Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, o trato às políticas indigenistas ganhou um aparato legal mais alinhado às aspirações do movimento indígena brasileiro, extinguindo a premissa de integração/assimilação e estabelecendo o direito a sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições. Com a sua promulgação, algumas leis foram absorvidas pela presente Carta Magna e continuaram em vigor, a exemplo de partes da legislação indigenista já existente. Desde o início da implementação do projeto colonial e adentrando o Império, os povos indígenas são vítimas de uma série de controvérsias jurídicas, onde muitos direitos foram assegurados e logo revogados. No campo jurídico, a delimitação da capacidade civil é regida pela capacidade de direito e capacidade de fato, onde os povos indígenas, por habitarem o solo brasileiro tinham, durante o século XX, a capacidade de direito assegurada, algo inerente à pessoa viva. No entanto, sua capacidade de fato, relativa a aptidão de exercer direitos e tomar decisões legais de forma autônoma e consciente, só poderia ser adquirida pelos indígenas após a devida assimilação e integração a “civilização”. Tal concepção é fruto dos debates que baseavam o pensamento indigenista do século XX, expresso legalmente através de uma série de leis, decretos e normas. Tendo isso em mente, a presente pesquisa tem como objetivo discutir esse pensamento indigenista, em debate nas primeiras décadas da República no Brasil, entre o final do século XIX e início do século XX, e seus reflexos na legislação que dispunha sobre a condição legal dos indígenas. Por meio de pesquisa documental e bibliográfica, buscamos compreender a visão das elites intelectuais, políticas e militares, sobre o lugar do indígena na nova ordem social e como o Estado, então considerado laico, deveria relacionar-se com essas populações. A análise do pensamento indigenista, além de pautar-se na bibliografia que trata do tema, tomou como fontes documentais principais os Relatórios do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC), a Revista do MAIC e o Folheto da Igreja e Apostolado Positivista do Brasil. Para ancorar os debates sobre os efeitos da ideologia na política indigenista, foram analisados o Código Civil de 1916 e os Estatutos dos Índios de 1928 e 1973. Abordamos como a ideologia positivista, amplamente difundida às vésperas da Proclamação da República tanto nos quartéis quanto em plenárias de intelectuais, influenciou a formação das políticas indigenistas ao longo do século XX. Por outro lado, observou-se que, não obstante décadas de atuação estatal entre os indígenas, a concepção da necessidade de tutelar essas populações e de integração à “comunhão nacional” permaneceu com forte vigor e expressão na legislação, legitimando, primeiramente, a ação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e, em um segundo momento, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), ambos órgãos estatais de ação tutelar.
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva - UFRN
Allyson Iquesac Santos de Brito - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Ana Maria Veiga - UFPB
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Beatriz Alves dos Santos – Doutoranda (PPGH/UFRN)
Bianca Ferreira do Nascimento - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira - Mestra (PPGHC/UFRN)
Fabio Mafra Borges - UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Gracineide Pereira dos Santos Oliveira - PDJ-CNPq/FAPERN/PPGHC-UFRN
Hozana Danize Lopes de Souza - Mestra (PPGHC-UFRN e PPGArqueologia-UFPE)
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestrando (PPGHC-UFRN)
Jessica Éveny Cardoso Martins - Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Fátima - Conceição-PB
João Paulo de Lima - Secretaria de Educação de Serra Negra do Norte - RN
Jovelina Silva Santos – UERN / PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Juciene Batista Félix Andrade - UFRN
Kayann Gomes Batista - Doutorando (PPGArqueologia-UFPE)
Laise Vitória de Figueredo Souza - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Leandro Vieira Cavalcante - UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - UFRN
Maria Dolores de Araújo Vicente - SESC-Caicó/RN
Mario Sélio Ferreira de Brito - Escola Municipal Professora Maria Letícia Damasceno - SEMEC - Santana do Matos-RN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula - Câmara Municipal de Currais Novos-RN
Roselia Cristina de Oliveira - PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Rosenilson da Silva Santos - UERN
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN - Campus Apodi
Thales Lordão Dias - Doutorando (PPGH-UFRN)
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando em História dos Sertões - PPGHC-UFRN
Vitória Maria Targino Filgueiras - Mestranda em História dos Sertões - PPGHC/UFRN
Anais da VII Jornada Nacional de História dos Sertões / I Colóquio Internacional História dos Sertões e Outros Mundos ISBN 978-65-01-20988-3 Caicó - RN - 11 a 14 de novembro de 2024 Realização Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo Caicó-RN – CEP 59374-000 E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br Organizadores Helder Alexandre Medeiros de Macedo Joel Carlos de Souza Andrade Ana Luísa Araújo Medeiros Bianca Ferreira do Nascimento Cleidiane de Araújo Oliveira Francisca Araújo Saraiva Gabriel da Silva Freire Gabriella Beatriz Freire Xavier Karollainy Kennya Dias de Medeiros Laíse Vitória de Figueredo Souza Tatiane Medeiros Alves Identidade visual Inspirada na xilogravura “Aves de arribação”, do mestre Givanildo, de Bezerros-PE (@gxilogravuras).
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