O chamado do sertão: a trajetória do escritor Márcio Benjamin e sua concepção de terror/horror nordestino

O chamado do sertão: a trajetória do escritor Márcio Benjamin e sua concepção de terror/horror nordestino

• Autor
• Fabiana Alves Dantas
• Resumo

• 
  Este trabalho versa sobre a trajetória de Márcio Benjamin (23 de fevereiro de 1980, Natal/RN), autor das obras Maldito Sertão (2012), Fome (2016), Agouro (2019) e Sina (2022). O objetivo é compreender suas relações sociais e culturais, perscrutando como ele tornou-se um escritor de terror e horror focado especialmente em narrativas ambientadas no sertão nordestino. Tal questão trata-se da primeira etapa investigativa de uma tese de doutorado ora em desenvolvimento, cuja problemática, situada na esfera da História Cultural, refere-se à elaboração das paisagens sertanejas na obra do escritor em comento. Para isso, parte-se da concepção atualmente recorrente nas humanidades sobre o conceito de paisagem, considerando-a representação cultural coletiva e/ou individual, conforme aponta o filósofo Jean-Marc Besse.  Representação essa construída não apenas pelo olhar, mas pelos cinco sentidos, composta então pelas dimensões sinestésica e afetiva, segundo o crítico literário Michel Collot. Desse modo, cabe investigar as relações do escritor com o espaço empírico sobre o qual discorre ao elaborar paisagens em suas produções escritas. Tal investigação foi conduzida com base na leitura e fichamento de entrevistas com Márcio Benjamin, consultadas em sites e podcasts focados em literatura. A partir delas, foi possível identificar os seguintes pontos: O início de seu interesse por narrativas de terror/horror deu-se ainda na infância, associado ao seu interesse pelo sertão, devido às viagens de férias para a casa de uma avó residente em Umarizal/RN, sendo ela responsável pelos primeiros contatos de Benjamin com esse tipo de narrativa ao contar-lhe causos e lendas a partir da tradição oral. Tais memórias de sua infância somaram-se ao interesse literário que expandiu-se na adolescência no que se refere ao terror/horror, o que o levou a realizar uma escolha estética de, ao tornar-se escritor do gênero, direcionar seu foco para a criação de narrativas que se passam no espaço sertanejo, muitas delas inspiradas nas histórias ouvidas durante sua infância, bem como nas histórias que passou a ouvir na vida adulta, quando, ao tornar-se advogado na área trabalhista, passou a viajar e residir por alguns anos em cidades do interior nordestino. Márcio Benjamin costuma nomear as opções estéticas aqui brevemente descritas como “interihorror” e “terror/horror nordestino”, afirmando sua relação afetiva com o espaço escolhido como cenário de suas obras, assim como a compreensão de que o sertão de seus escritos não corresponde a uma realidade única, mas trata-se do que interessa-lhe do ponto de vista estético, com a finalidade de criar histórias capazes de provocar o medo no leitor. Tais pontos reforçam a noção de que as paisagens sertanejas em suas obras são elaboradas a partir de sua relação sinestésica e afetiva com o espaço, cabendo, adiante, investigar quais paisagens sertanejas são elaboradas em seus escritos e que sertões constituem os cenários de suas obras.

• Palavras-chave
• História e Literatura, Márcio Benjamin, Sertão.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Simpósio Temático 1 - Espaço e Natureza e Cultura nos sertões

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