Jesuíno Brilhante: O Cangaceiro na Mira da Imprensa Nordestina (Jornal do Recife, 1870-1890)

  • Autor
  • José Fernandes Pimenta de Oliveira
  • Co-autores
  • Endson Ramalho Pereira
  • Resumo
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    Este estudo examina a figura de Jesuíno Brilhante e sua representação na imprensa regional entre 1870 e 1890. A razão desta investigação reside na curiosidade, em certa medida, de analisar, especificamente, o papel da imprensa como um agente ativo na construção da imagem pública do cangaceiro. A partir de fontes hemerográficas, busca-se compreender como a narrativa veiculada nos jornais o retratou como um criminoso perigoso, em um período ainda inicial do banditismo na região atualmente conhecida como ‘Nordeste’. A fonte principal para esta análise é o Jornal do Recife. A escolha do periódico deu-se após pesquisa na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, a partir das palavras-chave “Jesuíno Brilhante”, “Jesuíno” e “Brilhante”. Termos simples, mas no qual, os resultados das edições desta mídia se mostraram recorrentes e detalhados quanto ao recorte sugerido no título deste trabalho. Percebeu-se na leitura,  que o Jornal do Recife revela a perspectiva de um grupo social urbano e letrada, cujos interesses – a manutenção da ordem pública, a segurança das rotas comerciais e a proteção da grande propriedade – eram frontalmente contrariados pela experiência do cangaço. Para essa visão de mundo, as ações de Jesuíno Brilhante só poderiam ser enquadradas na categoria de criminalidade, sendo ele invariavelmente retratado como um perigoso salteador que ameaçava as bases da sociedade. O corpus documental foi delimitado a quatro edições, publicadas entre 1878 e 1879, selecionadas pela narrativa que se constrói acerca do personagem, que poderá ser vista como um sujeito vilanesco e perigoso. O objetivo central, portanto, é analisar a construção dessa narrativa jornalística, explorando o contexto em que se molda. O trabalho buscará entender como a imprensa, ao enfatizar periculosidade de Brilhante, contribuiu para estigmatizá-lo. Contudo, a utilização da imprensa como fonte histórica exige uma reflexão metodológica mais ampla. Como aponta Souza (2008), em seu diálogo com a obra de Tania Regina de Luca, a historiografia tradicional, especialmente a do século XIX, por muito tempo rechaçou o uso de jornais. Essa visão depreciativa começou a ser superada a partir da Escola dos Annales, que, especialmente em sua terceira geração, promoveu uma renovação temática e uma considerável ampliação das fontes possíveis para a pesquisa histórica. Nesse novo paradigma, os jornais foram legitimados como documentos riquíssimos, justamente por revelarem as “paixões” e os “interesses de uma época”. É precisamente para analisar como essas “paixões” e “interesses” se materializam no texto jornalístico que recorremos à metodologia de José d’Assunção Barros, conforme apresentado e discutido na resenha de Daros (2024) sobre a obra “O Jornal como fonte histórica". Segundo Daros, um ponto central na análise de Barros é a compreensão de que os jornais condensam “duas ordens de discursos”: a “informação e a opinião” (Barros, 2023, apud Daros, 2024, p. 2).

  • Palavras-chave
  • Jornal do Recife; Jesuíno Brilhante; Cangaço; Sertão.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Encontro de Saberes 2 - Relações de poder, práticas políticas e imprensa
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Allyson Iquesac Santos de Brito – Mestre - PPGHC/UFRN
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Bianca Ferreira do Nascimento – Mestra - PPGHC-UFRN
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira – Doutoranda - PPGH-UFRN
Durval Muniz de Albuquerque Junior – UFRN
Eduardo Cristiano Hass da Silva - UFRN
Franciely de Lucena Medeiros – Doutoranda - PPGH-UFRN
Francisca Araujo Saraiva – Mestranda - PPGHC/UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire – Mestre - PPGHC-UFRN
Helder Alexandre Medeiros Macedo – UFRN
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestre - PPGHC-UFRN
Jessica Éveny Cardoso Martins – Mestranda - PPGHC-UFRN
Jovelina Silva Santos - UERN
Juciene Batista Félix Andrade – UFRN
Karollainy Kannya Dias de Medeiros – Mestranda - PPGHC/UFRN
Laisa Fernanda Santos de Farias - Doutora - UFRN
Laíse Vitória de Figueredo Souza – Mestranda– PPGHC-UFRN
Leandro Vieira Cavalcante – UFRN
Luan de Sousa Batista - Mestrando - PPGHC/UFRN
Luana Barros de Azevedo – Doutoranda – PPGH-UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Joedna Rodrigues Marques – Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Maroni Lopes - UFRN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula (MEMA) - Câmara Municipal de Currais Novos (CMCN)
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN
Tatiane Medeiros Alves – Mestranda - PPGHC/UFRN
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando - PPGHC - UFRN
Vitoria Maria Targino Filgueiras – Mestra - PPGHC-UFRN
Anais da VIII Jornada Nacional de História dos Sertões - O sertão e o mundo: interculturalidades
ISBN 978-65-985933-5-3
Caicó - RN - 04 a 07 de novembro de 2025

Realização
Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó
Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo
Caicó-RN – CEP 59300-000
E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br 

Organizadores
Helder Alexandre Medeiros de Macedo
Joel Carlos de Souza Andrade
Francisca Araújo Saraiva
Gabriely késia de Oliveira Lôa
Ismara Morais da Silva
Karollainy Kennya Dias de Medeiros
Leidiane Francelina Batista
Luana Beatriz de Assis Ferreira
Paula Roberta Maia de Oliveira
Rian Felipe Dutra Diniz
Tatiane Medeiros Alves

Identidade visual
Inspirada na xilogravura “Juazeiro”, do mestre Gustavo Borges, de Bezerros-PE (@xilo_gustavoborges).