A História por muito tempo produziu uma narrativa parcial sobre as identidades indígenas, as colocando num espaço de invisibilidade por meio de livros, discursos, textos, imagens e outros. Essa pesquisa opera como um auxílio historiográfico para inserir o indígena no seu lugar digno de ser lembrado, e para que sua história seja (re)contada sob um novo olhar e uma nova perspectiva. O contexto aqui abordado, que cerca os sertões da Guerra do Assu, moldado por uma historiografia alinhada ao projeto colonial de construção da História do Brasil, que contribuiu para representações diversas – porém, em sua maioria estigmatizantes – dos povos nativos e dos sertões. A representação dos sertões do Assu é construída a partir de uma fronteira invisível e demarcada por uma imagem da barbárie, negativa e de medo, escrita a partir de leituras dos europeus que subscreveram o que seria esse Brasil e estes vastos sertões da Capitania do Rio Grande. Nesse sentido, é necessário fazer uma releitura dessa historiografia e do que foi escrito sobre os sertões. Nessa perspectiva, nos detemos ao sertão da Guerra do Assu ou (Guerra do Açu), localizado no Rio Grande, mais precisamente na Ribeira do Assu, entre os fins do século XVII e início do século XVIII. Os sertões foram erguidos sob uma ótica europeia e colonizadora, conceituando e alimentando esses espaços sob um olhar de fora desses territórios. Assim, ao pensarmos os sertões, percebemos que o “outro” constrói essa identidade conforme Antonio Moraes. Dessa forma, perpetua-se a ideia de um território ocupado pelo medo e por pessoas “incivilizadas”, “bárbaras”, “selvagens” e notadamente desprovidas de cultura, por não se adequarem aos moldes impostos pela civilização portuguesa. Diante disso, buscamos executar uma nova releitura sobre essa guerra, a partir do termo “guerra viva” e depreender-se uma nova representação desses sertões e dos povos que o habitam, os chamados tapuias. Dessa forma, buscamos pensar esse sertão da guerra como uma condição movente, múltipla e fluida, assim as representações dos indígenas no período da Guerra do Assu foram de animais e etnias incivilizadas a indivíduos que auxiliaram nos conflitos da guerra. Para essa pesquisa, utilizaremos as fontes documentais coloniais do Arquivo da Universidade de Coimbra (AUC), para compreendermos e analisarmos as representações construídas dos sertões e dos povos nativos que habitam esses espaços não são únicas e inteiramente verdadeiras. Com isso, utilizaremos cartas, alvarás, leis, regimentos e demais documentos coloniais que forneçam um olhar sobre esses sertões e as populações nativas que viviam nesses espaços. A metodologia dessa pesquisa será por meio de uma análise a partir dos textos teóricos sobre sertões e indígenas, e a investigação das fontes manuscritas. É necessário repensar a representação que temos dos indígenas, precisamos colocá-los como protagonistas e falantes de sua história, e auxiliar na luta pelos seus direitos.
Allyson Iquesac Santos de Brito – Mestre - PPGHC/UFRN
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Bianca Ferreira do Nascimento – Mestra - PPGHC-UFRN
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira – Doutoranda - PPGH-UFRN
Durval Muniz de Albuquerque Junior – UFRN
Eduardo Cristiano Hass da Silva - UFRN
Franciely de Lucena Medeiros – Doutoranda - PPGH-UFRN
Francisca Araujo Saraiva – Mestranda - PPGHC/UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire – Mestre - PPGHC-UFRN
Helder Alexandre Medeiros Macedo – UFRN
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestre - PPGHC-UFRN
Jessica Éveny Cardoso Martins – Mestranda - PPGHC-UFRN
Jovelina Silva Santos - UERN
Juciene Batista Félix Andrade – UFRN
Karollainy Kannya Dias de Medeiros – Mestranda - PPGHC/UFRN
Laisa Fernanda Santos de Farias - Doutora - UFRN
Laíse Vitória de Figueredo Souza – Mestranda– PPGHC-UFRN
Leandro Vieira Cavalcante – UFRN
Luan de Sousa Batista - Mestrando - PPGHC/UFRN
Luana Barros de Azevedo – Doutoranda – PPGH-UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Joedna Rodrigues Marques – Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Maroni Lopes - UFRN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula (MEMA) - Câmara Municipal de Currais Novos (CMCN)
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN
Tatiane Medeiros Alves – Mestranda - PPGHC/UFRN
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando - PPGHC - UFRN
Vitoria Maria Targino Filgueiras – Mestra - PPGHC-UFRN
Anais da VIII Jornada Nacional de História dos Sertões - O sertão e o mundo: interculturalidades ISBN 978-65-985933-5-3 Caicó - RN - 04 a 07 de novembro de 2025 Realização Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo Caicó-RN – CEP 59300-000 E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br Organizadores Helder Alexandre Medeiros de Macedo Joel Carlos de Souza Andrade Francisca Araújo Saraiva Gabriely késia de Oliveira Lôa Ismara Morais da Silva Karollainy Kennya Dias de Medeiros Leidiane Francelina Batista Luana Beatriz de Assis Ferreira Paula Roberta Maia de Oliveira Rian Felipe Dutra Diniz Tatiane Medeiros Alves Identidade visual Inspirada na xilogravura “Juazeiro”, do mestre Gustavo Borges, de Bezerros-PE (@xilo_gustavoborges).