Na atualidade, o Estado do Rio Grande do Norte se destaca na implantação de usinas de energias renováveis eólicas e fotovoltaicas. Em que pesem as condições favoráveis para tal produção, sucedem-se os impactos gerados sobre o ambiente e os modos de vida das comunidades locais. Na região do Baixo-Açu, em razão da alta incidência solar, se espraiam a perder de vista, as fazendas de placas solares instaladas após a devastação impiedosa da Caatinga. Essa realidade revela o aprofundamento dos impactos socioambientais que se relacionam, direta ou indiretamente, com as políticas de infraestrutura hídrica e elétrica na região. Nesse contexto, questiona-se como as referidas políticas reconfiguraram, durante o século XX e início do XXI, a relação terra-água-território, tendo a Lagoa do Piató, no Baixo Açu, como lócus analítico. Considera-se o ciclo institucional no campo hídrico aberto pela IOCS (1909) e pela IFOCS (1919), seguido pelo DNOCS (1945), e, no campo elétrico, pela CHESF (1945) e pela Eletrobrás (1961), pautando-se numa visão desenvolvimentista, conforme análise de Celso Furtado. Em nível?regional, a instalação da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves (1979 a 1983) se insere no período do I PND (1971), embora tenha estabelecido um novo regime hidrológico e territorial no Baixo-Açu, desencadeou diversos impactos com efeitos cumulativos, tais como a inundação, assoreamento, desmatamento de matas ciliares, entre outras questões. Atualmente, no que tange?à transição energética, tem-se o “novo modelo” de 2004 (EPE, ANEEL, CCEE, ONS) e os instrumentos PROINFA e Marco da Geração Distribuída que alavancaram os empreendimentos de energia eólica e solar, proeminentes na região. Buscando discutir os efeitos dessas políticas sobre a Lagoa do Piató e sua região, desde os anos 1980 até a recente expansão da infraestrutura elétrica de matriz renovável na região, notadamente a partir de 2012, a presente análise está fundamentada em pesquisa (CNPq / PROPEG/UERN) e (CNPq/PROPESQ/UFRN) com revisão de literatura, análise?documental (planos, licenças, e relatórios), incluindo dados de relatos, visita técnica e reuniões realizadas em campo. Conclui-se que as dimensões infraestruturais da expansão desenvolvimentista se distanciam das garantias de justiça socioambiental, considerando questões de governança, em termos de participação efetiva, dos termos de especial, consentimento prévio, livre e informado, a ausência de critérios locacionais e compensações mínimas. Observa-se ainda, a fragilidade da legislação de unidades de conservação e proteção de modos de vida tradicionais. Os achados indicam que a “vocação” do território para energias renováveis tem agravado os impactos socioambientais historicamente marcantes na região, tais como: supressão de grandes áreas da Caatinga, conflitos fundiários e pressão sobre usos socioeconômicos tradicionais da água e do solo, além da ameaça à reprodução social de assentamentos rurais e da Comunidade Quilombola Bela Vista Piató.
Allyson Iquesac Santos de Brito – Mestre - PPGHC/UFRN
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Bianca Ferreira do Nascimento – Mestra - PPGHC-UFRN
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira – Doutoranda - PPGH-UFRN
Durval Muniz de Albuquerque Junior – UFRN
Eduardo Cristiano Hass da Silva - UFRN
Franciely de Lucena Medeiros – Doutoranda - PPGH-UFRN
Francisca Araujo Saraiva – Mestranda - PPGHC/UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire – Mestre - PPGHC-UFRN
Helder Alexandre Medeiros Macedo – UFRN
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestre - PPGHC-UFRN
Jessica Éveny Cardoso Martins – Mestranda - PPGHC-UFRN
Jovelina Silva Santos - UERN
Juciene Batista Félix Andrade – UFRN
Karollainy Kannya Dias de Medeiros – Mestranda - PPGHC/UFRN
Laisa Fernanda Santos de Farias - Doutora - UFRN
Laíse Vitória de Figueredo Souza – Mestranda– PPGHC-UFRN
Leandro Vieira Cavalcante – UFRN
Luan de Sousa Batista - Mestrando - PPGHC/UFRN
Luana Barros de Azevedo – Doutoranda – PPGH-UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Joedna Rodrigues Marques – Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Maroni Lopes - UFRN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula (MEMA) - Câmara Municipal de Currais Novos (CMCN)
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN
Tatiane Medeiros Alves – Mestranda - PPGHC/UFRN
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando - PPGHC - UFRN
Vitoria Maria Targino Filgueiras – Mestra - PPGHC-UFRN
Anais da VIII Jornada Nacional de História dos Sertões - O sertão e o mundo: interculturalidades ISBN 978-65-985933-5-3 Caicó - RN - 04 a 07 de novembro de 2025 Realização Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo Caicó-RN – CEP 59300-000 E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br Organizadores Helder Alexandre Medeiros de Macedo Joel Carlos de Souza Andrade Francisca Araújo Saraiva Gabriely késia de Oliveira Lôa Ismara Morais da Silva Karollainy Kennya Dias de Medeiros Leidiane Francelina Batista Luana Beatriz de Assis Ferreira Paula Roberta Maia de Oliveira Rian Felipe Dutra Diniz Tatiane Medeiros Alves Identidade visual Inspirada na xilogravura “Juazeiro”, do mestre Gustavo Borges, de Bezerros-PE (@xilo_gustavoborges).