Repensando o marco de 1877: um novo olhar sobre a história das secas nos sertões do Norte no século XIX

Repensando o marco de 1877: um novo olhar sobre a história das secas nos sertões do Norte no século XIX

• Autor
• Gabriel Pereira de Oliveira
• Resumo

• A presença das secas na historiografia sobre os chamados sertões do Norte e depois Nordeste tem sido marcante desde sobretudo o início do século XX. Uma das formas de compreendê-la parte do pressuposto de que ela seria algo inato a esse território, uma espécie de condição sine qua non desde o início das vivências humanas nesse ambiente. Em contraposição a essa ideia, há também a perspectiva que entende que as secas se revestem de diferentes sentidos ao longo do tempo para os mais variados grupos sociais. Nesse sentido, o longo e intenso período de estiagem iniciado em 1877 tornou-se um marco clássico nos estudos históricos sobre o tema, o momento em que a seca teria ganhado importância política e se tornado um elemento de mobilização de estruturas de poder a nível local e nacional. Este trabalho se insere nessa perspectiva de entender historicamente os fenômenos da seca e seus enlaces com diferentes grupos sociais ao longo do tempo e espaço. Porém, em diálogo com estudos do campo da História Política do Brasil oitocentista e da abordagem da História Ambiental, a proposta desta pesquisa é problematizar tal suposta novidade de 1877 analisando as experiências de secas anteriores ao longo do século XIX, mais enfaticamente o período entre as intempéries de 1825 e 1845. Para isso, as fontes históricas aqui analisadas serão anais da Câmara dos Deputados e do Senado do Império, bem como estudos de engenheiros e de chamados “homens de sciencia” sobre a seca desde os anos 1820 até 1860. Ampliar o recorte para compreender a importância da aridez e dos longos períodos de chuvas abaixo da média para além de 1877 tem-se mostrado fundamental para lançar novos olhares não somente para secas muitas vezes desconsideradas, mas também para repensar a própria formação de tramas de poder a partir dos usos das intempéries climáticas desde o início do Brasil Império tanto pela classe senhorial local das chamadas caatingas, como pelo poder central da monarquia.

• Palavras-chave
• História Política; Brasil Império; História Ambiental; Caatinga; Clima
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Simpósio Temático 13 – História dos Sertões do Brasil no século XIX

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