As complexidades da religiosidade no sertão a partir das rezadeiras

As complexidades da religiosidade no sertão a partir das rezadeiras

• Autor
• Maria Vitória Moreno Laurindo
• Co-autores
• Nah Costa Caju
• Resumo

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  A formação da religiosidade nos sertões, assim como em todo o território brasileiro, passa pelo processo de colonização. Sendo assim, a existência de outras manifestações e cultos como as práticas de cura, benzeduras e feitiços, que estão presentes desde os registros de viajantes do século XVI, são tratados como ameaça à fé cristã hegemônica. Especificamente nos sertões, lugar marcado no imaginário pelas faltas, as religiões e religiosidades ocupam um lugar crucial na vida e na identidade dos indivíduos que, cruzadas, produzem o que Carla Akotirene (2021) denominou interseccionalidade. Nesse cenário, a atuação de mulheres que promovem saúde, bem-estar e aconselhamentos é de extrema importância para a manutenção e continuidade das suas comunidades. Tais conhecimentos, que apresentam contribuições tanto do catolicismo popular, como da umbanda, jurema, catimbó, candomblé e afins, produzem saberes e insurgências “outras”. Assim, tomando as rezadeiras como sujeitas que confrontam a lógica eurocêntrica das religiões e da própria medicina, elas podem ser consideradas exemplos das complexidades existentes nos sertões. Por meio de conversas com rezadeiras do sertão paraibano, busco demonstrar algumas dessas complexidades, mediadas pelo conceito de escrevivência de Conceição Evaristo (2013) ao tratar das potencialidades da escuta dessas mulheres. Este trabalho é pautado pela decolonialidade, o “feminismo aprendente” de Vânia Vasconcelos (2022), o conceito de “corazonar” de Patricio Guerrero Arrias  (2010) e o pensamento de Ana Maria Veiga (2022), no sentido de descolonizar a partir das sertanidades, levando em consideração o sertão não apenas como semiárido, mas como espaço social, político e estético, como na teoria de Albuquerque Júnior (2011). A fé se configura como um campo de disputas e de construção social da história e da memória. Ainda são poucos os estudos sobre as rezadeiras, seus papéis e epistemologias no âmbito da história das mulheres e dos feminismos. Trata-se, portanto, de uma discussão essencial à reflexão sobre as religiosidades em suas complexidades, rupturas e continuidades, assim como à compreensão do imaginário criado sobre essas sujeitas e sobre os sertões ao longo da história do Brasil. 

• Palavras-chave
• Mulheres rezadeiras, Religiosidades, Sertões, Feminismo Aprendente.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Simpósio Temático 12 - Saberes na encruzilhada: sertanidades e (ins)urgências de gênero, raça e território

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