Um curta-metragem é uma obra cinematográfica com duração máxima de trinta minutos, que narra uma história de maneira mais objetiva e centrada, podendo ter diferentes objetivos, como: informar, educar, fazer uma crítica, apresentar uma estética diferente, divulgar uma ação, etc. Dessa forma, pensando o audiovisual como um instrumento de transmissão de ideias e de espaço para a construção de críticas sociais, esse trabalho analisa os sertões da Paraíba expressos no curta-metragem Antoninha (2011), roteirizado e dirigido pelo diretor pombalense Laercio Ferreira de Oliveira Filho. Antoninha explora alguns temas como as práticas coronelistas presentes no sertão, a questão das secas, as crenças populares para fazer chover - no caso do filme a crença no roubo da imagem de São José e o seu culto -, e conta a história de uma menina chamada Antoninha que aparece enquanto figura autônoma, criativa e heroica, visto que no cenário de seca verde e com medo de ter que sair da fazenda, recorre à uma tradição popular para tentar provocar a chuva no sertão. Através da análise do espaço apresentado no filme, o objetivo principal é entender as formas de representar o sertão paraibano, as relações de poder e como a questão da seca era entendida e também remediada, muitas vezes recorrendo ao divino como forma de socorro nos momentos de seca. O curta tem toda a sua história narrada em torno de uma longa seca que está no seu terceiro ano de duração, e acompanha as tramas vividas na casa grande do coronel João Bezerra, onde as relações de trabalho verificam-se a partir das relações de compadrio entre o coronel e os trabalhadores assalariados livres e sem terras. Antoninha retrata as relações de trabalho doméstico na casa grande, o trabalho agrícola, a criação de gado, a relação com a fé, etc, onde tudo está sendo ameaçado pela seca. As secas no nordeste geram crises sociais na economia, na política, nas relações de trabalho (Albuquerque Júnior, 1988), no caso de Antoninha que se trata de uma adolecente que trabalha junto de sua família no casarão, toda sua vivência está sendo afetada pela seca. Segundo Liliane Viviane da Silva (2019), o ato de crer em superstições é uma forma antiga do ser humano se apropriar e encontrar sustentação em seu meio material a partir do espiritual. Portanto, as crenças e as superstições de culto aos santos expressam na cultura sertaneja nordestina um elo religioso que diretamente relacionado com a natureza produz um direcionamento no mundo. Sendo assim, o curta Antoninha contribui de maneira significativa para a compreensão dos múltiplos cenários do sertão nordestino e das manifestações populares que se constroem a partir da relação entre a fé e a natureza em tempos de seca, específicas de alguns lugares do sertão nordestino, como é o exemplo da cidade de Pombal-PB (Sousa, 2018).
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva - UFRN
Allyson Iquesac Santos de Brito - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Ana Maria Veiga - UFPB
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Beatriz Alves dos Santos – Doutoranda (PPGH/UFRN)
Bianca Ferreira do Nascimento - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira - Mestra (PPGHC/UFRN)
Fabio Mafra Borges - UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Gracineide Pereira dos Santos Oliveira - PDJ-CNPq/FAPERN/PPGHC-UFRN
Hozana Danize Lopes de Souza - Mestra (PPGHC-UFRN e PPGArqueologia-UFPE)
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestrando (PPGHC-UFRN)
Jessica Éveny Cardoso Martins - Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Fátima - Conceição-PB
João Paulo de Lima - Secretaria de Educação de Serra Negra do Norte - RN
Jovelina Silva Santos – UERN / PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Juciene Batista Félix Andrade - UFRN
Kayann Gomes Batista - Doutorando (PPGArqueologia-UFPE)
Laise Vitória de Figueredo Souza - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Leandro Vieira Cavalcante - UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - UFRN
Maria Dolores de Araújo Vicente - SESC-Caicó/RN
Mario Sélio Ferreira de Brito - Escola Municipal Professora Maria Letícia Damasceno - SEMEC - Santana do Matos-RN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula - Câmara Municipal de Currais Novos-RN
Roselia Cristina de Oliveira - PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Rosenilson da Silva Santos - UERN
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN - Campus Apodi
Thales Lordão Dias - Doutorando (PPGH-UFRN)
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando em História dos Sertões - PPGHC-UFRN
Vitória Maria Targino Filgueiras - Mestranda em História dos Sertões - PPGHC/UFRN
Anais da VII Jornada Nacional de História dos Sertões / I Colóquio Internacional História dos Sertões e Outros Mundos ISBN 978-65-01-20988-3 Caicó - RN - 11 a 14 de novembro de 2024 Realização Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo Caicó-RN – CEP 59374-000 E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br Organizadores Helder Alexandre Medeiros de Macedo Joel Carlos de Souza Andrade Ana Luísa Araújo Medeiros Bianca Ferreira do Nascimento Cleidiane de Araújo Oliveira Francisca Araújo Saraiva Gabriel da Silva Freire Gabriella Beatriz Freire Xavier Karollainy Kennya Dias de Medeiros Laíse Vitória de Figueredo Souza Tatiane Medeiros Alves Identidade visual Inspirada na xilogravura “Aves de arribação”, do mestre Givanildo, de Bezerros-PE (@gxilogravuras).
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