Entre o discurso de desenvolvimento regional e a materialização da "zona de sacrifício": olhares sobre a atuação de uma empresa de carcinicultura no município de Pendências (RN)

Entre o discurso de desenvolvimento regional e a materialização da "zona de sacrifício": olhares sobre a atuação de uma empresa de carcinicultura no município de Pendências (RN)

• Autor
• Francisco Romenique Pereira Pimentel
• Co-autores
• Erica Priscila Bezerra Rosa
• Resumo

• A pesquisa em pauta versa acerca das interseções que podem ser estabelecidas entre a construção do discurso de desenvolvimento regional de uma empresa que atua no setor de carcinicultura e a questão da materialização da "zona de sacrifício". Em outros termos, a problemática central desse artigo atenta-se à compreensão do discurso de desenvolvimento regionalista da empresa de carcinicultura em questão (por questões éticas e de direitos autorais não iremos trabalhar com o nome da empresa), para além dos velhos “benefícios” socioeconômicos dessa empresa, por exemplo, geração de emprego e renda para o município de Pendências - localizado no interior do Rio Grande do Norte. Diante disso, o objetivo geral desse presente manuscrito consiste em analisar a inter-relação entre o discurso de desenvolvimento regional e a materialização da “zona de sacrifício” a partir da atuação dessa empresa de crustáceos em Pendências (RN). Em referência aos procedimentos metodológicos, ressaltamos que a pesquisa em questão é bibliográfica e de campo, tendo em vista o uso de bibliografias, por exemplo, Costa (2001), Viégas (2006) e Tavares (2022), além da visita ao recorte espacial da pesquisa - Bairro Campo. A sua caracterização, por sua vez, é qualitativa, uma vez que a interpretação e discussão dos resultados obtidos se centralizam em aspectos qualitativos da temática. Os resultados obtidos revelam que essa empresa exerce uma forte influência no contexto regional de Pendências, haja vista a geração de emprego e renda (acima de dois mil) não somente para a cidade como para os municípios circunvizinhos (Alto do Rodrigues, Porto do Mangue, Carnaubais). Considerada a maior corporação do Brasil no ramo da carcinicultura, essa empresa é sinônimo para esse município de "mudança" e "progresso", em virtude principalmente das possibilidades de sobrevivência para uma pequena cidade do semiárido potiguar, que não é sede de empreendimentos de grande porte. No entanto, ao problematizarmos o contexto de atuação dessa empresa, observamos contradições, em razão que esse mesmo discurso que advoga o progresso e mudança social para os citadinos dessa cidade, também é responsável pela materialização da zona de sacrifício (Bairro Campo) - local adjacente a essa empresa e à lagoa de dejetos de camarão. No qual essa lagoa de descarte constitui-se enquanto a principal causadora da poluição do ar, que assola a população desse bairro há mais de uma década, com fortes odores oriundos desses dejetos de camarão e das substâncias tóxicas presentes na lagoa. Depreende-se, portanto, que a permanência desse problema socioambiental, que assola esses sujeitos há mais de uma década, advém da irresponsabilidade ambiental dessa empresa e da inércia do corpo político-social pendenciense. Essa afirmativa se consolida quando observamos as inúmeras denúncias e contestações desses sujeitos frente a essa problemática, por exemplo, audiências públicas, e mesmo assim o problema persiste.

• Palavras-chave
• Desenvolvimento regional, Zonas de sacrifício, Pendências (RN)
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Simpósio Temático 7 - Dinâmicas ambientais e territoriais do sertão semiárido

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