“Eu sei das rezas, ninguém nunca me ensinou”: Um estudo sobre as práticas e memórias das rezadeiras em Cajazeiras, no Alto Sertão Paraibano, na contemporaneidade

  • Autor
  • Mariana Palácio de Melo
  • Resumo
  •  

    Nos sertões nordestinos, lugares que ao longo de sua história foram marcados pelo descaso público, a cura não se dava por mãos médicas ou procedimentos, mas comumente por orações, terços e ramos orientados por senhoras idosas. Religião e medicina, cura e fé se mesclavam, influenciavam-se, disputavam este campo de poder. Na contemporaneidade, as benzedeiras, figuras estudadas nesta pesquisa, ainda estão presente no cotidiano sertanejo e são geralmente identificadas como pessoas idosas, conhecedoras de múltiplas ervas e orações, além de possuidoras de determinados dons curativos. Essas mulheres evidenciam a multiculturalidade do país fundindo conhecimentos de matrizes indígenas e africanas, além de um aparato religioso baseado no catolicismo, demonstrando o sincretismo de suas práticas. Suas ações consistem em executar benzeduras para extinguir determinados males, como: "mau-olhado", “ventre-virado”, “espinhela caída”, “carne triada”, “quebranto”, dentre outros. Considerando estes aspectos que permeiam o ofício do benzer, esta pesquisa objetivou historicizar e analisar as práticas e rituais das rezadeiras em Cajazeiras, no Alto Sertão Paraibano e utilizou-se da metodologia da História Oral a partir das óticas de Alberti (2005) e Delgado (2003). Dessa forma, com o alicerce teórico fornecido por Lemos Filho (1996) e Souza (2003) para caracterizar o catolicismo popular, bem como os estudos de Cericatto (2019), Oliveira (1995), Santos (2019) foram entrevistadas 7 (sete) mulheres benzedeiras residentes na zona urbana de Cajazeiras. As voluntárias do estudo realizaram exposições relacionadas ao recebimento do dom, da perpetuação das rezas as futuras gerações, das querelas que chegam até elas, os procedimentos realizados nestes casos e igualmente, sobre possíveis ataques de preconceitos que possam ter sofrido, o que permitiu a compreensão de suas memórias e particularidades. Ademais, este estudo evidenciou que as rezadeiras de Cajazeiras, Paraíba são mulheres que passaram por percalços, fazem parte de um universo plural e diversificado, com várias facetas e perfis, diversas experiências de vida e com dons que se apresentam de múltiplas formas; ademais, com públicos distintos. São pessoas com grande fé que acreditam estar ajudando ao próximo fazendo o bem. Defende-se, ainda, que as rezadeiras são parte essencial da cultura imaterial brasileira e não são reconhecidas pelo seu papel social prestado frente às populações marginalizadas. É notório, igualmente, a não propagação da prática, podendo culminar em uma supressão desses saberes. Assim, esta pesquisa evidenciou tais fatores e buscou por um maior reconhecimento das rezadeiras sertanejas enquanto agentes de resistência. 

     

  • Palavras-chave
  • Rezadeiras, Sincretismo religioso, Catolicismo popular, História Oral.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Simpósio Temático 4 - Hibridismos, cultos e devoções: trajetórias e possibilidades para compreender os caminhos da fé pelos sertões
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  • Simpósio Temático 8 – História indígena e ensino de História
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  • Simpósio Temático 16 - História e quadrinhos: o uso dos quadrinhos como fonte histórica e recurso didático
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva - UFRN

Allyson Iquesac Santos de Brito - Mestrando (PPGHC/UFRN)

Ana Maria Veiga - UFPB

Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN

Beatriz Alves dos Santos – Doutoranda (PPGH/UFRN)

Bianca Ferreira do Nascimento - Mestranda (PPGHC/UFRN)

Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB

Cleidiane de Araújo Oliveira - Mestra (PPGHC/UFRN)

Fabio Mafra Borges - UFRN

Francisco Firmino Sales Neto - UFCG

Gabriel da Silva Freire - Mestrando (PPGHC/UFRN)

Gracineide Pereira dos Santos Oliveira - PDJ-CNPq/FAPERN/PPGHC-UFRN

Hozana Danize Lopes de Souza - Mestra (PPGHC-UFRN e PPGArqueologia-UFPE)

Jailma Maria de Lima - UFRN

Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestrando (PPGHC-UFRN)

Jessica Éveny Cardoso Martins - Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Fátima - Conceição-PB

João Paulo de Lima - Secretaria de Educação de Serra Negra do Norte - RN

Jovelina Silva Santos – UERN / PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN

Juciene Batista Félix Andrade - UFRN

Kayann Gomes Batista - Doutorando (PPGArqueologia-UFPE)

Laise Vitória de Figueredo Souza - Mestranda (PPGHC/UFRN)

Leandro Vieira Cavalcante - UFRN

Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - UFRN

Maria Dolores de Araújo Vicente - SESC-Caicó/RN

Mario Sélio Ferreira de Brito - Escola Municipal Professora Maria Letícia Damasceno - SEMEC - Santana do Matos-RN

Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula - Câmara Municipal de Currais Novos-RN

Roselia Cristina de Oliveira - PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN

Rosenilson da Silva Santos - UERN

Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN - Campus Apodi

Thales Lordão Dias - Doutorando (PPGH-UFRN)

Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando em História dos Sertões - PPGHC-UFRN

Vitória Maria Targino Filgueiras - Mestranda em História dos Sertões - PPGHC/UFRN

Anais da VII Jornada Nacional de História dos Sertões / I Colóquio Internacional História dos Sertões e Outros Mundos
ISBN 978-65-01-20988-3
Caicó - RN - 11 a 14 de novembro de 2024

Realização
Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó
Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo
Caicó-RN – CEP 59374-000
E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br 

Organizadores
Helder Alexandre Medeiros de Macedo
Joel Carlos de Souza Andrade
Ana Luísa Araújo Medeiros
Bianca Ferreira do Nascimento
Cleidiane de Araújo Oliveira
Francisca Araújo Saraiva
Gabriel da Silva Freire
Gabriella Beatriz Freire Xavier
Karollainy Kennya Dias de Medeiros
Laíse Vitória de Figueredo Souza
Tatiane Medeiros Alves

Identidade visual
Inspirada na xilogravura “Aves de arribação”, do mestre Givanildo, de Bezerros-PE (@gxilogravuras).

 

Versão condensada dos Anais para download em formato PDF
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