“Política que degrada e infelicita a Paraíba”: Representações e disputas narrativas da Chacina da Praça da Bandeira no jornal Diário da Manhã (1950).

“Política que degrada e infelicita a Paraíba”: Representações e disputas narrativas da Chacina da Praça da Bandeira no jornal Diário da Manhã (1950).

• Autor
• Larissa Alves de Souza
• Resumo

• O presente trabalho tem como objetivo analisar as informações veiculadas pelo jornal pernambucano Diário da Manhã acerca da chamada “Chacina da Praça da Bandeira”, ocorrida em Campina Grande no ano de 1950. Considerando o contexto nacional e regional do período, marcado pela reestruturação eleitoral pós-Estado Novo e pelas disputas em torno das eleições estaduais e presidenciais, compreende-se que o acontecimento transcendeu o âmbito policial, configurando-se como um campo simbólico de disputa representativa dentro da campanha política. Nesse cenário, a imprensa exerceu papel decisivo na construção de narrativas, na definição de culpados e vítimas e na influência sobre os rumos do pleito ao final daquele ano. Portanto, foram utilizadas como fontes primárias as edições do Diário da Manhã publicadas entre julho e outubro de 1950, articuladas com bibliografias que abordam o uso da imprensa como objeto metodológico, e com textos de estudos regionais sobre a conjuntura política paraibana durante a campanha governamental. Conforme argumenta Tania Regina de Luca, os periódicos não são meros espelhos da realidade, mas agentes que intervêm na vida social, política e cultural, sendo, portanto, fundamentais para compreender a imprensa como produtora de sentidos e memória. Assim, o jornal é interpretado não como simples reprodutor de fatos, mas como sujeito histórico, capaz de influenciar percepções e alimentar disputas simbólicas que são representantes do posicionamento editorial do próprio periódico. Josué Sylvestre destaca que o evento evidenciou a atmosfera de violência e tensão política que marcava o período, em que manifestações eleitorais se convertiam em espaços de conflito, desordem e medo coletivo. Essa dimensão foi amplamente explorada pelos jornais que, ao denunciarem o descaso das autoridades e enfatizarem as rivalidades partidárias, transformaram o episódio em espetáculo político e instrumento de persuasão. Dessa forma, percebe-se a noção de construção que o Diário da Manhã  teve nas representações sobre o episódio, quais discursos presentes nesse acontecimento dialogam com o processo de redemocratização e com as reconfigurações do poder no Nordeste brasileiro durante a década de 1950.

• Palavras-chave
• Imprensa, Campanha, Diário da Manhã
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Encontro de Saberes 2 - Relações de poder, práticas políticas e imprensa

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