O município de São Rafael está localizado na região imediata do Vale do Açu, no Rio grande do Norte, com um processo histórico e social marcado pela desterritorialização dos sujeitos em nome de um Projeto do Governo Federal em parceria com o Governo do Estado e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), montado inicialmente para solucionar as condições de vida precárias da população pela escassez de recursos hídricos, especialmente em períodos de estiagem.
O projeto Baixo-Açu, iniciado em 1975, foi configurado para ser uma política pública de “combate à seca”, visando democratizar o acesso a água de qualidade em São Rafael através da construção da barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, mas para isso, o projeto previa a desterritorialização dos habitantes e reterritorialização em outro local, onde seria formada a nova cidade de São Rafael, ou seja, os moradores teriam que aceitar a ideia abandonar suas casas e suas vidas, e reconstruí-las em um outro local desconhecido, o que não agradou a população.
A pesquisa visa entender como a relação entre terra e água para a população de São Rafael foi impactada pela construção da barragem. Destaca-se a relevância do estudo para discutir o cenário histórico e social da região, pois, mesmo após 40 anos, os moradores ainda enfrentam dificuldades relacionadas à má qualidade de vida e ao acesso à água.
O estudo começou com uma abordagem qualitativa, inicialmente com pesquisa bibliográfica com seguintes autores: COSTA (2020); GERMANI (2003), OLIVEIRA (2007), seguida por uma análise de campo para compreender o cenário atual da população e os impactos da obra.
O projeto Baixo-Açu, apesar de prometer progresso, beneficiou sobretudo grandes proprietários de terra e o setor empresarial, enquanto para os moradores de São Rafael, o que se viu não foi o tão prometido progresso, mas a perda de sua terra e cultura. Os campos alagados pela barragem passaram a simbolizar memórias submersas de uma cidade abandonada. A obra, projetada para combater a seca, não resolveu o problema para os pequenos agricultores e moradores, pois o acesso ao território e seus recursos permaneceu restrito. Costa (2020) argumenta que a real dificuldade não é a seca em si, mas a concentração de terras nas mãos dos ricos, tornando inútil a existência da água sem acesso à terra. O estudo aponta que, enquanto o sistema capitalista e seus autores obtiveram lucros e benefícios, a população rafaelense permaneceu desterritorializada, desprovida de direitos e exposta aos impactos ambientais e sociais negativos da obra.
Portanto, através das discussões realizadas é possível observar que a cidade de São Rafael, na qual a EARG foi construída, enfrenta diversos impactos mesmo após 4 décadas da obra que vitimizou o lugar de vivência dos sujeitos atingido e, em vez de trazer benefícios, contribuiu de forma negativa, alterando profundamente os modos de vida da população.
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva - UFRN
Allyson Iquesac Santos de Brito - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Ana Maria Veiga - UFPB
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Beatriz Alves dos Santos – Doutoranda (PPGH/UFRN)
Bianca Ferreira do Nascimento - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira - Mestra (PPGHC/UFRN)
Fabio Mafra Borges - UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Gracineide Pereira dos Santos Oliveira - PDJ-CNPq/FAPERN/PPGHC-UFRN
Hozana Danize Lopes de Souza - Mestra (PPGHC-UFRN e PPGArqueologia-UFPE)
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestrando (PPGHC-UFRN)
Jessica Éveny Cardoso Martins - Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Fátima - Conceição-PB
João Paulo de Lima - Secretaria de Educação de Serra Negra do Norte - RN
Jovelina Silva Santos – UERN / PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Juciene Batista Félix Andrade - UFRN
Kayann Gomes Batista - Doutorando (PPGArqueologia-UFPE)
Laise Vitória de Figueredo Souza - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Leandro Vieira Cavalcante - UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - UFRN
Maria Dolores de Araújo Vicente - SESC-Caicó/RN
Mario Sélio Ferreira de Brito - Escola Municipal Professora Maria Letícia Damasceno - SEMEC - Santana do Matos-RN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula - Câmara Municipal de Currais Novos-RN
Roselia Cristina de Oliveira - PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Rosenilson da Silva Santos - UERN
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN - Campus Apodi
Thales Lordão Dias - Doutorando (PPGH-UFRN)
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando em História dos Sertões - PPGHC-UFRN
Vitória Maria Targino Filgueiras - Mestranda em História dos Sertões - PPGHC/UFRN
Anais da VII Jornada Nacional de História dos Sertões / I Colóquio Internacional História dos Sertões e Outros Mundos ISBN 978-65-01-20988-3 Caicó - RN - 11 a 14 de novembro de 2024 Realização Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo Caicó-RN – CEP 59374-000 E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br Organizadores Helder Alexandre Medeiros de Macedo Joel Carlos de Souza Andrade Ana Luísa Araújo Medeiros Bianca Ferreira do Nascimento Cleidiane de Araújo Oliveira Francisca Araújo Saraiva Gabriel da Silva Freire Gabriella Beatriz Freire Xavier Karollainy Kennya Dias de Medeiros Laíse Vitória de Figueredo Souza Tatiane Medeiros Alves Identidade visual Inspirada na xilogravura “Aves de arribação”, do mestre Givanildo, de Bezerros-PE (@gxilogravuras).
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