Pensar em trabalho é pensar na categoria motriz que ocupa um papel central em toda e qualquer sociedade, que produz e reproduz a humanidade. A Agricultura Familiar (AF) é um sistema de produção agrícola no qual a propriedade e a gestão da terra e dos recursos produtivos estão nas mãos de uma família ou de um grupo de famílias. Entretanto, a centralização da agricultura com abordagem na indústria exportadora vulnerabiliza a realidade daqueles que praticam a AF, privando-lhes de investimentos e visibilidade, em especial no contexto sertânico aqui abordado. O presente estudo foi realizado como atividade de campo da disciplina Psicologia Social do Trabalho, do curso de graduação em Psicologia da FACISA/UFRN. Metodologicamente, foram utilizadas as ferramentas diário de campo e roteiro de entrevista semi-estruturado, com o objetivo de investigar o sentido do trabalho e a existência de desafios enfrentados pelos trabalhadores rurais da AF na cidade de Santa Cruz, interior do Rio Grande do Norte. Desse modo, para se aproximar desse contexto, o ambiente escolhido para a realização das entrevistas foi a feira livre da cidade. Participaram do estudo 5 agricultores com idades de 30 a 86 anos, sendo 2 do sexo feminino e 3 do sexo masculino. Para a análise dos resultados foi utilizado o método de análise de conteúdo segundo a perspectiva de Laurence Bardin, tornando possível observar questões que afetam diretamente a prática da AF na região. Os resultados indicaram oito categorias: “necessidade familiar” apresenta o trabalho agrícola desde a infância como necessário para ajudar a família em situação de vulnerabilidade; “sustento” mostrou que os agricultores veem o trabalho agrícola como crucial para sustentar a família e preservar o estilo de vida; na categoria “produção”, o trabalho foi associado à ação de produzir, à identidade da classe trabalhadora e à restrição de escolhas de trabalho; “escassez de água” explicitou a falta de água não como resultante apenas de causas naturais, mas de uma estrutura agrária desigual; “acesso a programas da agricultura familiar” demonstrou a não participação dos agricultores em programas governamentais, evidenciando as fragilidades destes; “afeto como definidor de bom/mau trabalho” indicou a percepção do trabalho rural como um elemento que transcende o valor econômico, implicando vínculos específicos de apego ao lugar e preservação de conhecimentos práticos/ancestrais; na categoria “diferença do trabalho rural-urbano”, os trabalhadores relataram que são vistos como atrasados e menos tecnificados – tais estereótipos impactam a forma como eles são percebidos e se percebem; por último, a categoria “aposentadoria” foi indicada como perspectiva de término da jornada laboral. O estudo revelou que a Agricultura Familiar é fundamental para a subsistência e identidade dos trabalhadores rurais, mas enfrenta desafios estruturais no que concerne a detenção ou não de terras, falta de apoio público e estigmas, afetando sua continuidade.
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva - UFRN
Allyson Iquesac Santos de Brito - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Ana Maria Veiga - UFPB
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Beatriz Alves dos Santos – Doutoranda (PPGH/UFRN)
Bianca Ferreira do Nascimento - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira - Mestra (PPGHC/UFRN)
Fabio Mafra Borges - UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Gracineide Pereira dos Santos Oliveira - PDJ-CNPq/FAPERN/PPGHC-UFRN
Hozana Danize Lopes de Souza - Mestra (PPGHC-UFRN e PPGArqueologia-UFPE)
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestrando (PPGHC-UFRN)
Jessica Éveny Cardoso Martins - Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Fátima - Conceição-PB
João Paulo de Lima - Secretaria de Educação de Serra Negra do Norte - RN
Jovelina Silva Santos – UERN / PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Juciene Batista Félix Andrade - UFRN
Kayann Gomes Batista - Doutorando (PPGArqueologia-UFPE)
Laise Vitória de Figueredo Souza - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Leandro Vieira Cavalcante - UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - UFRN
Maria Dolores de Araújo Vicente - SESC-Caicó/RN
Mario Sélio Ferreira de Brito - Escola Municipal Professora Maria Letícia Damasceno - SEMEC - Santana do Matos-RN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula - Câmara Municipal de Currais Novos-RN
Roselia Cristina de Oliveira - PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Rosenilson da Silva Santos - UERN
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN - Campus Apodi
Thales Lordão Dias - Doutorando (PPGH-UFRN)
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando em História dos Sertões - PPGHC-UFRN
Vitória Maria Targino Filgueiras - Mestranda em História dos Sertões - PPGHC/UFRN
Anais da VII Jornada Nacional de História dos Sertões / I Colóquio Internacional História dos Sertões e Outros Mundos ISBN 978-65-01-20988-3 Caicó - RN - 11 a 14 de novembro de 2024 Realização Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo Caicó-RN – CEP 59374-000 E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br Organizadores Helder Alexandre Medeiros de Macedo Joel Carlos de Souza Andrade Ana Luísa Araújo Medeiros Bianca Ferreira do Nascimento Cleidiane de Araújo Oliveira Francisca Araújo Saraiva Gabriel da Silva Freire Gabriella Beatriz Freire Xavier Karollainy Kennya Dias de Medeiros Laíse Vitória de Figueredo Souza Tatiane Medeiros Alves Identidade visual Inspirada na xilogravura “Aves de arribação”, do mestre Givanildo, de Bezerros-PE (@gxilogravuras).
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