Entre o Seridó e o mundo: os diários de Donatilla Dantas como espaço de mediação e interculturalidade (1946-1993)

Entre o Seridó e o mundo: os diários de Donatilla Dantas como espaço de mediação e interculturalidade (1946-1993)

• Autor
• Lorena Martins Araújo
• Resumo

• A presente pesquisa tem como objetivo investigar o processo de construção da trajetória intelectual de Donatilla Dantas, natural de Carnaúba dos Dantas, Rio Grande do Norte, compreendendo-a enquanto uma intelectual mediadora que atua na intersecção entre o sertão e o mundo. Busca-se analisar como, por meio da escrita de si, Donatilla constrói pontes simbólicas entre experiências locais e universos culturais mais amplos, revelando um movimento de circulação de saberes, identidades e sensibilidades. As fontes da pesquisa concentram-se  nos onze diários produzidos entre 1946 e 1993. Esses registros ultrapassam a dimensão íntima e configuram-se como espaços de diálogo entre a subjetividade e a história coletiva, na medida em que a autora narra acontecimentos de grande relevância nacional, como o golpe civil-militar de 1964, a partir de seu olhar situado no sertão de sua origem.A metodologia adotada ancora-se na análise qualitativa e interpretativa dos diários, compreendidos como práticas de escrita de si e de produção de subjetividade, em diálogo com os conceitos de intelectual, intelectual mediador, representação, apropriação, circulação, sertão e escrita de si. Fundamentada em perspectivas da história cultural e das sensibilidades,, a pesquisa busca compreender como sujeitos ordinários constroem-se como intelectuais e participam das dinâmicas interculturais do mundo social.Os resultados preliminares da pesquisa apontam que Donatilla Dantas se construiu como mediadora cultural e social, buscando criar representações de si e do sertão seridoense em contextos mais amplos, ao mesmo tempo em que incorporava elementos de outras realidades, como a de Brasília, onde viveu parte de sua vida e ingressou no serviço público federal. Em sua escrita, identidades como a de seridoense e a de candanga coexistem e se tensionam, produzindo uma narrativa que evidencia o diálogo entre o local e o global, regional e nacional, o íntimo e o histórico. Nas considerações finais, a pesquisa evidencia que a escrita de Donatilla Dantas constitui uma prática intercultural de mediação simbólica, na qual o sertão se torna espaço de enunciação e de produção de sentidos sobre o mundo. Sua trajetória demonstra que a experiência sertaneja não está confinada à marginalidade, mas participa ativamente da construção das memórias e dos imaginários nacionais.

• Palavras-chave
• Sertão, Intelectual, Mediação, diários, representações.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Encontro de Saberes 1 - Pelas veredas do Brasil interior: memórias, experiências e sujeitos nos sertões do século XX

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