Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a definição de mortalidade materna consiste na morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término desta, independente da duração ou localização da gravidez, devido a qualquer causa relacionada com ou agravada por ela ou por medidas tomadas em relação a mesma, porém não devido a causas acidentais ou incidentais. Observa-se uma tendência global de declínio nessa taxa, embora existam disparidades significativas entre países e/ou regiões de um mesmo país. Esse fenômeno pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo a demora na busca por assistência médica, o atraso no acesso a centros de saúde apropriados e falhas no manejo. Diversas causas patológicas que podem estar relacionadas ou não à gestação, como hemorragias e hipertensão, contribuem para este cenário. O objetivo deste estudo é analisar as tendências e determinantes da mortalidade materna no Brasil durante o período de 2013 a 2022, identificando as principais etiologias que contribuem para a incidência de óbitos maternos, outrossim, descrever a evolução da taxa de mortalidade durante o período estudado. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, de abordagem quantitativa, com foco exclusivo no Brasil. A base de dados empregada é o DATASUS, através do painel DAENT de monitoramento de mortalidade materna. A população-alvo é composta por mulheres em idade fértil residentes no Brasil, cujos óbitos foram oficialmente declarados como maternos. O intervalo temporal para análise se estende de 2013 a 2022. Foram incluídos todos os óbitos maternos reportados nas unidades federativas do Brasil, enquanto óbitos de idêntica natureza notificados fora desse período delimitado foram excluídos deste estudo. As variáveis investigadas incluem: óbitos maternos declarados; classificação dos óbitos quanto a associação com causas obstétricas diretas ou indiretas; especificação das causas diretas. No referido período foram registrados 681.379 óbitos de mulheres em idade fértil, com aumento em média de 3371 mortes/ano. Destes, 2,66% foram maternos declarados. A Região Sudeste contabilizou a maior parte, com 35,7%. Em 2021 foi registrada a maior porcentagem de mortalidade materna do período avaliado no país, com aumento de 54,02% em relação ao ano anterior e 79,42% com relação ao primeiro ano analisado. As causas obstétricas diretas foram predominantes em todos os anos, exceto 2021, em que representaram 33,88% dos óbitos. Na década analisada, esse tipo de causa foi responsável por 59,93% dos óbitos maternos, 34,27% delas na Região Nordeste. Em 2021 as causas indiretas dispararam como responsáveis por 64,1% das mortes e predominaram em todas as regiões do país, com destaque para os 38,9% da Região Sudeste. De acordo com as subclassificações de óbitos por causas obstétricas diretas em: abortos, hemorragia, hipertensão e infecção puerperal, a hipertensão foi responsável pela maior parte das mortes em todos os anos, com 29,41% dos casos. No período avaliado a mortalidade materna teve aumento significativo e as causas predominantes foram obstétricas diretas, dentre as quais a hipertensão foi a mais prevalente. O ano de 2021 foi marcado por diferir dos demais avaliados com predomínio de óbitos por causas indiretas em todas as regiões do país.
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