História Indígena no/do Rio Grande do Norte: desafios ao ensino de História

História Indígena no/do Rio Grande do Norte: desafios ao ensino de História

• Autor
• Andreza de Oliveira Andrade
• Resumo

• O processo de apagamento das memórias, das histórias e das resistências indígenas no Rio Grande do Norte constitui um dos muitos passados em aberto que mantêm feridas ainda pulsantes no presente. Durante longo tempo, consolidou-se uma cultura histórica segundo a qual as populações indígenas teriam sido completamente exterminadas no Estado desde, pelo menos, o século XIX (ANDRADE, 2023). Tal narrativa não se restringiu ao domínio acadêmico e está intimamente vinculada a um projeto político e ideológico de branqueamento da população e de apagamento das memórias históricas dos povos originários e das populações negras escravizadas. Diante desse cenário, impõe-se ao ensino de História o desafio de contribuir para o desenvolvimento de uma nova cultura histórica no Rio Grande do Norte — uma cultura que reconheça, valorize e torne inteligível a continuidade histórica e a diversidade das populações indígenas locais. É nesse sentido que temos orientado o desenvolvimento de trabalhos e reflexões no âmbito do PIBID – História, de maneira que possamos aproximar graduandos/as das licenciaturas e das escolas da presença e da diversidade das populações indígenas do Rio Grande do Norte. Desenvolvendo um letramento histórico que se desafia a promover práticas pedagógicas que desestabilizem narrativas coloniais e eurocentradas, estimulando a reflexão crítica sobre o passado e o presente das relações étnico-raciais no Estado.

  O presente artigo propõe-se, nesse sentido, a compreender o processo de apagamento e silenciamento das populações indígenas potiguares, articulando-o com a história do tempo presente e com os desafios epistemológicos e políticos que se colocam à pesquisa e ao ensino de História. A atuação social das comunidades indígenas — em especial das mulheres, cuja presença se destaca na luta política e na organização comunitária — exige da historiografia e da educação histórica um reposicionamento de suas práticas e fundamentos.

  A partir de entrevistas realizadas no âmbito de minha pesquisa de doutoramento, o trabalho recorre à história oral como instrumento de escuta e de reconstrução das memórias indígenas, convidando quem lê a reconhecer a tessitura histórica da resistência desses povos no território potiguar. Essa resistência, além de reivindicar uma releitura do passado, agencia o presente por meio da produção intelectual de pessoas indígenas e de sua crescente inserção nos espaços institucionais de produção de conhecimento, como a universidade. Contudo, tal movimento não se limita ao âmbito acadêmico: manifesta-se também na luta por uma educação escolar indígena diferenciada, conduzida por membros das próprias comunidades e sustentada pelo Estado.

• Palavras-chave
• História Indígena, cultura histórica, ensino de história, povos indígenas do Rio Grande do Norte, oralidade, PIBID
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Encontro de Saberes 4 – História indígena e ensino de História

Voltar