Das sesmarias aos currais: a construção histórica-geográfica do território Seridoense

  • Autor
  • Thiago Mateus Ferreira de Assis
  • Co-autores
  • Leandro Vieira Cavalcante
  • Resumo
  • Objetiva-se analisar criticamente a formação territorial do Seridó Potiguar sob a perspectiva da questão agrária, destacando as dinâmicas de uso, posse e propriedade da terra que moldaram a região desde os séculos XVII e XVIII. Busca-se, portanto, compreender como as atividades agrárias – notadamente o binômio gado-algodão – moldaram a estrutura fundiária, instituindo a concentração de terras e as relações de poder, consolidando oligarquias familiares e legados que perduram na configuração socioespacial contemporânea. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, baseada em uma revisão narrativa da literatura. Foram consultadas fontes diversificadas, como artigos, teses, dissertações, livros e periódicos. A busca foi sistematizada a partir de três eixos temáticos – formação territorial, questão agrária e Seridó Potiguar –, com o uso de palavras-chave específicas para cada tema, a fim de traçar um nicho específico de textos que dialogassem com a temática. Evidenciou-se, com a análise, que a formação territorial do Seridó Potiguar esteve intrinsecamente ligada à expansão da pecuária bovina, a partir do século XVII, e posteriormente ao cultivo do algodão mocó, especialmente a partir dos séculos XVIII e XIX. Essas atividades consolidaram um modelo de ocupação baseado na grande propriedade – o latifúndio –, controlado por oligarquias familiares regionais, como por exemplo, Albuquerque Maranhão, Dantas Correia e Monteiro. A concessão de sesmarias, a expropriação de povos indígenas, a escravização e a instituição de relações de trabalho baseadas na parceria foram elementos centrais nesse processo. Ao longo do tempo, esses latifúndios sofreram fragmentação por herança familiar, resultando na predominância de pequenas propriedades na estrutura fundiária atual. No entanto, as desigualdades sociais e econômicas herdadas do período colonial permanecem, com a terra e a água ainda concentradas nas mãos de elites tradicionais. A derrocada do algodão a partir da década de 1970 acentuou a reconfiguração produtiva para a pecuária leiteira em pequena escala. Verificou-se que a formação territorial do Seridó Potiguar resulta de relações de poder assimétricas, marcadas pela apropriação privada da terra e da violência colonial. Na contemporaneidade, a questão agrária regional mantém-se dinâmica, reconfigurando-se frente a atuação de novas atividades produtivas e agentes territoriais. A estrutura fundiária atual, marcada pela fragmentação das grandes propriedades em pequenos lotes familiares, ainda carrega as marcas do patrimonialismo oligárquico. Documentos históricos e a própria toponímia local testemunham a persistência de uma lógica territorial que tem na terra não apenas um meio de produção, mas um símbolo de poder e identidade. Logo, entende-se a formação territorial enquanto um processo contínuo, em que o passado e o presente se entrelaçam, denotando a propriedade da terra enquanto elemento central das contradições e transformações do espaço agrário seridoense.

  • Palavras-chave
  • Formação Territorial; Seridó Potiguar; Questão Agrária.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Encontro de Saberes 7 - Terra, Água e Território: Conflitos e Resistências no Sertão Semiárido
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  • Encontro de Saberes 2 - Relações de poder, práticas políticas e imprensa
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  • Encontro de Saberes 4 – História indígena e ensino de História
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  • Encontro de Saberes 7 - Terra, Água e Território: Conflitos e Resistências no Sertão Semiárido
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  • Encontro de Saberes 13 - Contribuições dos Arquivos Digitais às Investigações em História da Educação, História da Matemática e História da Educação Matemática

Allyson Iquesac Santos de Brito – Mestre - PPGHC/UFRN
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Bianca Ferreira do Nascimento – Mestra - PPGHC-UFRN
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira – Doutoranda - PPGH-UFRN
Durval Muniz de Albuquerque Junior – UFRN
Eduardo Cristiano Hass da Silva - UFRN
Franciely de Lucena Medeiros – Doutoranda - PPGH-UFRN
Francisca Araujo Saraiva – Mestranda - PPGHC/UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire – Mestre - PPGHC-UFRN
Helder Alexandre Medeiros Macedo – UFRN
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestre - PPGHC-UFRN
Jessica Éveny Cardoso Martins – Mestranda - PPGHC-UFRN
Jovelina Silva Santos - UERN
Juciene Batista Félix Andrade – UFRN
Karollainy Kannya Dias de Medeiros – Mestranda - PPGHC/UFRN
Laisa Fernanda Santos de Farias - Doutora - UFRN
Laíse Vitória de Figueredo Souza – Mestranda– PPGHC-UFRN
Leandro Vieira Cavalcante – UFRN
Luan de Sousa Batista - Mestrando - PPGHC/UFRN
Luana Barros de Azevedo – Doutoranda – PPGH-UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Joedna Rodrigues Marques – Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Maroni Lopes - UFRN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula (MEMA) - Câmara Municipal de Currais Novos (CMCN)
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN
Tatiane Medeiros Alves – Mestranda - PPGHC/UFRN
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando - PPGHC - UFRN
Vitoria Maria Targino Filgueiras – Mestra - PPGHC-UFRN
Anais da VIII Jornada Nacional de História dos Sertões - O sertão e o mundo: interculturalidades
ISBN 978-65-985933-5-3
Caicó - RN - 04 a 07 de novembro de 2025

Realização
Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó
Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo
Caicó-RN – CEP 59300-000
E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br 

Organizadores
Helder Alexandre Medeiros de Macedo
Joel Carlos de Souza Andrade
Francisca Araújo Saraiva
Gabriely késia de Oliveira Lôa
Ismara Morais da Silva
Karollainy Kennya Dias de Medeiros
Leidiane Francelina Batista
Luana Beatriz de Assis Ferreira
Paula Roberta Maia de Oliveira
Rian Felipe Dutra Diniz
Tatiane Medeiros Alves

Identidade visual
Inspirada na xilogravura “Juazeiro”, do mestre Gustavo Borges, de Bezerros-PE (@xilo_gustavoborges).