A endometriose é uma patologia ginecológica caracterizada pela implantação de tecido endometrial externamente à cavidade uterina, com predominância em área pélvica. Trata-se de uma doença benigna, crônica, estrogênio-dependente, de etiologia multifatorial e controversa, a qual afeta por volta de 10% da população feminina global em idade reprodutiva. Dor pélvica crônica, dispareunia, dismenorreia, massas anexiais e a infertilidade são algumas das variadas manifestações clínicas. Estudos demonstram que entre 25 e 50% das mulheres inférteis são portadoras de endometriose e 30 a 50% das mulheres com endometriose apresentam infertilidade. Apesar da carência de evidências mais concretas e claras, tanto sobre a própria fisiopatologia da doença, quanto a sua relação causal com a infertilidade, existem algumas opções terapêuticas para aquelas pacientes portadoras de infertilidade associada a endometriose que detém o desejo de concepção. As alternativas de tratamento consistem em: abordagem cirúrgica, através de laparoscopia por laser ou eletrocauterização; tratamento por reprodução assistida, como inseminação intrauterina e FIV (fertilização in vitro); e terapias hormonais, principais representantes os análogos de GnRH. O presente estudo tem por objetivo reunir as evidências científicas relativas aos recentes tratamentos disponíveis para mulheres que enfrentam a infertilidade associada a endometriose e almejam a gravidez. Como metodologia de revisão de literatura, de caráter qualitativo, foram utilizados artigos originais, excluindo-se duplicidades, com dados extraídos das plataformas PubMed, SciELO e LILACS, com os descritores “endometriose” and “infertilidade” and “tratamento” or “FIV” or “laparoscopia” or “GnRH”. Referente aos resultados, verificou-se baixa eficácia no uso individual da terapia medicamentosa hormonal, entretanto seu valor foi observado no aumento da probabilidade de sucesso em esquemas terapêuticos combinados. A laparoscopia com ablação das lesões, considerada padrão-ouro no tratamento da infertilidade associada a endometriose, apresentou maiores taxas de gravidez espontânea em pacientes jovens, com lesões de grau mínimo a leve. Estudos apontaram maiores taxas de concepção ao administrar análogos de GnRH após intervenção cirúrgica. A reprodução assistida indicou ser a forma mais eficaz de tratamento, além de demonstrar aumento nas chances de gravidez quando incorporada ao uso de agonistas de GnRH durante três meses prévios. Foram constatados bons resultados com o uso de fertilização in vitro após abordagem cirúrgica em casos de endometriose avançada, estágios III e IV. Como conclusão, a análise dos estudos apresentou efetivas possibilidades de tratamento e a essencialidade da individualização na escolha de tal para maiores taxas de sucesso. Todavia testemunhou a persistente obscuridade vinculada aos conhecimentos fisiopatológicos, diagnósticos e terapêuticos de uma das patologias incuráveis mais relevantes para qualidade de vida da população feminina, e a necessidade de novos estudos clínicos randomizados, de coorte e de controle acerca da infertilidade relacionada à endometriose.
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ASSAGO
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