O que os sertanejos comiam? Alimentação e saúde no sertão do Seridó potiguar (1877-1935)

O que os sertanejos comiam? Alimentação e saúde no sertão do Seridó potiguar (1877-1935)

• Autor
• Avohanne Isabelle Costa de Araújo
• Resumo

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  Esta comunicação tem como objetivo discutir sobre os hábitos alimentares dos sertanejos, circunscritos no Seridó Potiguar, no recorte temporal de 1877 a 1935. A discussão também irá focar nos impactos da saúde da população sertaneja a partir das práticas alimentares. No que diz respeito ao Seridó potiguar, é válido destacar que a região é conhecida como rico polo gastronômico e que é comum os seridoenses receberem os visitantes com mesas postas e fartas com as comidas típicas da região. Neste sentido, a alimentação é uma prática muito importante nas relações de sociabilidade e na reiteração de memórias individuais e coletivas, com forte simbologia associada aos produtos típicos da região. As fontes utilizadas são diários, literatura, relatórios governamentais, cartas e embasada numa bibliografia especializada acerca da temática, com estudos que envolvem historiadores, antropólogos e nutricionistas no intuito de promover uma relação interdisciplinar destas investigações com a História da Saúde. A dimensão teórico-metodológica parte da discussão feita por Shirley Prado e colaboradores, os quais discutem que a questão da alimentação vai além dos aspectos biomédicos da nutrição e envolve diálogos e discussões teórico-metodológicas com as ciências humanas. Na perspectiva desses autores, a comida é o alimento simbolizado, e a alimentação está relacionada a processos identitários, às variáveis relações das sociedades humanas com a comida ao longo da história. Os resultados demonstram que, a depender dos discursos de diferentes agentes históricos (médicos, memorialistas, políticos, fazendeiros), conseguimos encontrar dados que versam sobre a escassez dos alimentos durante o período de secas, as doenças ocasionadas pela falta de alimentos, a carestia dos gêneros alimentícios, os vínculos históricos em torno da comensalidade dos seridoenses, como o fato de se preocuparem com mesas postas e fartas, assim como os estranhamentos dos médicos do Instituto Oswaldo Cruz acerca do que pode ser considerado comestível ou não dentro dos hábitos alimentares dos sertanejos. Por fim, refletir sobre a alimentação em fins do século XIX e nas três primeiras décadas do século XX, nos permite pensar nas condições sociohistóricas dos hábitos alimentares do Seridó Potiguar e de como as visitas feitas por alguns médicos do Instituto Oswaldo Cruz aos sertões do Rio Grande do Norte em períodos de seca e de fartura nos permitiu enxergar os hábitos alimentares dos sertanejos nessas diferentes conjunturas, causando por vezes surpresa aos profissionais que não residiam nessas regiões interioranas e que não as conheciam bem.

   

• Palavras-chave
• Alimentação, saúde, sertões, Seridó, Rio Grande do Norte
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Simpósio Temático 6 – Sertões, Educação e processos de interiorização

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