Abrindo porteiras e ocupando a terra: a chegada do MST no Vale do Açu.

  • Autor
  • Maria Eduarda Leandro Santos
  • Co-autores
  • Jovelina Silva Santos
  • Resumo
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    As lutas dos camponeses por terra, trabalho e moradia têm longa data, e suas raízes fincam-se no período da colonização, quando homens livres e pobres cultivavam suas roças às margens das grandes fazendas. A independência do Brasil não trouxe melhorias para as milhares de famílias agricultoras que permaneceram sob o jugo dos senhores de terra. O país chegou ao século XX sem resolver os graves problemas agrários, marcados pela presença do latifúndio improdutivo, pela proliferação de minifúndios e pela existência de amplas massas de trabalhadores rurais despossuídos. Os conflitos no campo eclodiram em diversas regiões do país, e a luta pela reforma agrária ganhou novo fôlego na década de 1950, quando agricultores pobres assumiram o protagonismo político do processo por meio da organização das Ligas Camponesas. O golpe militar de 1964 impôs grandes retrocessos a essas lutas, intensificando a repressão e a perseguição no campo. O surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em 1984, trouxe novos rumos à luta pela terra. O movimento chegou ao Rio Grande do Norte, pelo Vale do Açu, em 1989, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Rafael. É importante destacar que os camponeses de São Rafael vivenciavam um momento de forte opressão econômica, social e política, em razão da expropriação e expulsão de suas terras para a construção da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves (1970–1983). Esta pesquisa encontra-se em andamento e está vinculada ao Projeto PIBIC (CNPq/PROPEG/UERN). O objetivo é compreender a dinâmica do MST no Vale do Açu e as perdas e ganhos decorrentes dessa primeira experiência do movimento em um contexto de reestruturação agrária e agrícola na região, impulsionada pelos interesses de grandes empresas do agronegócio. Para a realização da pesquisa, dialogamos com estudiosos de diversos campos do saber, analisamos documentos oficiais, fontes hemerográficas e relatos orais. Levantamos a hipótese de que, embora as condições políticas e sociais do campesinato na região favorecessem o processo de ocupação de terras para fins de reforma agrária, o latifúndio tradicional ganhou força e apoio de grandes empresas interessadas em apropriar-se das terras do Vale do Açu. Ampliando o foco, observa-se a ação do Estado alinhada aos setores da modernização agrícola excludente, estabelecendo barreiras à consolidação do MST nessa primeira investida.

     

  • Palavras-chave
  • MST, camponeses, Vale do Açu, terra de trabalho, terra de moradia.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Encontro de Saberes 7 - Terra, Água e Território: Conflitos e Resistências no Sertão Semiárido
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  • Encontro de Saberes 1 - Pelas veredas do Brasil interior: memórias, experiências e sujeitos nos sertões do século XX
  • Encontro de Saberes 2 - Relações de poder, práticas políticas e imprensa
  • Encontro de Saberes 3 – Sertões, educação, saúde e processos de interiorização
  • Encontro de Saberes 4 – História indígena e ensino de História
  • Encontro de Saberes 5 - História da família, das mestiçagens e da escravidão em espaços sertanejos
  • Encontro de Saberes 6 - Sertões folclóricos: saberes, práticas e representações do espaço sertanejo a partir do discurso regionalista
  • Encontro de Saberes 7 - Terra, Água e Território: Conflitos e Resistências no Sertão Semiárido
  • Encontro de Saberes 8 – História, Turismo e Patrimônio Cultural: memórias e narrativas dos/sobre os Sertões
  • Encontro de Saberes 9 – O sagrado em movimento: espaços, devoções e experiências religiosas
  • Encontro de Saberes 10 - Mulheres, crimes e violência: olhares para o corpo feminino sob a esfera judicial
  • Encontro de Saberes 11 – História, gênero e sertões
  • Encontro de Saberes 12 - A Invenção do Sertão em Mídias Digitais e Telas: Discursos e Identidades Contemporâneas
  • Encontro de Saberes 13 - Contribuições dos Arquivos Digitais às Investigações em História da Educação, História da Matemática e História da Educação Matemática

Allyson Iquesac Santos de Brito – Mestre - PPGHC/UFRN
Ane Luíse Silva Mecenas Santos - UFRN
Bianca Ferreira do Nascimento – Mestra - PPGHC-UFRN
Claúdia Cristina do Lago Borges - UFPB
Cleidiane de Araújo Oliveira – Doutoranda - PPGH-UFRN
Durval Muniz de Albuquerque Junior – UFRN
Eduardo Cristiano Hass da Silva - UFRN
Franciely de Lucena Medeiros – Doutoranda - PPGH-UFRN
Francisca Araujo Saraiva – Mestranda - PPGHC/UFRN
Francisco Firmino Sales Neto - UFCG
Gabriel da Silva Freire – Mestre - PPGHC-UFRN
Helder Alexandre Medeiros Macedo – UFRN
Jailma Maria de Lima - UFRN
Jardel Bezerra Araújo da Silva - Mestre - PPGHC-UFRN
Jessica Éveny Cardoso Martins – Mestranda - PPGHC-UFRN
Jovelina Silva Santos - UERN
Juciene Batista Félix Andrade – UFRN
Karollainy Kannya Dias de Medeiros – Mestranda - PPGHC/UFRN
Laisa Fernanda Santos de Farias - Doutora - UFRN
Laíse Vitória de Figueredo Souza – Mestranda– PPGHC-UFRN
Leandro Vieira Cavalcante – UFRN
Luan de Sousa Batista - Mestrando - PPGHC/UFRN
Luana Barros de Azevedo – Doutoranda – PPGH-UFRN
Maria Alda Jana Dantas de Medeiros - Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Joedna Rodrigues Marques – Doutoranda - PPGH-UFRN
Maria Maroni Lopes - UFRN
Matheus Barbosa Santos - Memorial Mateus de Medeiros Lula (MEMA) - Câmara Municipal de Currais Novos (CMCN)
Sarah Campelo Cruz Gois - IFRN
Tatiane Medeiros Alves – Mestranda - PPGHC/UFRN
Vitor Vinicius Rodrigues Bezerra - Mestrando - PPGHC - UFRN
Vitoria Maria Targino Filgueiras – Mestra - PPGHC-UFRN
Anais da VIII Jornada Nacional de História dos Sertões - O sertão e o mundo: interculturalidades
ISBN 978-65-985933-5-3
Caicó - RN - 04 a 07 de novembro de 2025

Realização
Programa de Pós-Graduação em História do CERES (PPGHC-UFRN)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/Campus de Caicó
Prédio das Pós-Graduações – Rua Joaquim Gregório, sn, Penedo
Caicó-RN – CEP 59300-000
E-mail: sertoes@ceres.ufrn.br 

Organizadores
Helder Alexandre Medeiros de Macedo
Joel Carlos de Souza Andrade
Francisca Araújo Saraiva
Gabriely késia de Oliveira Lôa
Ismara Morais da Silva
Karollainy Kennya Dias de Medeiros
Leidiane Francelina Batista
Luana Beatriz de Assis Ferreira
Paula Roberta Maia de Oliveira
Rian Felipe Dutra Diniz
Tatiane Medeiros Alves

Identidade visual
Inspirada na xilogravura “Juazeiro”, do mestre Gustavo Borges, de Bezerros-PE (@xilo_gustavoborges).