, segundo o Ministério da Saúde. Essa técnica realiza uma punção torácica ou lombar para administração de anestésico via cateter inserido no espaço epidural e conectado a uma bomba de infusão. Isso minimiza o bloqueio motor e reduz riscos de efeitos adversos. Quando realizada corretamente, a AE possui raras contra-indicações absolutas. Coagulopatia, trombocitopenia, infecção da região lombar e aumento da pressão intracraniana são exemplos de contra-indicações relativas. OBJETIVOS: Estudos de coorte têm demonstrado diferentes repercussões clínicas relacionadas à AE no TP. A presente meta-análise propõe uma síntese de desfechos maternos e neonatais buscando revelar as implicações da AE no TP. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão sistemática e meta-análise desenvolvida conforme as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Review). PubMed, Embase e Cochrane foram as bases para coleta de estudos de coorte prospectivos e retrospectivos que avaliassem as implicações maternas, neonatais e no TP de nulíparas e multíparas que receberam AE comparadas àquelas que não receberam AE. Foram calculados riscos relativos (RR) com intervalos de confiança (IC) de 95%. A heterogeneidade foi avaliada com a estatística I². O software Review Manager 5.4 foi utilizado na análise estatística. RESULTADOS: Foram incluídas 13 coortes, totalizando 634.764 pacientes nulíparas e multíparas. Desse total, 173.625 receberam AE (27,35%). Na análise geral, observou-se um aumento na taxa de cesáreas no grupo que não recebeu AE (RR 2.73, 95% IC: 1.01-7.41, p=0.003, I² = 83%) e diminuição do segundo período do TP no grupo submetido à AE (RR 20.54, 95% IC: 9.55-31.54, p<0.00001, I² = 100%). Não foram observadas diferenças estatísticas nos desfechos: APGAR no 1º minuto < 7 (RR 1.15, 95% IC: 0.78-1.69, p<0.00001, I² = 83%), APGAR no 5º minuto < 7 (RR 1.17, 95% IC: 0.63-2.23, p<0.00001, I² = 88%), taxa de parto cesáreo no grupo que recebeu AE (RR 1.47, 95% IC: 0.81-2.67, p<0.00001, I² = 100%) e admissão em UTI neonatal (RR 1.22, 95% IC: 0.66-2.23, p<0.00001, I² = 96%). CONCLUSÃO: Nesta revisão sistemática e meta-análise de estudos de coorte sobre os aspectos maternos, neonatais e no TP da AE em parturientes, o uso dessa técnica revelou redução no segundo período do TP, enquanto sua não utilização aumentou as taxas de cesáreas de emergência, ratificando os benefícios da AE quando utilizada no TP de nulíparas e multíparas.
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