Trata-se de uma pesquisa sobre relações engendradas e vivenciadas no rio Jaguaribe, um rio intermitente, que atravessa os sertões cearenses, e constitui o mais significativo regime fluvial do Estado, formando, juntamente com os seus dois principais afluentes (rio Salgado e o rio Banabuiú), a grande bacia hidrográfica do Jaguaribe, que vai desde o sertão dos Inhamuns, no município de Tauá, até a foz, no Cumbe. Uma paisagem natural possui temporalidades, e, portanto, mais do que correntezas aquíferas, o Jaguaribe abriga em seu leito variedades de narrativas e discursos: disputas políticas, intervenções científicas e um papel proeminente no processo de ocupação das terras do sertão cearense. Os muitos indivíduos se mostram pelos sentidos e lugares que dão ao mundo, ao rio e a si, dentro desta ambiência. Ao espacializar os sujeitos que participam, escrevem e dão ‘vozes’ aos variados discursos relacionados ao Jaguaribe, busquei historicizar os sentidos que meu objeto, o Rio Jaguaribe, carrega. A partir disso, localizei o rio nestes discursos, apreendendo os ‘lugares’ que os discursos e os sentidos emitidos por eles dão ao Jaguaribe, e aos elementos a ele associados (que o compõe). Para este colóquio, destaco as representações imaginárias que tecem moradores do município de Jucás, no vale do Alto Jaguaribe, as quais são fruto – tanto quanto a ciência técnica dos engenheiros, os relatos e experiências de viajantes naturalistas do século XIX, as obras literárias, musicais ou poéticas, ou as narrativas dos folcloristas – de uma margem da relação humana com a natureza. Uma lenda, composição imaginária, relacionada à ambiência de um rio, comunica mais uma das multiplicidades de relações que os indivíduos tecem com os elementos que compõem a natureza. Nos açudes do rio Jaguaribe, em Jucás, vive um bicho que traz consigo, em seu codinome, unicamente a indicação de sua pertença: um bicho do rio. Não se trata de um bicho qualquer, encontrado em outro lugar, senão no rio; e este rio é o Jaguaribe. Um bicho que pode ser tantos bichos quantos existam nas visões/memórias daqueles que foram atacadas por ele, bem como na fauna local do rio. O nascimento do Bicho do Rio se deu em 1914, filho de uma mulher solteira, que, envergonhada de seu estado, o deixou nas correntezas do rio. Desde então, como castigo à mãe, condenando-a, e a todas as pessoas da cidade, essa criança, transformada num bicho que mata de maneira misteriosa, dentro do rio. A análise da lenda do Bicho do Rio abarca elementos da cultura e natureza do vale do Jaguaribe, e, será feita através do entrançado das narrativas orais recolhidas na pesquisa de campo, realizada no entre 2008 e 2010, juntamente com um cordel e o estudo das dinâmicas culturais que marcaram a história do sertão cearense, numa região outrora ocupada por indígenas da etnia jucá.
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva - UFRN
Allyson Iquesac Santos de Brito - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Ana Maria Veiga - UFPB
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Beatriz Alves dos Santos – Doutoranda (PPGH/UFRN)
Bianca Ferreira do Nascimento - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira - Mestra (PPGHC/UFRN)
Fabio Mafra Borges - UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Gracineide Pereira dos Santos Oliveira - PDJ-CNPq/FAPERN/PPGHC-UFRN
Hozana Danize Lopes de Souza - Mestra (PPGHC-UFRN e PPGArqueologia-UFPE)
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestrando (PPGHC-UFRN)
Jessica Éveny Cardoso Martins - Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Fátima - Conceição-PB
João Paulo de Lima - Secretaria de Educação de Serra Negra do Norte - RN
Jovelina Silva Santos – UERN / PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Juciene Batista Félix Andrade - UFRN
Kayann Gomes Batista - Doutorando (PPGArqueologia-UFPE)
Laise Vitória de Figueredo Souza - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Leandro Vieira Cavalcante - UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - UFRN
Maria Dolores de Araújo Vicente - SESC-Caicó/RN
Mario Sélio Ferreira de Brito - Escola Municipal Professora Maria Letícia Damasceno - SEMEC - Santana do Matos-RN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula - Câmara Municipal de Currais Novos-RN
Roselia Cristina de Oliveira - PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Rosenilson da Silva Santos - UERN
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN - Campus Apodi
Thales Lordão Dias - Doutorando (PPGH-UFRN)
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando em História dos Sertões - PPGHC-UFRN
Vitória Maria Targino Filgueiras - Mestranda em História dos Sertões - PPGHC/UFRN
Anais da VII Jornada Nacional de História dos Sertões / I Colóquio Internacional História dos Sertões e Outros Mundos ISBN 978-65-01-20988-3 Caicó - RN - 11 a 14 de novembro de 2024 Realização Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo Caicó-RN – CEP 59374-000 E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br Organizadores Helder Alexandre Medeiros de Macedo Joel Carlos de Souza Andrade Ana Luísa Araújo Medeiros Bianca Ferreira do Nascimento Cleidiane de Araújo Oliveira Francisca Araújo Saraiva Gabriel da Silva Freire Gabriella Beatriz Freire Xavier Karollainy Kennya Dias de Medeiros Laíse Vitória de Figueredo Souza Tatiane Medeiros Alves Identidade visual Inspirada na xilogravura “Aves de arribação”, do mestre Givanildo, de Bezerros-PE (@gxilogravuras).
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