O “sertão” é um conceito estreitamente vinculado aos estudos de formação da sociedade brasileira, constituindo-se como chave interpretativa dos impasses e ajustes da realidade nacional frente ao referencial normativo europeu. Ora associada ao incivilizado ou arcaico, ora fonte de autenticidade nacional, a ideia de “sertão” animou um amplo debate no Pensamento Social Brasileiro, entendido aqui de maneira alargada e abrangendo não só as Ciências Sociais, mas a Crítica Literária, a Historiografia, a Economia etc. (Nísia Trindade Lima; Janaína Amado; Candice Vidal e Souza; Willi Bolle, dentre outros autores, abordam este tema). O escopo do presente texto é explorar como a Geografia tem contribuído nesse debate a partir de autores que pensam a formação territorial/socioespacial brasileira, investigando como os espaços sertanejos são trabalhados em consórcio com conceitos geográficos. Para tanto, centramos a análise em quatro geógrafos: Antonio Carlos Robert Moraes, Milton Santos, Ruy Moreira e Manuel Correia de Andrade. Moraes (2011) interpreta a Geografia como uma história territorial, acionando o conceito de formação territorial vinculado aos processos de valorização do espaço. Pensando a via colonial do capitalismo brasileiro, opõe o território de uso efetivo aos fundos territoriais, porção do território a ser explorada e reservada a uso futuro, equivalente à sua compreensão do sertão como um “outro geográfico”. Milton Santos (2001), por seu turno, se propõe a pensar a formação socioespacial brasileira a partir do avanço dos meios técnicos sobre os meios naturais, contrastando a densidade técnica, científica e informacional a porções do território tributárias de sistemas técnicos passados para as quais ele operacionaliza o conceito de rugosidades, de modo a ressaltar as heranças territoriais. Ruy Moreira (2014), no entanto, é um autor que discute a formação espacial brasileira mobilizando as tensões espaciais decorrentes de sucessivos conflitos de espaço e contraespaço, referindo-se então às tensões entre a ordem espacial dominante e a ordem espacial subalterna, geralmente organizada de modo comunitário, para o que destaca os contraespaços sertanejos na Guerra dos Bárbaros, em Palmares e em Canudos. Já Manuel Correia de Andrade (1980), refletindo sobre a formação territorial e econômica brasileira, efetiva o processo que Durval Muniz Albuquerque Júnior (2019) nomeia de “rapto do sertão pelo regionalismo nordestino” ao apresentar o sertão como uma sub-região nordestina em A terra e o homem no Nordeste. Desse modo, discutimos os modos de operacionalização e os potenciais heurísticos de se pensar o sertão como categoria geográfica para o estudo da formação territorial brasileira por meio da interação com os conceitos de fundos territoriais, rugosidades, contraespaços e região.
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva - UFRN
Allyson Iquesac Santos de Brito - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Ana Maria Veiga - UFPB
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Beatriz Alves dos Santos – Doutoranda (PPGH/UFRN)
Bianca Ferreira do Nascimento - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira - Mestra (PPGHC/UFRN)
Fabio Mafra Borges - UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire - Mestrando (PPGHC/UFRN)
Gracineide Pereira dos Santos Oliveira - PDJ-CNPq/FAPERN/PPGHC-UFRN
Hozana Danize Lopes de Souza - Mestra (PPGHC-UFRN e PPGArqueologia-UFPE)
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestrando (PPGHC-UFRN)
Jessica Éveny Cardoso Martins - Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Fátima - Conceição-PB
João Paulo de Lima - Secretaria de Educação de Serra Negra do Norte - RN
Jovelina Silva Santos – UERN / PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Juciene Batista Félix Andrade - UFRN
Kayann Gomes Batista - Doutorando (PPGArqueologia-UFPE)
Laise Vitória de Figueredo Souza - Mestranda (PPGHC/UFRN)
Leandro Vieira Cavalcante - UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - UFRN
Maria Dolores de Araújo Vicente - SESC-Caicó/RN
Mario Sélio Ferreira de Brito - Escola Municipal Professora Maria Letícia Damasceno - SEMEC - Santana do Matos-RN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula - Câmara Municipal de Currais Novos-RN
Roselia Cristina de Oliveira - PDPG-CAPES/PPGHC-UFRN
Rosenilson da Silva Santos - UERN
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN - Campus Apodi
Thales Lordão Dias - Doutorando (PPGH-UFRN)
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando em História dos Sertões - PPGHC-UFRN
Vitória Maria Targino Filgueiras - Mestranda em História dos Sertões - PPGHC/UFRN
Anais da VII Jornada Nacional de História dos Sertões / I Colóquio Internacional História dos Sertões e Outros Mundos ISBN 978-65-01-20988-3 Caicó - RN - 11 a 14 de novembro de 2024 Realização Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo Caicó-RN – CEP 59374-000 E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br Organizadores Helder Alexandre Medeiros de Macedo Joel Carlos de Souza Andrade Ana Luísa Araújo Medeiros Bianca Ferreira do Nascimento Cleidiane de Araújo Oliveira Francisca Araújo Saraiva Gabriel da Silva Freire Gabriella Beatriz Freire Xavier Karollainy Kennya Dias de Medeiros Laíse Vitória de Figueredo Souza Tatiane Medeiros Alves Identidade visual Inspirada na xilogravura “Aves de arribação”, do mestre Givanildo, de Bezerros-PE (@gxilogravuras).
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