Mulheres sertanejas: a desconstrução do patriarcado na liderança exercida por Tereza Maria de Conceição Filha, na Comunidade Quilombola Negros do Riacho, em Currais Novos/RN, no Século XX

Mulheres sertanejas: a desconstrução do patriarcado na liderança exercida por Tereza Maria de Conceição Filha, na Comunidade Quilombola Negros do Riacho, em Currais Novos/RN, no Século XX

• Autor
• Dayanne Santos Tavares
• Resumo

• Buscando problematizar a construção da identidade feminina em comunidades tradicionais, a proposta de pesquisa pretende compreender de qual modo estruturou-se a construção da identidade feminina na Comunidade Quilombola "Negros do Riacho", em Currais Novos (RN) no século XX. Nossa metodologia consiste na análise dos dados relacionados às vivências, práticas culturais e resistências dessas mulheres. A pesquisa se justifica pela necessidade de compreender o papel central das mulheres quilombolas na preservação da cultura, na resistência cotidiana e na afirmação de suas identidades, sobretudo em contextos historicamente marcados por desigualdades sociais, racismo estrutural e invisibilidade institucional. As fontes incluem entrevistas semiestruturadas com mulheres quilombolas, observações participantes em eventos comunitários e celebrações religiosas, além do uso de materiais audiovisuais, como entrevistas antigas gravadas com o apoio de uma TV Local. Com base nesse panorama, propõe-se um diálogo com autores que abordam a relação entre identidade e memória coletiva, como Michel Pollak (1992), cuja reflexão sobre os processos identitários ressalta a importância das narrativas compartilhadas e das representações sociais para a formação da identidade de grupos historicamente oprimidos. Quando se trata do sertão potiguar, é importante romper com a imagem cristalizada de um território estéril e homogêneo. A obra de Durval Muniz de Albuquerque Júnior (2019) é essencial nesse debate, ao propor que o sertão foi historicamente inventado como espaço do atraso, da seca e da subalternidade, servindo como contraponto à imagem idealizada do litoral. A trajetória de Tereza será tratada como eixo central da pesquisa, funcionando como ponte entre a vivência pessoal e a memória coletiva do sertão. A abordagem metodológica será qualitativa, com uso da análise temática para interpretação das entrevistas e observações de campo (Minayo, 2014). Como aporte fonte metodológica será utilizada a história oral que permite acessar memórias silenciadas e valorizar a experiência de sujeitos historicamente marginalizados. A combinação de fontes será entre narrativas orais, documentos oficiais e registros audiovisuais antigos permitirá construir um panorama rico e profundo da identidade feminina quilombola. O nome de Tereza Maria de Conceição Filha é a expressão da resistência quilombola no sertão. Ao narrar sua história, a pesquisa pretende não apenas compreender a formação da identidade coletiva feminina na comunidade, mas também valorizar o protagonismo das mulheres negras sertanejas como agentes de transformação social, rompendo com os estigmas que historicamente marginalizaram suas existências. Tereza representa o que Sueli Carneiro (2011) denomina como “mulher negra insurgente”, aquela que, mesmo sem acesso a estruturas formais de poder, transforma sua realidade por meio da liderança, da sabedoria coletiva e do compromisso com o bem comum.

   

• Palavras-chave
• Identidade feminina, Quilombola, Resistência, Gênero, Comunidade tradicional, Sertão
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Encontro de Saberes 11 – História, gênero e sertões

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