O jovem Plínio de Arruda Sampaio e o golpe de 1964: bastidores da luta contra o autoritarismo

O jovem Plínio de Arruda Sampaio e o golpe de 1964: bastidores da luta contra o autoritarismo

• Autor
• Modesto Cornélio Batista Neto
• Resumo

• A América Latina na segunda metade do século XX foi marcada pelas tensões da Guerra Fria e atingida pela estratégia continental dos EUA que utilizou o combate ao comunismo como álibi ideológico para intervir na política interna de vários países latino-americanos através de sua Doutrina de Segurança Nacional, especialmente após a Revolução Cubana de 1959. A proliferação de regimes de exceção no continente foi o corolário da ação estadunidense com apoio das forças armadas, das burguesias locais e de setores civis, na periferia do sistema capitalista. No Brasil esse enredo geopolítico culminou em um golpe que depôs o presidente João Goulart e lançou o país no autoritarismo de uma ditadura que perdurou por 21 anos.

  Antes da deflagração do golpe de 1964, no Congresso Nacional, na imprensa e nas mais distintas esferas sociais, o centro nevrálgico do debate político deu-se em torno das Reformas de Base propostas pelo Governo João Goulart, em especial a Reforma Agrária. No parlamento, o deputado federal Plínio de Arruda Sampaio, eleito pelo PDC em 1962 com quase 42 mil votos pelo estado de São Paulo para seu primeiro mandato, torna-se o relator da proposta e engaja-se intensamente na defesa das reformas. Esse engajamento custou-lhe a perca do mandato do jovem parlamentar de apenas 33 anos e posteriormente o exílio que perdurou por 12 anos entre o Chile e os EUA.

  O presente artigo é parte de uma pesquisa em curso de doutorado em História que busca investigar a trajetória do intelectual e militante Plínio de Arruda Sampaio no exílio. Entretanto, neste trabalho pretende-se explorar o seu ingresso na arena política, sua atuação como parlamentar e os bastidores das lutas empreendidas contra o autoritarismo nascente, especificamente em 1964 Neste sentido, o recorte temporal delimita-se entre 1959 e 1964. A pesquisa alicerça-se em três pilares documentais: o acervo pessoal de Plínio Sampaio resguardado pelo Arquivo Edgard Leuenroth (AEL-Unicamp) que compreende mais de 50 mil documentos, recortes do jornal Correio Paulistano (SP), jornal diário fundado em 1854 e entrevistas.

  O instrumental teórico-metodológico que alicerça-se o trabalho é o da história política, que enquanto “ciência-encruzilhada”, como define René Remond, busca estabelecer diálogos com outros campos do conhecimento para interpretar realidades e processos políticos. Além de perseguido pela Ditadura Militar, Plínio Sampaio tornou-se funcionário das FAO-ONU, deputado federal constituinte em 1988 e candidato a presidência da república. Neste ano que completa-se 60 anos do golpe de 1964, retomar a trajetória do jovem Plínio de Arruda é dialeticamente fazer justiça a memória de um personagem da esquerda no país, rechaçar o autoritarismo que silenciou milhares de brasileiros e alinhar-se a uma concepção de democracia que necessariamente vá além de democracia burguesa e seus limites.

• Palavras-chave
• Ditadura; exílio; Plínio de Arruda Sampaio.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Simpósio Temático 3 - “60 anos da Ditadura Militar no Brasil: Histórias e Memórias"

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