Introdução: acretismo placentário (AP) caracteriza-se pela implantação anormal da placenta, que pode ser classificada em três espectros conforme o grau de invasão trofoblástica: placenta acreta, quando as vilosidades aderem à superfície miométrio; placenta increta, em que as vilosidades placentárias penetram no miométrio; e placenta percreta, na qual o tecido viloso atravessa a parede uterina, podendo atingir órgãos e tecidos adjacentes. Essa condição apresenta diversas complicações obstétricas associadas, tais como: descolamento placentário, hemorragia e rotura uterina. Identificar possíveis fatores de risco, como cesáreas prévias e outras cirurgias uterinas, e realizar o diagnóstico precoce são pontos importantes para favorecer melhores desfechos maternos e neonatais. Objetivo: descrever um caso de acretismo placentário e correlacionar os dados obtidos com a literatura. Métodos: trata-se de um estudo observacional descritivo com uso de dados primários obtidos por revisão de prontuário e correlacionados com a literatura. Resultados: paciente feminina, 22 anos, proveniente do interior do Amazonas, secundigesta, antecedente de um parto cesáreo, sem relato de identificação de AP durante o pré-natal, apresentou-se em uma maternidade pública de Manaus-AM com relato de dor em baixo ventre e sangramento vaginal. Ao exame obstétrico, foi identificado sangramento vermelho vivo em quantidade moderada e colo fino com 2 cm de dilatação. Ao exame ultrassonográfico, presença de feto único, com idade gestacional compatível com 32 semanas e 4 dias, 145 BCF, placenta com inserção corporal anterior grau II de Grannun e área de descolamento placentário medindo 5,5 x 6,4 x 3,2 cm. A paciente foi submetida à cesárea de emergência, sendo observada grande quantidade de sangue e coágulos em cavidade abdominal, além de rotura em parede anterior do útero e laceração da bexiga. Seguiu-se a extração de feto com boa vitalidade e realização de ligadura do plexo útero-ovariano, trompas e artéria uterina; exérese do corpo uterino; fechamento da laceração vesical e do colo uterino. Durante o procedimento intra-operatório, a paciente evoluiu com choque hipovolêmico, contornado após a transfusão de duas unidades de concentrado de hemácias, sem demais intercorrências. Após a cirurgia, a paciente permaneceu na UTI por um dia, em tratamento de suporte. No segundo dia pós-operatório, a paciente foi encaminhada ao alojamento conjunto, onde evoluiu satisfatoriamente e aguardou alta do recém-nascido. Conclusão: nota-se, portanto, congruência entre o caso e o reportado na literatura. A principal causa de AP na atualidade são as cicatrizes por cesarianas prévias, meio de parto crescente devido ao desejo materno. Entre as complicações mais comuns da AP estão descolamento placentário, hemorragia, rotura uterina e lesão de bexiga, condições identificadas ao exame de imagem e intra-operatório. Destaca-se também a importância da identificação de fatores de risco e da utilização da ultrassonografia do segundo trimestre como método de triagem, na qual podem ser encontrados sinais como: presença de numerosas lacunas placentárias; perda da interface entre útero e bexiga; perda do espaço livre entre o útero e a placenta; e miométrio com espessura menor que 1mm. Essas medidas podem permitir o diagnóstico precoce, gerando oportunidade de prever e melhor conduzir possíveis complicações.
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JORNADA AMAZONENSE DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 2023