Políticas públicas para a criação de espaços industriais e sua influência no desencadeamento das desigualdades sociodemográficas no Nordeste brasileio

  • Autor
  • Victor Ramon Soares
  • Resumo
  • Conforme Aristotelina Pereira, a industrialização no Nordeste brasileiro começou ainda no período colonial, com foco na produção canavieira para exportação, mediada pela Coroa Portuguesa. Posteriormente, a monocultura da cana-de-açúcar deu lugar à pecuária, que incentivou a ocupação do interior da região. No século XIX, novas atividades econômicas, como a produção de algodão, ganharam destaque. No século XX, enquanto o Brasil industrializava-se rapidamente, o Nordeste mantinha-se economicamente atrasado, com altos índices de pobreza e migração para o Centro-Sul. 

    Para estimular o desenvolvimento, o governo criou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) em 1959, visando atrair grandes empresas para a região e promover a geração de empregos. No entanto, esses investimentos concentraram-se nas grandes áreas metropolitanas (Fortaleza, Recife e Salvador), o que contribuiu para aumentar as desigualdades sociodemográficas no Nordeste.

    O estudo, uma revisão bibliográfica baseada nas perspectivas de Rita de Cássia e Aristotelina Pereira Barreto Rocha, examina as estratégias estatais de criação de enclaves industriais no Nordeste brasileiro e seus impactos sociais, econômicos e espaciais. Utilizando fontes obtidas no Google Acadêmico e SciELO, a pesquisa destaca o papel das políticas públicas, principalmente após a criação da SUDENE na década de 1950, que visavam modernizar a infraestrutura e promover a atividade industrial. Para Jan Bitoun, as políticas buscaram integrar o Nordeste ao país por meio de estradas, telecomunicações e bancos. Rita de Cássia, acredita que os Incentivos fiscais e o crédito do Banco do Nordeste atraíram investimentos, resultando na criação de distritos industriais (Camaçari, Suape, Maracanaú), o que gerou empregos e diversificou a economia regional.

    Contudo, as políticas favoreceram áreas metropolitanas (Fortaleza, Recife e Salvador), ampliando as desigualdades entre as regiões mais desenvolvidas e o interior,  corroborando com o pensamento de Milton Santos, em que o interior da região se mantém ligado à subsistência e ao setor informal. Francisco de Oliveira critica essa abordagem, apontando que essas políticas beneficiaram elites locais e grandes empresas, aumentando a concentração fundiária e marginalizando pequenos produtores. Programas como o POLONORDESTE, que deveriam modernizar o campo, serviram muito mais para as grandes corporações, e com isso agravaram a migração para as cidades e o crescimento desordenado, intensificando as condições precárias de vida. 

    A implantação de indústrias na região trouxe avanços significativos para a economia, como o aumento da geração de empregos, o crescimento da renda e a melhoria da infraestrutura. No entanto, a concentração de investimentos e benefícios em determinadas áreas, aliada à falta de acesso igualitário a oportunidades, pode perpetuar as desigualdades socioeconômicas na região.

  • Palavras-chave
  • Políticas Públicas, Espaços Industriais, Desenvolvimento regional, Desigualdade social.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Simpósio Temático 7 - Dinâmicas ambientais e territoriais do sertão semiárido
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  • Simpósio Temático 7 - Dinâmicas ambientais e territoriais do sertão semiárido
  • Simpósio Temático 8 – História indígena e ensino de História
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  • Simpósio Temático 13 – História dos Sertões do Brasil no século XIX
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  • Simpósio Temático 15 - Os sertões a partir da materialidade: abordagens e perspectivas
  • Simpósio Temático 16 - História e quadrinhos: o uso dos quadrinhos como fonte histórica e recurso didático
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva - UFRN

Allyson Iquesac Santos de Brito - Mestrando (PPGHC/UFRN)

Ana Maria Veiga - UFPB

Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN

Beatriz Alves dos Santos – Doutoranda (PPGH/UFRN)

Bianca Ferreira do Nascimento - Mestranda (PPGHC/UFRN)

Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB

Cleidiane de Araújo Oliveira - Mestra (PPGHC/UFRN)

Fabio Mafra Borges - UFRN

Francisco Firmino Sales Neto - UFCG

Gabriel da Silva Freire - Mestrando (PPGHC/UFRN)

Gracineide Pereira dos Santos Oliveira - PDJ-CNPq/FAPERN/PPGHC-UFRN

Hozana Danize Lopes de Souza - Mestra (PPGHC-UFRN e PPGArqueologia-UFPE)

Jailma Maria de Lima - UFRN

Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestrando (PPGHC-UFRN)

Jessica Éveny Cardoso Martins - Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Fátima - Conceição-PB

João Paulo de Lima - Secretaria de Educação de Serra Negra do Norte - RN

Jovelina Silva Santos – UERN / PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN

Juciene Batista Félix Andrade - UFRN

Kayann Gomes Batista - Doutorando (PPGArqueologia-UFPE)

Laise Vitória de Figueredo Souza - Mestranda (PPGHC/UFRN)

Leandro Vieira Cavalcante - UFRN

Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - UFRN

Maria Dolores de Araújo Vicente - SESC-Caicó/RN

Mario Sélio Ferreira de Brito - Escola Municipal Professora Maria Letícia Damasceno - SEMEC - Santana do Matos-RN

Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula - Câmara Municipal de Currais Novos-RN

Roselia Cristina de Oliveira - PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN

Rosenilson da Silva Santos - UERN

Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN - Campus Apodi

Thales Lordão Dias - Doutorando (PPGH-UFRN)

Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando em História dos Sertões - PPGHC-UFRN

Vitória Maria Targino Filgueiras - Mestranda em História dos Sertões - PPGHC/UFRN

Anais da VII Jornada Nacional de História dos Sertões / I Colóquio Internacional História dos Sertões e Outros Mundos
ISBN 978-65-01-20988-3
Caicó - RN - 11 a 14 de novembro de 2024

Realização
Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó
Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo
Caicó-RN – CEP 59374-000
E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br 

Organizadores
Helder Alexandre Medeiros de Macedo
Joel Carlos de Souza Andrade
Ana Luísa Araújo Medeiros
Bianca Ferreira do Nascimento
Cleidiane de Araújo Oliveira
Francisca Araújo Saraiva
Gabriel da Silva Freire
Gabriella Beatriz Freire Xavier
Karollainy Kennya Dias de Medeiros
Laíse Vitória de Figueredo Souza
Tatiane Medeiros Alves

Identidade visual
Inspirada na xilogravura “Aves de arribação”, do mestre Givanildo, de Bezerros-PE (@gxilogravuras).

 

Versão condensada dos Anais para download em formato PDF
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